França, Paris — Maio, 2017 às 17:30.
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— Vamos lá, Emily! Você me prometeu que nós iríamos nos divertir quando chegássemos.
— Mas que inferno, Paige. Eu te disse isso sim, mas acabamos de chegar de viagem, quero descansar e você está aí parecendo uma criancinha birrenta! — gritei irritada.
Silêncio.
Okay, talvez eu tenha exagerado um pouco com Paige.
— Tudo bem, eu entendo. Eu vou sair para comprar algo pra comer.
— Paige, me desculpe. Eu não queria gritar com você desse jeito... Eu...
— Não, Emily, tá tudo bem. Eu só queria te tirar um pouco dessa bolha que você se colocou, mas já que prefere assim, pode ficar nela.
— Paige, por favor! Me perdoe, você sabe que está sendo difícil pra mim, mas esse não foi o motivo do grito. Eu realmente estou cansada.
Ela não diz mais nada, simplesmente sai. Tiro minha mala de cima da cama e a jogo em qualquer canto do quarto. Me deito na cama e alí mesmo apago por horas.
Sinto um vento gelado percorrer dentro do quarto e logo me abraço na tentativa falha de me esquentar. Acordo um pouco atordoada e tremendo de frio e corro para fechar a janela. Passo o olho pelo quarto e nada, nenhum sinal da Paige. Pego meu celular e checo as horas: 20:00 em ponto.
Eu realmente estou preocupada. Paige não apareceu já fazem mais de duas horas e está de noite. Não conhecemos a cidade ainda e ela resolve sumir, ah, mas que ótimo!
Vou até o banheiro que fica no quarto do hotel em que estamos e tomo um banho rápido. Visto uma calça preta, uma blusa qualquer e um casado grosso. Esse lugar não é muito para brincadeira quando o assunto é frio. Recorro às minhas botas de couro e enfim estou pronta.
Quando estou saindo de casa, me dou conta de que Paige deixou seu celular em casa.
— Ótimo, Paige! Maravilhoso! — falo sozinha apontando as duas mãos para o céu.
Saio do quarto e vou até o elevador esperando-o chegar. Demora, mas chega. Quando as portas se abrem um rapaz se mostra ao fundo. Uau, ele realmente é bem bonito. Entro e ele me dá um pequeno sorriso, e eu retribuo. Não trocamos nenhuma palavra.
Quando o elevador para, eu saio e ele vem em seguida.
— Olá... É... Hum... Me desculpe ser inconveniente, mas te achei muito bonita. — ele fala, segurando levemente em meu braço.
— Oh, muito obrigada. — agradeço tímida.
— Sendo mais inconveniente ainda. — ele ri, nervoso. — Será que posso te pagar um café qualquer dia desses?
— Okay, você foi bem inconveniente agora. — rimos. — Mas aceito seu convite.
— Você está livre amanhã às oito?
— Acredito que sim. Combinado então?
— Combinado. — ele abre um lindo sorriso. Caramba... O sorriso dele é demais.
Me despeço dele com um simples tchau e vou em direção a saída do hotel, mas ouvi sua voz me chamando e paro.
— Ei, como vou pagar o café de uma pessoa que nem sei o nome? — ele me pergunta em tom de brincadeira e eu dou risada me lembrando que esqueci completamente de perguntar seu nome.
— Emily, me chamo Emily Jones. E você?
— Jean Benoit.
Sorrio e me despeço mais uma vez. Vou em busca de Paige, e, sinceramente, não sei nem por onde começar. Vou entrando nos estabelecimentos por alí abertos e nada. Pergunto a algumas pessoas se viram uma mulher ruiva e alta por alí, e ninguém havia visto. É agora que eu surto e vou na polícia?
Continuo andando pelas ruas e ouvi uma voz em minha direção.
— Seu pai é pintor? Porque ele fez uma obra de arte.
Olho na direção da voz desconhecida e meus olhos vão direto a um rapaz com uma enorme tela em sua frente e sua roupa cheia de tinta. Arqueio uma sobrancelha ao ver sua cara se safado que me dá certa raiva.
— Desculpe, o que disse? — pergunto com repulsa.
— Não gostou da minha cantada, senhorita? — retrucou.
— Aquilo foi uma cantada?
— Oh, claro. Me desculpe, apenas queria lhe dizer que te achei uma ótima modelo para quadros.
— Como assim? — mas do que raios esse homem está falando? Que horror uma pintura minha exposta pra todos tomarem um susto quando verem. — Acho que você está enxergando errado. — ri sozinha.
— Não se acha bonita, huh? — ele pergunta se levantando do banquinho em que estava sentado e dando um pulo até mim.
— Não muito. Mas... Bem... Obrigada pelo elogio. — sorri tímida. Não acredito que estou vermelha, que ódio!
— Não falei nada demais, apenas o que acho. — deu um pequeno sorriso. Ele era encantador. Seus cabelos loiros e seus olhos cor de mel, nossa! — Posso saber seu nome?
— Emily. Emily Jones. E você? — estendi minha mão.
— Justin Bieber. — ele pegou minha mão e ergueu até seus lábios depositando um beijo nela. — O melhor pintor de Paris a seu dispôr. —ele disse tentando parecer sexy e eu ri alto.
— É assim com todas? — perguntei ainda rindo.
— Somente com as mais belas. — ele respondeu rindo também. — Então, o que uma moça tão bonita faz andando sozinha por aí há essas horas da noite?
— Estou procurando pela minha amiga. Por acaso você a viu? Ela é ruiva, alta, com algumas sardas no rosto.
— Bem, sinto muito mas não a vi. — ele parou um pouco, pensativo. — Posso te pedir um favor? Sei que acabamos de nos conhecer, e não queria parecer inconveniente...
— Tudo bem, pode pedir.
— Posso fazer uma pintura sua?
— Uma pintura minha? — oh, isso realmente me surpreendeu, mas por que não? — Claro!
— Então, sente-se aí. — ele apontou para uma cadeira.
Fui até a cadeira e me sentei. Cruzei as pernas e coloquei as mãos sobre minha coxa olhando diretamente para Justin.
— Você pinta desde quando? — perguntei tentando não me mover muito.
— Desde que me conheço por gente. — riu. — Sempre gostei de pinturas, arte e essas coisas. Mas isso veio a ser uma profissão a uns seis meses atrás.
— E o que te levou a pintar nas ruas de Paris? Porque, tipo, você poderia fazer uma faculdade arte. — perguntei intrigada.
— Acontece, Emily, é que nem todos tem oportunidades. Vim pintar nas ruas por causa da minha mãe. Ela tem câncer, e o salário que recebe não dá para sustentar eu e meus irmãos. — notei sua voz falhar. Nesse momento me senti culpada por tocar nesse assunto.
— Me desculpe, eu realmente não queria te deixar mal.
— Não, está tudo bem. — deu um pequeno sorriso. — Agora não se mexa muito para eu não errar.
Fiquei alí por mais alguns minutos, até que finalmente ele disse que eu poderia me levantar.
— Aqui está. — ele virou o cavalete em minha direção.
— Justin, está simplesmente maravilhoso! — disse sincera. Seus traços eram maravilhosos e surreais. — Você tem muito talento. Parabéns.
— A modelo que é bonita demais. — dei uma risada sem graça. — Okay, eu vou parar de te deixar envergonhada.
— Agora eu tenho que ir. Está tarde e talvez minha amiga já tenha chegado em casa.
— Oh, tudo bem. Obrigada por ser minha modelo essa noite, vou guardar esse quadro muito bem. Nos vemos por aí?
— Sim, nos vemos por aí. — sorri em sua direção e bati a mão me despedindo.
Cheguei ao meu quarto e encontrei Paige deitada em sua cama em um sono profundo. Não a acordei, apenas tomei um banho e coloquei um pijama de frio. Deitei em minha cama e deixei para tirar satisfações com Paige amanhã.
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Peinture de l'amour
RomanceOnde Justin Bieber é um pintor nas ruas de Paris e Emily sua musa inspiradora.