we're three

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Min Yoongi era um verdadeiro devoto da teoria de que o cosmos foi criado de maneira aleatória.

Talvez por isso fosse tão cético em relação a tudo a sua volta, e tinha quase certeza que esse era o motivo do interesse desenfreado que nutria por física.

Sim, física. Aquela matéria do demônio que todo mundo reclama que não entende nada, aquela da qual 60% dos alunos do ensino médio ficam de recuperação pelo menos duas vezes.

É, Min Yoongi nunca tirou menos que 9,5 em física.

Muita gente considerava o baixinho um gênio, ele próprio incluso. Yoongi era, de fato, muito inteligente.

Desde criança fazia demasiadas perguntas para sua mãe, professora de Línguas, e a mesma se perdia nas palavras bem articuladas do menor. Ele lia quase um livro por semana e a decoração de seu quarto era baseada na Via Láctea, com bolinhas de isopor pintadas por ele mesmo. Aos dezesseis anos, já estava muito à frente de seus colegas de classe e até tinha virado tutor em algumas matérias de exatas.

Enquanto todos os seus parceiros de debate estavam se gladiando para descobrir qual seria a faculdade perfeita para si mesmos, Yoongi estava sentado lixando as unhas, pensando nas fórmulas de cinemática. Ninguém ousava perguntar para ele qual seria a carreira que desejava seguir. Quero ser físico, durh!, ele responderia, logo em seguida rolando os olhos.

Yoongi tinha todo o conhecimento que necessitava para formular respostas sobre qualquer assunto que viesse à tona, até os mais abstratos possíveis, como amor.

Sabia que o sentimento era dividido em estágios e que cada um era orquestrado por substâncias químicas, neurotransmissores no cérebro. A ligação que sentimos com as pessoas quando fazemos sexo, por exemplo, não era espiritual coisíssima nenhuma. Era só a oxitocina liberada no orgasmo fazendo seu trabalho diário. As borboletas no estomago eram só um bando de hormônios, talvez até um tanto desnecessários, que nos enganavam e nos obrigavam a pensar que fazia tudo parte de um sistema muito maior. Destino, gostariam de dizer.

Mas não, apesar de tudo, Yoongi não estava morto por dentro. Tinha sim um namorado, muito lindo por sinal, que fazia com que os pelos da nuca dele se eriçassem sem motivo aparente. Secretamente, Yoongi questionava tudo que acreditava quando Taehyung sorria para si, fazendo sua pele borbulhar e as bochechas ficarem pintadas de um rosa bem vivo.

Yoongi nunca fora um cara de muitas dúvidas, então quando o professor da faculdade começou a comentar sobre o famigerado TCC, ele já tinha plena certeza de qual seria o assunto.

Desde o colegial, bons anos atrás, o tema favorito de Yoongi eram os buracos de minhoca. Por isso, deu um jeitinho de fazer com que o trabalho de conclusão de curso tivesse haver com as Pontes de Einstein-Rosen e o Eterno Retorno de Nitzsche, física misturado com um tantinho de filosofia, matéria essa que nunca tinha passado despercebida nas madrugadas de estudo do garoto.

É, não foi exatamente um tema fácil. Era abstrato demais mas ele simplesmente amava aquilo tudo.

Nitzsche estabeleceu em suas teorias um mundo dualista, onde os polos, na verdade não são opostos, e sim complementares de uma mesma realidade.

Bem e mal.

Branco e preto.

Entrada e saída.

E isso tinha conexão com o experimento de Einstein e Rosen porque o tempo, para os pensadores, não era cíclico. Eles acreditavam que os fatos ocorriam de maneira em que sua alternância nunca findava, sendo eternos e se repetindo milhões de vezes.

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