Era para ser um dia normal e chato como todos os outros. Como eu disse: Era.
Tudo começou quando eu estava voltando para casa com Phil, depois de uma ida à lanchonete de seu pai em comemoração ao fim das aulas e ao fato de eu não ter sido "convidada a me retirar" da escola esse ano.
Imagine que você está andando normalmente pelas tumultuadas avenidas de Nova York e de repente, começa a ter a estranha sensação de estar sendo observada.
Foi exatamente isso o que me aconteceu.
Observei as pessoas ao meu redor e apenas uma me chamou atenção: uma mulher bem alta, e quando eu falo alta não estou querendo dizer um metro e setenta e sim dois metros e meio de altura que não parava de me encarar, havia algo de estranho nela, não conseguia olhar fixamente em seus olhos. Contei aquilo para Phil e a sua reação foi muito estranha, ele a encarou depois virou para mim e gritou:
- Corre!
Nem me deu chance de responder e já saiu correndo e me levando junto. Dei uma olhada para trás e a mulher estranha tinha sumido.
Corremos, entramos em becos, derrubei umas três lixeiras mas ela conseguiu nos encurralar e, já nervosa, suando, apertando, ou melhor, esmagando a mão de Phil eu perguntei:
- Perdeu alguma coisa, senhora?
Ela deu uma gargalhada sinistra e respondeu ignorando completamente o sentido da minha pergunta:
- Sou Mama Bester e vou matá-los! Dois semideuses dando sopa pelas avenidas? Ótimo para o almoço!
- Semi o quê?
Me virei para Phil e peguei um susto quando vi uma espada de bronze em sua mão
- Mas que p...?
Então ele atacou a senhora estranha desferindo golpes impressionantes com a lâmina, até que ela deu-lhe uma pancada fazendo-o ir direto para a caçamba de lixo:
- Luna, pegue seu colar e ative sua espada!
Meu colar? Virar uma espada? Ele só poderia estar brincando comigo!
- Phil, você fumou o que?
- Depois lhe explico, agora ative seu colar!
Peguei meu colar e involuntariamente sussurrei em grego antigo:
- Energopoiíste.
Ativar
Como fiz aquilo? Não faço a mínima ideia. Instinto talvez.
Então uma espada cresceu em minha mão: quarenta e cinco centímetros, metade ouro e metade bronze, bem afiada e com um sol desenhado em seu cabo de couro. Se encaixava perfeitamente em minha mão, nem muito leve e nem tão pesada. O sol da tarde atingiu o meu rosto e uma onda de força cresceu dentro de mim. Sem nada melhor ou menos maluco para fazer, avanço para a Mama e finalmente vejo com clareza seus olhos, ou melhor, seu olho: grande, castanho e cheio de remelas. Nojento.
Ela me acertou bem na cabeça e com a sua força eu fiquei meio tonta. Segurei com mais força a minha mais nova espada e ela tentou me acertar de novo mas eu me esquivei e desferi um golpe com a espada, acertei bem no meio do seu joelho esquerdo desequilibrando-a (puro instinto e adrenalina, esse é o bom de ser impulsiva), Phil já havia se recuperado e a acertou por traz, bem no meio das costas. Mama Baster explodiu em uma chuva de glitter dourado e foi se dissolvendo aos poucos.
Enquanto observava, me sentia cada vez mais cansada, minha visão ficou turva e quase desmaiei, Phil me segurou e me deu uma espécie de suco, só que não tinha gosto de suco e sim do maravilhoso hambúrguer de seu pai, imediatamente minhas forças voltaram e eu pedi mais.
- Se você beber mais dessas belezuras aqui, vai entrar em combustão instantânea, e eu não gostaria de perder minha melhor amiga.- Ele respondeu e me abraçou
-Seria horrível, eu sei. Agora eu quero explicações!
Vi que ele ficou meio tenso e começou a falar:
- Sabe todos aqueles mitos gregos e romanos sobre deuses, monstros, titãs, gigantes... pois é, eles são reais, deuses existem e um deles é seu pai.— okay ele definitivamente fumou algo suspeito.
Eu fiquei em choque obviamente. Não queria acreditar naquelas coisas sobre mitologia, afinal, eram só mitos criados para explicar as ações da natureza durante as civilizações antigas. Mas aí eu lembrei das coisas estranhas que eu vejo de vez em quando e dos fatos que aconteceram comigo.
Uma vez na terceira série eu jurava que tinha visto minha professora de ciências, Sra. Mikeline virar uma vampira maluca e depois tentar me matar, consegui enfiar um pedaço de tábua em seu peito e no dia seguinte era como se nada tivesse acontecido. Claro que na época tentei me convencer que tinha sido loucura e que eu só tinha tido um pesadelo ou algo do tipo, agora to na dúvida. Também as vezes eu vejo uma coisa, então aparece uma neblina e a mesma desaparece. Então uma tia de dois metros e meio de altura com um olho só tenta me matar, falo em grego antigo, meu colar, a única coisa que eu tenha do meu pai, vira uma espada e meu melhor amigo me vem com essa história de que meu pai é um deus.
Nós nos encaramos durante um tempo e ficamos em um silêncio desconfortável, até eu quebrar o gelo.
- Maneiro!- digo animada
- O quê?- ele respondeu em em choque
- Minha vida é muito chata. Essa baboseira de deuses parece tentadora pra mudar isso.
- Você é louca!- falou rindo
- Ué- ri também
- Vem,vamos passar na sua casa para pegar alguns pertences e avisar a sua avó que já chegou a hora.
- Hora de quê?- indaguei
- De te levar para um lugar seguro.
_______________________
Oieee, espero que estejam gostando!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Luna Archie- A descoberta
General FictionLuna Archie é uma garota nova-iorquina de 15 anos que tem uma vida complicada. A mãe tinha problemas com bebidas e morreu a alguns anos , o pai nunca mostrou as caras, ela sofria de TDAH e dislexia, vivia sendo expulsa das escolas e toda vez que che...