Entre Cortes e Pedidos (Atendidos) de Ajuda

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Último capítulo a ser postado no ano, e também o maior a ser postado até agora. Espero que gostem! :) 

Frank estava com o coração partido. Não no sentido romântico, é claro, afinal o laço que tinha com Alice não poderia estar melhor, mas... no geral. Ele não sairia do lado de Lily até que ela melhorasse, mas o que faria quando esta não estava no caminho para tal? O Longbottom fazia tudo que era possível, mas a melhor amiga parecia estar indo cada vez mais para baixo.

Lily ingeria cada vez mais álcool, e nem mesmo parecia se importar com o gosto — era mais uma tentativa de esquecer do que qualquer outra coisa. Por vezes, se queixava de dores na cabeça ou no estômago, e tomava porções de remédio maiores que as indicadas; seu olhar era vazio, e até mesmo os risos que dava pareciam falsos. Eram falsos. E Frank já não sabia o que fazer. Tinha dito diversas vezes que estaria ali para o que ela precisasse, mas isso não parecia deixá-la mais tranquila. O que mais diria? Que tudo ficaria bem logo? Que James chegaria logo, num cavalo branco, já consciente de tudo o que estava acontecendo, com uma espada nas mãos, já preparado para derrotar Severus? Tanto Frank quanto Lily sabiam que a vida não era um conto de fadas para que aquilo acontecesse.

Frank coloca as mãos na cabeça e massageia as têmporas. Já tinha feito tudo o que pensava ser possível para deixar a amiga melhor, mas nada parecia efetivamente funcionar. Falar sobre Alice ou memes novos que estavam viralizando na internet apenas a faziam soltar risadas fracas, que eram perceptivelmente apenas para agradar a ele; assistir a um filme apenas a fazia ficar com o olhar vazio encarando a tela da televisão ou, por vezes, chorar; não fazer nada apenas a fazia ter crises de choro e pegar alguma bebida alcoólica no armário ou na geladeira. Lily já não se alimentava direito, e ficava cada vez mais magra, além de não sair de casa nunca, por medo de se deparar com Severus na rua. Lily estava morrendo lentamente, e Frank apenas observava — se sentindo culpado e inútil, por não conseguir nem mesmo pensar em nada que pudesse ajudar a melhor amiga além do que já tinha feito e não havia funcionado.

Frank resolve ligar para Alice mais uma vez. Já tinha feito isso várias vezes, e em cada uma, havia tido uma ideia nova; dessa forma, mesmo que não funcionasse muito bem, Frank teria a certeza de que fez tudo o que tinha ao seu alcance. Além disso, se havia alguém, naquela situação, que poderia inspirar o melhor nele para ter uma ideia de algo que pudesse ajudar Lily, essa pessoa era Alice, com toda a certeza. A garota tinha uma luz própria, era gentil e criativa, e, além de tudo, sempre tirava a mente de Frank do branco, apesar do pouco tempo que se conheciam.

Depois de alguns toques, Alice finalmente atende.

— Alô?

— Alice? É o Frank. Eu preciso da sua ajuda.

[...]

Alice dirigia o carro pelas ruas úmidas de Londres, acompanhada pelas suas melhores amigas, Marlene e Dorcas. Pacientemente, Alice explicava o que Frank tinha lhe dito pelo telefone, e ditava regras do que não comentar, como uma mãe dizendo às crianças o que não fazer e dizer ao visitar uma tia doente.

— Prestem atenção, garotas! — Alice exclama, chamando a atenção das outras duas. — Não comentem sobre ela estar magra demais, ou com uma aparência ruim. Não perguntem se "ela tentou fechar as pernas", e...

Marlene revira os olhos e interrompe Alice.

— Por favor, Alice! Você acha mesmo que nós iríamos perguntar algo do tipo?! A gente sabe as coisas que obviamente não devemos comentar perto de uma mulher que foi estuprada e está com depressão!

Alice assente, sentindo uma ponta de vergonha por deduzir que alguma das duas amigas, ativistas no movimento feminista e, principalmente, pessoas boas e com cérebro, iriam comentar coisas cruéis e ridículas como aquelas.

She's Such An Actress • jilyOnde histórias criam vida. Descubra agora