Two

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A dor de perder alguém que amamos é insuportável, claro que ao longo da vida vamos ter perdas, e me dói imaginar isso, imaginar que um dia vou perder pessoas que estiveram comigo em momentos importantes, assim como dói imaginar que perdi Bradd. Hoje é a primeira vez que vou a aula após a morte de Bradd, eu fiquei três meses em casa, não conseguia sair de casa, tudo me lembra ele, a escola, o parque, o meu quarto exala o seu cheiro, até mesmo a cafeteria da esquina me lembra ele, mas eu preciso superar, claro que eu não vou o esquecer, ele sempre vai estar comigo em forma de lembranças, o jeito como me olhava, como seus olhos ficam pequenos quando sorria, como me abraçava durante a noite, e como gostava de me irritar com coisas bobas, são essas as lembranças que pretendo levar comigo, ele feliz, vou sempre guardar sua imagem, não apenas namorado, mas também como amigo.

Meu relógio marca 7:00h, levanto da cama e vou para o banheiro, tomo uma banho e faço minha higiene pessoal, me olho no espelho e me sinto triste com o que vejo, meu cabelo precisa de uma hidratação urgente, meu olhos estão fundos e eu claramente perdi peso, passo um pouco de maquiagem nas olheiras, visto uma calça jeans preta justa, uma blusa branca qualquer, meu tênis branco e meu casaco jeans, pego minha mochila e desço as escadas e encontro meus irmãos tomando café na bancada da cozinha.

Eu não falo nada, apenas tomo meu café e espero Beth terminar o seu, ela que vai me levar a escola hoje, é claro que acho tudo isso desnecessário, essa proteção, o jeito como me olham, após a morte de Brad fiquei um mês com os meus avós em um sítio no interior, foi bom, mas os pesadelos eram contantes, minha irmã fez eu ir a um psicólogo duas vezes na semana e ficava a todo instante perguntando se eu estava bem e isso me irritava as vezes, mas também entendo seu lado ela se preocupada conosco, após a morte dos nossos pais Beth assumiu toda a responsabilidade, não teve uma adolescência, com festas, saídas com os amigos ou sem preocupação, cuidou de nós, eu era muito pequena não entendia a gravidade, me sinto mal por não tratá-la bem as vezes, eu só preciso de um tempo para por a minha mente no lugar.

- Vamos angel, não quero pegar fila.- Beth falou se levantando pegando sua bolsa, e fomos para o carro, o caminho até a escola foi em silêncio, eu observa a estrada e lia as placas que passávamos, uma mania estranha que eu peguei, mas que fazia o tempo passar mais rápido.
- Pronto angel, qualquer coisa me liga que venho te buscar- falou enquanto parava o carro na frente da escola e virava para me olhar.

- Não se preocupe Beth, vou ficar bem.- Minha irmã já se preocupa muito comigo, não quero que ela largue tudo só por que eu chamei, beijei sua bochecha e sai do carro, soltei um suspiro assim que vi a enorme escola na minha frente, as memórias ficam frescas e a vontade de chorar surge, com todo o meu auto controle engoli o choro e comecei a caminhar em direção a escola, não posso ser fraca, não agora que já estou aqui.

Até o caminho dos armários recebi diversos olhares, alguém de compaixão, alguns sorrisos, outros apenas desviavam os olhos, mas o pior era o olhar de pena que algumas pessoas me lançavam, não queriam que tivessem pena, pois é como se lembrassem de nós apenas como "a garota que perdeu o namorado", eu e Brad éramos muitos mais que isso, éramos amigos, companheiros em tudo, a minha dupla de química, meu melhor amigo, quero que sejamos lembrados como o casal divertidos que éramos, quero que lembrem dele como o cara que ajudava a todos, como o amigo preocupado que ele era, como a pessoa incrível que ele era.

Nos armários encontrei alguns amigos, assim que me viram vieram me abraçar, Lea foi a primeira, Charlie como sempre veio fazendo palhaçada e me levantou, deu um beijo na bochecha e saiu, e por último foi o Matt, me puxou para um abraço de urso e beijou minha testa, ele tinha um olhar de compaixão, ele entendia minha dor, Matt desde de os 9 anos foi melhor amigo do Brad, eram como irmãos ele sabia o que eu tava sentindo, pois sentia o mesmo, e estava me apoiando. Mas apesar desse olhar ninguém falou do Brad, sequer tocaram em seu nome, Matt ficou com o braço no meu ombro e começou uma conversa animada com o restante do grupo, a temporada de futebol está perto de abrir, então é o assunto do momento.

Brad jogaria a temporada como capitão do time, o esporte para ele era a forma dele conseguir uma bolsa na faculdade, ele sempre quiz fazer fisioterapia, sonhava em ajudar as pessoas a terem recomeços em suas vidas,e o destino sacaneou, Brad não teve chance de recomeço.

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As aulas foram normais, professores vieram falar comigo, e até o diretor veio prestar condolências, disse que a escola está de portas abertas e que a psicóloga está disponível a hora que eu precisar, e eu não recusei, eu preciso de ajuda, achei que seria mais fácil depois do tempo que eu fiquei longe, mas não foi, meus amigos me distrairam o dia todo, principalmente Matt que esteve do meu lado o tempo inteiro, sou grata por ter amigos assim.

Beth me pegou na escola, estávamos no caminho de casa quando recebi uma mensagem.

Desconhecido: Não aguento te ver chorar meu anjo, tudo vai ficar bem quando estivermos juntos, vou te proteger e cuidar de você.

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⏰ Última atualização: Feb 03 ⏰

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