Janeiro de 2015
O sol brilhava à tarde naquele domingo, mas para Heloísa uma grande nuvem nebulosa tapava seus olhos, abafando seus sentimentos em um momento inquietante. A doce menina de sorrisos largos não sabia mais sorrir...
— O que está acontecendo, Helô? — Karen perguntava tentando obter uma resposta para as estranhas ações recentes da amiga. — Matt questiona isso comigo a dias, e não me diga que é fruto da imaginação dele, sou prova de que ele está certo em sua desconfiança.
— Eu vou resolver isso hoje, vai ser melhor. — A jovem garota dizia, enquanto suas pupilas dilatavam rodeadas pelas íris de cor âmbar.
— Você sabe que pode confiar em nós, te amamos tanto. E isso está o deixando tão chateado.
— É justamente isso que estou tentando evitar, Karen. Antes que seja pior. — Proferiu as últimas palavras mais para si do que para a morena ao seu lado. — E é isso que vou fazer.
Se levantou decidida do piso claro que cobria a espaçosa varanda. Ansiosa, porém, temendo o erro para que com suas ações.
— Fazer o quê? — A amiga a acompanhava com o olhar tentando compreender seus atos.
— Você saberá em breve. Espero que tudo dê certo, torça por mim! — Se virou e caminhou em direção à rua.
— Onde está indo? Me diga, por favor! —Implorou.
— Só me prometa uma coisa? — pediu Heloísa ao se virar novamente para sua confidente.
— Se tiver ao meu alcance.
— Me prometa que não irá virar as costas pra mim. — Temeu pelas consequências que poderiam surgir.
— Nunca! Você sabe que pode contar comigo para tudo.
— Era o que eu precisava ouvir. — E saiu em disparada.
A jovem garota sofria por semanas a fio, atormenta por um vazio que a consumia. Sua relação com o garoto, Matt, era saudável, os dois jovens haviam vivido momentos felizes e inesquecíveis, mas para Heloísa o conto de fadas havia terminado.
Sua mente queimava, seu estômago revirava com a idéia de dispensar o companheiro dos 2 últimos anos. Agora aos seus 18, refletia sobre sua adolescência marcada pela companhia um do outro, pelos motivos que aprendera a dizer que o amava. Não necessariamente pelo sentimento queimar dentro de si, mas por pensar que era assim o amor, sem outras experiências anteriores.
— Oh, meu Deus. Por que há de ser tão difícil chegar a uma decisão?
Indagava em voz alta enquanto remetia toda sua fé para que tudo desse certo. Seu rosto fino era tomado por lágrimas que insistiam em percorrê-lo.
As calçadas estavam se tornando menos movimentadas, o que indicava que seu destino estava próximo. E assim a rua sem fim se abriu a sua vista, trazendo consigo um arrepio que a fez tremer."É agora ou nunca." — pensou.
Apressou seus passos até a casa de coloração branca com um imenso jardim florido que a muito conhecia e apreciava, doía pensar que aquela que era como seu segundo lar certamente deixaria de ser tão acolhedora.
A garota queria conciliar de tal maneira que Matt e ela continuassem amigos, afinal, ela o amava. Apenas não tinha certeza de que era da mesma maneira que ele a via.
Enquanto seus sapatos criavam um sutil eco ao contato com o caminho de pedra envolto em grama sintética, suas mãos suavam com a proximidade à porta.
Ela pressionou o botão da campainha ainda relutante e aguardou os passos no interior do imóvel ficarem mais próximos.
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Onde Mora O Amor?
RomanceHá quem diga que um coração ferido pode-se transformar brutalmente em uma arma letal. Heloísa é apenas mais uma garota assustada com as mudanças da vida. A chegada da fase adulta traz fardos pesados consigo e a faz carregá-los sem ao menos pedir p...