Memórias

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A alguns dias eu me tranquei
A alguns dias eu me tornei uma guerra ambulante
A alguns dias eu perdi meu chão
A alguns dias eu morri...

É incrível a velocidade e a eficácia das memórias para ferir
E a eficácia da minha memória me surpreende quando menos devia
Eu me lembro de olhares
Me lembro de palavras exatas
De datas marcadas
Me lembro de momentos e as palavras ditas em cada um
Me lembro de ações feitas de acordo a ocasião
Mas não consigo me lembrar de nada que não me machuque

Não sei se minha memória é falha ou apenas quer me quebrar
Minha mente se feriu tanto com essas memórias
Que está difícil me equilibrar
E estas mesmas memórias, transformaram meu quarto, antes meu porto seguro, em uma zona de guerra psicológica
Eu não consigo entrar nele sem quase vomitar ou cair em um devaneio

Minha mente foi estilhaçada com memórias e perguntas
Memórias de tempos que nunca voltarão
E perguntas do porque esses tempos não voltarão
Pensar com racionalidade se tornou uma tarefa impossível quando tudo o que eu penso tem a ver com essas memórias
Mas o que meu quarto tem a ver? Memórias estão comigo o tempo todo...
Meu quarto é o gatilho
Minhas memórias ficam reprimidas quase o tempo todo. Mas no meu quarto, eu tenho representações físicas de que elas aconteceram, e minha mente termina o serviço me falando que não vão se repetir
Qualquer representação a respeito disso, resulta em uma catástrofe no meu âmago
Minha cabeça se tornou uma revolta de pensamentos
Parte deles querem dar um fim a tudo isso
E parte deles acredita que sou forte o bastante pra aguentar mais esse soco
Mas o que fazer quando o motivo pelo qual eu estou assim, é a mesma pessoa que me tiraria dessa situação?
Minhas memórias me machucam
Elas me torturam constantemente
Colocam uma pressão insana em cima da minha cabeça já a muito perdida em devaneios
E minhas memórias mais felizes até hoje...
Se tornam minhas maiores inimigas
A eficácia das memórias para ferir é insana...
Mas a de matar é mais...
Tento segurar minha mente em uma jaula para manter a sanidade restante...
Mas a mesma já foi tão danificada, que chegou a tornar-se o mesmo que um animal selvagem.
Quanto mais eu me forço nessa jaula...
Mais eu morro.
Mas quanto mais eu fico fora dessa jaula.
Mais eu morro
Eu me tornei o meu próprio espião duplo.
Jogando para os dois lados.
Mas dentro desse fogo cruzado.
Minha cabeça não consegue decidir um vencedor.
E assim entro em loop infinito finito desta mesma guerra...
A qual o campo de batalha é meu subconsciente.
E as armas são memórias.

Afogado Em PensamentosOnde histórias criam vida. Descubra agora