Capítulo 2 - Indicação de Setores

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Finalmente estávamos ali. Chegamos ao momento que mudaria nossas vidas para sempre. Cada um de nós, jovens que aguardavam ansiosamente a revelação de suas áreas, tínhamos um dever a cumprir.

Amélia entrou na sala e se posicionou no meio de nós. Eu suava frio, de tão nervosa que me encontrava... Mas faz parte. A mulher elegante, Embaixatriz da Embaixada da Vida, parecia muito feliz, acredito que ela fique assim a cada sessão de indicação.

- Bem vindos, meus queridos alunos! - abriu um sorriso com um olhar aconchegante. - Finalmente, o dia que determinará a carreira de vocês chegou. - continuava o discurso enquanto vários olhos atentos e ansiosos a fitavam rigorosamente.

- Para que setor você pensa que irá, Lea? - indagou Teo, meu amigo.

Suspirei. - Para onde o destino me mandar. - afirmei determinada, embora na minha mente eu cruzasse os dedos e gritasse: "Amor! Eu tenho certeza! Eu vou sim!"

- Nossa. Perdoe-me senhora determinação! - riu tímido. - Eu queria muito ir para o setor da Luz... Conte-me, não pensas em um específico?

- Ok, ok. Penso sim. Você sabe... O que todos querem... Amor. Mas existem 30 pessoas nessa sala, e apenas 3 irão para lá... Pode ser que não seja eu!

- Ora, não pense assim! Não lembra da Clarice? Mesmo não tendo ido para o setor que desejava, acabou se vendo na Luz. Pense que será o mesmo com você. Afinal, o que tiver de ser...

- Será. - respondi ao voltar minha atenção novamente à senhora Amélia, que parecia me encarar há um tempo por conta da conversa.

- Como eu ia dizendo... - ela notou que nós voltamos a prestar devida atenção. - Agora, depois de muito observar cada um de vocês durante esses 300 dias, estarei indicando sua mais atual posição!

Todos ficaram mais do que animados, alguns até bateram palmas.

- É agora... - Teo me encarou subitamente. - Pronta?

Nunca vira meu coração bater daquela forma... Talvez eu tivesse um infarto ali mesmo, mas não aconteceu. - Sim. - respondi com a garganta arrastada.

- Chamarei cada um de vocês individualmente. Não por ordem alfabética, só para lembrar. Assim que receberei suas direções, deixem a sala. E nada de tumultos e gritos aqui em cima! Entendido?

Os jovens presentes concordaram.

Amélia entrou na sala, e depois de alguns minutos, chamando um por um, deu a todos seu novo papel. A todos, ao que parece, menos a mim.

Estava impaciente e ansiosa, andando pela sala. - Ora bolas! Isso deveria ter sido por ordem alfabética! Não é ela que fala sempre de ordem, ordem e ordem? Por que até a Zuri, A ÚLTIMA LETRA DO ALFABETO FOI CHAMADA ANTES DE NÓS?! - elevei meu tom, sem intenção alguma ( a emoção falou mais alto ).

Haviam apenas quatro de nós restando. Teo, Malu, Yuri e eu.

- Lea, você pode fazer o favor de se acalmar!? Ela vai chamar você, e a todos nós. Mas se você ficar nessa gritaria pode esquecer seu novo cargo! - meu amigo reclamou, irritado comigo.

Então, uma voz ecoou da última porta do corredor. Yuri foi chamado. Logo depois, Teo. Ficando apenas eu, quando Malu saiu com seu novo ofício. A garota parecia estar contente para com o que fora indicada.

É claro. Eu conversei durante o discurso dela... Deve estar me dando uma lição, muito provavelmente. Pensei. Mas finalmente, chegou minha hora. A senhora Amélia não me chamou em sua sala. Ao contrário, ela veio até mim.

- Lea. Certo? - ela perguntou.

- A única que sobrara, senhora. - respondi com educação.

- Ouvi seus gritos da minha sala. Você seria a próxima naquele momento, mas resolvi guardar seu ofício para o final. - desta vez ela estava a me fitar com seus olhos verdes.

- P...para o final? - gaguejei. Certamente nunca vivi um momento com tamanha tensão quanto aquele. - P...or quê?

- Observei você, Lea. Assim como tenho observado a todos durante estes longos dias. Você é uma grande menina. Há muito o que trabalhar, mas é muito útil. - me rodeou lentamente, e eu podendo apenas sentir o doce aroma do perfume que usava. Por fim, ela parou novamente em minha frente. - Liberdade.

Não havia entendido naquele momento, mas logo meu cérebro capitou que era comigo que ela falava.  - Como? - perguntei confusa.

- Seu novo ofício. Você vai trabalhar no setor da Liberdade. - me respondeu com o olhar mais serene possível.

- Oh! - soltei um resmungo - Que é pois liberdade? Quer dizer... Eu sei o que é, mas... Como que se trabalha nisso?

- A Liberdade é um grande ofício! Sem a liberdade, não há nem mesmo a chance de reverter o medo! A liberdade é muito ampla, e pode se estender por várias áreas, minha jovem. - sua voz soava doce e despreocupada.

- Oh, sim... Vejo... Mas... Por que eu?

- Porque vi em você a Liberdade.

- Em mim...? - não sei se encarei aquilo como um elogio, ou se minha voz soou como um tipo de sarcasmo.

- Sim. Você tem um potencial de comunicação excelente! Sabe conversar com as pessoas. Além de ter mostrado muita coragem, e vontade.

- Vontade... De quê?

- De sair da zona de conforto que nos prende, minha querida! É nisso que consiste a liberdade. De sair de uma gaiola, que nos impede de explorar novos horizontes, de conhecer novos mundos, de voar para longe do passado!

Não sei porquê, mas sorri e me encantei com o conceito que Amélia trara a respeito da Liberdade.

- Você encontrará quatro pessoas na sua jornada. Na verdade, as pessoas encontrarão você. Sua trajetória na vida delas, vai mudá-las! Entende, querida? Você e todos os seus colegas tem a missão mais importante que qualquer ser tem.

- Qual? - perguntei, já mergulhada nas palavras da moça que estava diante de mim.

- Vocês tem o cargo de levar a Vida, minha querida. Levar a Vida à estas pessoas!





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⏰ Última atualização: Jan 05, 2018 ⏰

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