Tudo começou quando eu tinha 14 anos. Vivia numa casa agradável nos subúrbios do Texas. Lá a vida era muito pacífica. Pode parecer cliché mas todos se conheciam, todos se cumprimentavam, todos olhavam uns pelos outros. Andar pela rua sozinha não era um perigo para mim, nem para qualquer menina da minha idade, era totalmente seguro porque a cada esquina passada encontrávamos uma cara familiar, que nos banhava com sorrisos e palavras amigáveis.
Era uma tarde de outono. Já passaram uns bons anos mas lembro-me como se fosse ontem do tom alaranjado de final de tarde do céu, da pequena brisa que corria, das folhas a cair das árvores e das que já se encontravam no chão, formando um manto vermelho e laranja ao longo de todas as ruas.
*flahshback*
-Eaddy, não chegues tarde a casa, minha querida.
-Claro que não, mãe! Vou só andar um pouco de bicicleta e volto logo. Tenho de aproveitar bem o meu último dia de férias!
A minha mãe ri-se e dá-me um pequeno beijo no topo da cabeça, enquanto se vira de volta para a cozinha e retorna a preparação do jantar.
Saio de casa com a minha pequena mochila colocada num só ombro e agarro na minha bicicleta, que estava "estacionada" na porta de entrada da nossa casa, sento-me no seu assento e coloco os pés nos pedais.
À medida que começo a pedalar não consigo afastar o sorriso que vai aparecendo na minha cara. A brisa que ainda estava ligeiramente quente batia-me na cara e a temperatura estava fantástica. Como eu ia sentir falta disto, agora que ia passar a maioria dos meus dias fechada, de novo, numa sala de aula.
Continuo a pedalar, a pedalar, a pedalar, passando por casas de amigos, vizinhos, conhecidos e cumprimentando com um aceno todos eles.
Pedalo um pouco mais e chego até uma zona em que nunca tinha estado.
Normalmente, ando de bicicleta com o meu primo Finn, mas ele nunca quer ir para além das casas da nossa rua porque tem medo de se perder. Hoje, como está doente, não pôde vir comigo, então decidi aventurar-me para uma zona em que sempre tive curiosidade para visitar.
Aqui existiam casas, mas eu não conheço as pessoas que aqui moram. Normalmente não vimos para esta zona, nem com os meus pais, por isso todos os que vivem aqui são-me apenas estranhos.
Encosto a bicicleta a uma árvore, coloco a minha mochila apoiada nos dois ombros e inicio a minha caminhada. Começo a andar para dentro de uma zona de mato, onde existem muitos lotes (para construir casas) vazios e outros já com casas construídas. Consigo ouvir os barulhos de crianças a falarem e a rirem e adultos a comentarem certas coisas.
Ao fundo, existem algumas casas em fila e uma árvore bastante grande, com uma pequena estrutura construída lá. A minha curiosidade aumenta e ando até lá. Quando me encontro já por baixo da estrutura, percebo que é uma casa na árvore. Não é nada de luxuoso, apenas algumas tábuas de madeira alinhadas de modo a criar uma espécie de "forte" que alguém pode usar como refúgio. Nota-se que a madeira está gasta, por isso não seria algo construído recentemente. Não, esta casa na árvore deve ter sido construída há bastantes anos. Olho para as casas que estão de ambos os lados da árvore e parecem-me muito novas, por isso as minhas suspeitas daquela pequena estrutura ser bastante antiga confirmam-se.
Talvez não devesse, mas aquela casa está a chamar por mim.
Subo os pequenos e estreitos degraus que fazem bastante barulho à medida que os piso até chegar à casa em si.
Quando entro, fico fascinada. Claro que não é nada de mais, mas há algo aqui que me faz sentir confortável e segura. Por dentro, a madeira também se encontra usada e, no chão, há uma tábua que está em falta, o que faz a visão para lá para baixo bastante assustadora dado que isto é consideravelmente alto. Apesar disso, acho que encontrei o meu novo local secreto.
De repente, e a interromper os meus pensamentos e o meu fascínio, oiço um barulho que não consigo identificar e olho na sua direção. A casa estava rodeada de duas moradias e uma delas, do lado esquerdo, tinha uma janela grande que estava diretamente "apontada" para o sítio onde eu estava. Foi daí que veio o barulho.
Olho mais atentamente para a janela e percebo que está ligeiramente aberta. De repente, vejo um rapaz com uns olhos verdes ofuscantes, a olhar diretamente para mim. Assim que viu que eu reparei nele, desapareceu da janela, mais rapidamente que uma flecha.
Esta aparição repentina assustou-me e corro de imediato para a minha bicicleta, pedalando rapidamente para que pudesse chegar a casa o mais depressa possível e quando o fiz, apercebi-me que me tinha esquecido da mochila no interior da casa. Só teria uma possibilidade, no dia seguinte, depois das aulas, teria de voltar à casa na árvore para a recuperar.
A minha noite resumiu-se no jantar e deitar-me cedo. No dia seguinte, acordo e tenho de me preparar para as aulas. O dia passa muito lentamente e o meu aborrecimento só aumenta por não poder aproveitar o clima ainda quente que se faz sentir nesta segunda-feira. Por mais estranho que pareça, só penso em voltar à casa na árvore, apesar do grande susto que apanhei ontem.
Quando as aulas acabam, quase que corro para casa para deixar a minha mochila e também para a minha bicicleta.
Pedalo para o local já conhecido devido ao dia de ontem, volto a deixar a bicicleta no mesmo sítio e ando rapidamente para a casa.
Subo as escadas com cuidado para não cair e quando dou um passo em frente para entrar na casa, dou instantaneamente um para trás, ao ver um rapaz, de cabeça baixa, a ler um livro. Quando repara na minha presença, nota-se que fica, tal como eu, assustado e fixa os seus olhos, verdes, em mim. Reconheço-o imediatamente como o rapaz que me estava a observar pela janela ontem.
-Calma, não te assustes. – Ele diz, ao reparar no facto de eu ter ficado sobressaltada com a sua presença. Identifico um sotaque britânico na sua voz. O rapaz pousa o livro do seu lado e levanta-se.
-Ahm, desculpa, eu não sabia que estava alguém aqui. Aliás, eu não sabia que alguém vinha para aqui. Eu só vim buscar a minha...
-Mochila? – Ele interrompe-me, fazendo-me expressar uma cara confusa.
-Sim, como sabes disso?
-Ahm...eu... E-eu ontem vi-te pela janela e reparei que saíste sem mochila... Quando vim para aqui hoje encontrei-a ali- Ele diz, gaguejando, e aponta para o canto da casinha.
-Ah! Está bem, então. – Digo- Vou andando, desculpa por te interromper.
-Não, não precisas de ir só porque estou aqui.
-Eu tenho trabalhos de casa para fazer de qualquer maneira. Mas foi bom conhecer-te,...- Digo, esperando que ele diga o seu nome.
-Harry, Harry Styles. – Ele diz, mostrando um sorriso que fazia as suas covinhas aparecer. – Também foi bom conhecer-te...
-Eadlyn. Henderson. – Esboço também um sorriso. Apesar de ter ao início pensado que ele era um psicopata que me observava pela janela, o Harry parece ser um rapaz simpático.
-Vemo-nos por aí, Eadlyn Henderson.
-Até um dia, Harry Styles. – Digo e vou embora, olhando uma última vez para o rapaz dos olhos verdes.
* fim do flashback *
Por isso, quando vi aqueles olhos verdes novamente, 6 anos depois, era impossível não os reconhecer.
Mas havemos de chegar a isso.
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treehouse ; h.s
Fanfictione nunca esqueceria aqueles olhos verdes themagcongal, 2018