Às oito e meia da manhã, de segunda feira, trinta e três horas após o acidente, acordei soluçando.
— O que você está sentindo, garoto? — Perguntou-me uma voz agradável. — Dor?
Nada respondi; abri os olhos e me vi diante de um local estranho, sob a companhia de uma linda mulher, que mais parecia uma santa, com suas vestes toda em branco. Só então interroguei:
— O que aconteceu? Onde eu estou? No Céu!...
— Depende de você! — Esboçou leve sorriso, a tal visão. — Quando esteve na Terra, você era um bom menino?
— Hãm...
— Calma! — Pediu ela, gentilmente. — Estou brincando! Agora está tudo bem!
— Eu morri? — Perguntei ansioso. — Aqui é o Céu?
— Sua hora ainda não chegou! — Disse ela, ainda com seu sorriso bonito. — Aqui não é o Céu! Mas a gente tenta fazer o melhor, para que seja bom!
— Quem é você? — Perguntei, ainda perdido. — O que houve?
— Você está em hospital! Meu nome é Lucia e a gente vai cuidar bem de você.
— O vampiro me pegou?
— Não! — Negou ela séria. — Porem, uma faca afiada, pegou você! Agora vai ficar tudo bem! Procure descansar.
Às dez horas, recebi a visita do senhor Diogo Marques. Assim que entrou e me viu acordado, abriu um sorriso e perguntou animado:
— Como vai o meu amigo? Está melhor?
Quis responder, mas minha voz se embargou, então ele prosseguiu:
— Sabe o que aconteceu?
Acenei afirmativamente com a cabeça, então ele se sentou em cadeira a meu lado, então lentamente consegui dizer:
— Foi o senhor quem atirou o punhal…
— Jamais faria isso, se soubesse que era você! Acredita em mim?
— Eu sei!...
— Como aquele monstro se disfarça de tudo, achei que fosse ele. Quando saí de sua casa, naquela noite, você estava na cama; achei que estivesse dormindo! Alem do mais, você estava doente, ferido e proibido de sair. Jamais pensaria que pudesse ser você!
— Não tem problema! — Tentei sorrir. — Eu não morri mesmo!
— Não fale assim! É claro que você não iria morrer!
— Vai ficar... tudo bem... agora! Não... é mesmo?
— Sim! Você já não corre mais nenhum risco. Vou ao sítio avisar seus pais e eles virão te visitar. Antes porem, tenho que passar na polícia.
— Fazer o que na polícia?
— Eles registraram ocorrência do acontecido.
— Não quero que o senhor seja preso! Fuja! Vá pra São Paulo!
— Não será preciso! — Negou ele, rindo. — Não serei preso!
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Sanguinário Imortal
VampireConfiante em um simples crucifixo de madeira, acreditando firmemente que tinha o dom dos céus, aquele pequeno menino, nada temia, deixando os próprios familiares apreensivos e muito preocupados. Deixava a segurança do lar, altas horas da noite, em b...