Os Olhos De Rute Aos Olhos De Rute

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Rute se ocupara muito desde que se mudara para a casa número treze na rua Sacra, havia influenciado a avó Eugênia a comprar a casa tanto pelo visual vintage da construção quanto por essa ter o seu número da sorte bem no portão, número treze!
Rute amava arquitetura e decoração, havia escolhido um tom de creme amarelado para fachada, e para o telhado as molduras e as abas das janelas escolhera um bordô com acabamento fosco.

A frente da casa havia sido decorada com roseiras e um lindo chafariz com a representação da ninfa clio, a Ninfa representante da história. O quintal era ocupado por um armário de jardinagem, a estufa das flores da avó, uma entrada de acesso a cozinha e outra para o porão, e a casinha de lady Charlotte, a cadela da raça cocker que vivia com as duas.
O interior da casa era decorado de forma minimalista e cada ambiente tinha sua própria paleta de tons frios e acinzentados. havia uma certa atmosfera que fora criada com a decoração, os ambientes amplos tinham sempre flores vivas e bem cuidadas na decoração, havia aconchego e luz nas proporções exatas de cada lugar da casa.

A avó ficara com o quarto maior, que dava para a rua, Rute não ligava, havia gostado da suite secundária, e a havia decorado com um estilo que unia o industrial, o moderno e seus gostos peculiares. Seu presente de aniversário fora todo o espaço do sótão, o único espaço da casa que não fora reformado, o assoalho não precisava mais que um polimento e um verniz, as paredes, que no caso eram as estruturas do telhado podiam ser pintadas facilmente, havia sobrado tinta cinza chumbo da cozinha e tinta marrom rosado usado em uma das paredes da sala de jantar.

Para a decoração do amplo espaço decidiu fazer prateleiras com tábuas de madeiras parafusadas entre os arcos brancos feitos de tijolos, havia ali espaço suficiente para todos os seus muitos livros. Um grande espelho havia sido colocado próximo a maio das janelas do telhado, e alí também fizera um sofá com palets e um colchão velho, abaixo da maior das clarabóias havia uma cama também feita de palets, de vez em quando ela dormia ali, olhando as estrelas.

Os antigos balcões de mármore e mogno que estavam na cozinha antes da reforma foram colocados ali, e ficavam muito bem  contraste a parede de tijolos de cerâmica maciços (aqueles que são marrom escuro e não tem buraquinhos). O caldeirão de ferro, a estante de ervas, e a mesa onde deixava expostos e organizados seus utensílios estava todos ali, seus sete grimórios ficavam colocado sobre uma escrivaninha logo na entrada do vasto cômodo, próximos à luneta (apontada para uma clarabóia) e a mesinha de vidro com o mapa das constelações.

Ali era o perfeito recanto da feiticeira moderna, o lugar onde só Rute poderia entrar, o lugar onde ela cultivava ervas que usava nas poções e banhos de limpeza, lugar onde ela guarda a sua coleção de pedras, seu acervo de livros sobre Wicca, onde repousava seu caldeirão, onde se guardava os grimórios.

Sempre que nada tinha a fazer, ela subia ali, ficava encarando o espelho, e desejando que como em Hary Potter o espelho se tornasse o espelho de ojesed, ou como na história da branca de neve ela pudesse ver o que quisesse usando o espelho. Poderia assim ver a irmã e a mãe que estavam muito distantes, e não apenas os olhos frios e acinzentados, olhos que odiava, olhos que quando as pessoas notavam a cor se aproximavam muito e de forma extremamente rápida, se inclinando sobre ela para olhar a fundo a cor de seus olhos. Era aterrorizante sentir isso, tanto ver isso quanto ver os olhos no reflexo do grande espelho.

Ela era uma feiticeira, uma bruxa pós moderna, tinha uma religião diferente, e por isso sofria preconceito e descriminação quando falava sobre isso, as vezes Rute pensava que as pessoas jamais haviam saído da idade das trevas, e que a qualquer momento poderiam juntar ela e todas as outras do ciclo de Afrodite (seita que ela fazia parte), e as queimarem numa fogueira como em Salem.
Era melhor ser chamada de "filha do diabo", escutar coisas como "você vai para o inferno" e perguntas maldosas cheias de pretenção como "você já foi a igreja?" Do que aturar as pessoas que tinham a concepção de feitiçaria como nos filmes de Hollywood, era possível que qualquer dia desses perguntassem a ela se ela havia estudado em Hogwarts, ou perguntassem a ela se seu pai era aquele que não tinha nariz e andava por aí com sua cobra de estimação matando pessoas com raios verdes saindo de sua varinha.

Enquanto os olhos frios fitavam seu reflexo fixamente no espelho, Rute tomava seu café, naquele momento estava confortavelmente vestindo um moletom cumprido que ia até os joelhos e nas mangas sobravam um palmo de tecido e calçando suas pantufas de coelhinhos cor de rosa, sua paz perfeita foi quebrada quando escutou a voz da avó:

— Rute? Rute?! - gritou a velha, que provavelmente estava no primeiro andar - Desça e me ajude a preparar a mesa para as visitas! Eles devem chegar daqui em uma hora...

Dona Maria Eugênia deveria ter falado mais alguma coisa, mas Rute não escutou, ou pelo menos não prestou atenção. Vestiu uma calça jeans e desceu para ajudar a avó, usaria daquela ocasião como oportunidade para conhecer o garoto que a espiava todas as noites desde de que mudará para lá.

Imaginava algo pior do que realmente encontrara quando o guri cruzou a porta da sala acompanhando a mãe, o garoto, Pedro, não era medonho e esquisito, só era o que popularmente as garotas fúteis chamariam de "mané" ou "brocha", e o que os caras fúteis chamariam de "virjão" e "Cabaço"

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Ollllaaaa de novo ❤

Segundo capítulo pronto ❤ votem para ajudar o bbzinho aquiii ;-;
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⏰ Última atualização: Jan 13, 2018 ⏰

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