Minha colega de quarto

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Já estava me acostumando a estar sozinha aqui.

Ontem chegou oura menina, um tanto estranha e calada.

Logo arrumou um lugar no armário, assim mesmo só existe um para duas pessoas aqui. Ela parece ser inteligente, mas tem o semblante triste.

Parece que esta aqui contra sua vontade.

Sendo assim eu mesma resolvi falar com a estranha.

- Olá me chamo Jenny, moro aqui nesse beliche de cima, mas caso queira não tenho problemas em dormir na cama de baixo.

- Oi, não queria estar aqui sabia!

Há desculpa, eu me chamo Juliane, tive que ser obrigada a estar aqui.

- Você estava onde antes de te trazerem?

- Fui entregue ao conselho, fui julgada, e culpada, pela morte de meu irmão.

Mas eu sei que eu não fiz nada, nunca faria mau algum a ele, ele tinha apenas 12 anos.

E quando eu acordei estava coberta pelo seu sangue, havia pedaços dele por todo o nosso quarto.

- Calma, eu sei como é, já estou aqui há 8 anos. Já perdi a esperança de sair daqui um dia. Ninguém sai mesmo.

Chega um determinado tempo que eles nos levam sabe lá para onde e nunca voltamos.

Alguns meses passam elas agora são intimas, desfrutam o mesmo sofrimento de estarem presas, no Saint Hospital.

- Sabe Juliane dizem aqui nesse mesmo quarto, com as mesmas coisas que usamos. Morava uma menina, eu só escutei histórias até hoje não sei se ela existiu mesmo. Dizem que ela era a mais bruta, que até enfermeira Nora tinha medo dela.

Dizem que ela deslocou o braço de um medico com um só soco, foram mais de cinco homens da segurança para tentar conter sua fúria, mas ela os espancou.

- Você sabe para onde há levaram? Diz Juliane com um tom triste, como se essa menina pudesse fazer ela sair daquele universo branco gélido.

- Não sei, acho que ninguém sabe mesmo ao certo o que acontece.

Ninguém volta quando sai.

Juliane voltou a ter as visões de antes, vivia mais tempo sedada que acordada.

Sua amiga de quarto já estava se acostumando aos surtos, só não entendia como ela fazia as coisas acontecerem dentro do quarto, ela começa a descrever o que estava vendo e logo estava ali na realidade diante dos olhos de Jenny.

Ela falava sobre uma mulher, que vestia uma roupa medieval, com unhas ou facas isso era um tanto vago, ela parecia sentir horror daquela imagem em sua cabeça.

Dizem que ela ficou assim após ser acusada do assassinato de seu irmão.

- Hoje você parece melhor, não gritou a noite, não arranhou as paredes e muito menos falou sobre a dama estranha.

- Sabe as vezes ela procura outras pessoas, quando meu irmão era vivo, ele contava que sempre essa mulher estava em seus sonhos. Parecia vigiar cada passo que ele dava. Tiveram noites que ele vagava sozinho pela casa, eu ia sempre atrás dele para saber o que ele iria fazer.

Sempre que isso acontecia, um vento estranho entrava pelas frestas das portas da minha antiga casa. Meus pais resolveram se mudar quando descobriram que a antiga dona havia se suicidado na sala.

Achamos jornais antigos no sótão da casa, falando sobre o fato.

Mas já havia se passado muito tempo e aquela estranha mulher ainda estava lá, minha mãe sempre foi muito religiosa.

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