Foi em uma manhã fria que a conheceu, a garota que julgava o amor de sua vida, a pessoa que com certeza lhe faria feliz, mais do que qualquer outra. Era o que ela, Lalisa Manoban, pensava de Kim Jennie.
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Lalisa estava na companhia de sua namorada naquele final de semana, deixando o apartamento com um ar alegre ao cozinharem um bolo juntas. Jennie, a mais velha, jogava um punhado de farinha de trigo no vestido da mais nova, que retribuía ao tacar-lhe açúcar. O lar de Lisa já estava uma bagunça sem tamanho, parecia que tinham filhos realmente encrenqueiros, mesmo que fosse somente as duas.
--- Hey! Já está bom, não precisa mais sujar toda a cozinha! -- protestou a loira, dona do local, colocando a forma cheia de massa dentro do forno.
Jennie rapidamente parou de atacar a maior, rindo do rosto irritado e fofo que a mesma fazia, era simplesmente adorável ao seu ver.
Assim que Manoban acabou de fazer o que precisava, foi até a sala junto da namorada, jogando-a no sofá e assim podendo ficar bem em sua companhia.
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2 anos. 2 anos se passaram desde que as duas jovens haviam começado a namorar, e claro que nada estava como antes. Mais amadurecido, ou mais forte? Talvez mais romântico e carinhoso, quem sabe?
Não. Nenhuma dessas alternativas é a certa.
Jennie gritava, xingava e batia em Lisa, sem dó algum e claramente não admitia seu erro. Manoban apenas perguntava sobre e passava por louca, sempre tão inocente sobre as atitudes de sua namorada.
Em um dia, a loirinha estava sentada no sofá, encarando a TV, olhos roxos e pele marcada de arranhões, chupões e diversas outros tipos de manchas. Era por isso que tinha que passar todos os dias? Ir trabalhar e todas as vezes que chegava um minuto atrasada, tomar socos, chutes e xingamentos? Era isso? Não, definitivamente não.
Lisa estava cansada de ter que ser uma bonequinha para se bater e ofender, cansada de ser obrigada a fazer tudo, cansada de ser mais uma na vida de Kim Jennie. A mais velha insistia em dizer que a amava, que fazia para seu bem, para que se tornasse uma boa esposa ou algo assim, mas Manoban sabia que não, que não era verdade, não podia ser aquilo e ponto.
Não era amada, era usada. Usada e abusada de uma forma cruel, até mesmo na hora do sexo era assim, e claro, sexo somente se Jennia autorizasse tal coisa. Era um inferno... De verdade.
--- Querida? Lalisa? Hey! -- Jennia a chamou, lhe empurrando, fazendo a garota se encolher um pouco no sofá.
--- S-Sim? -- a menor olhou para Kim com os olhos machucados e inchados, tanto pelos socos quanto pelas lágrimas recentes.
--- Está com medo de mim? NÃO ESTOU TE DANDO MOTIVOS PARA ISSO, ESTOU?! MANOBAN, NÃO ME COLOQUE COMO A CULPADA AQUI! -- segurou Lisa pela gola da camiseta que estava usando, prendendo-a no sofá e ficando por cima, assim podendo encarar a mesma.
--- ... -- a loira apenas ficou em silêncio, assistindo Jennie fazer aquilo com tanto prazer no olhar, aproximando a mão de seu rosto.
Um soco. Dois socos. Múltiplos deles.
A mais nova aceitou, as dores eram tão fortes que nada mais doía. A visão já estava ficando preta, os outros golpes mais recentes apenas auxiliavam as lágrimas e Lisa já havia parado de tentar com os gritos cessados.
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Lalisa Manoban estava em coma, deitada na cama por tanto tempo. Iria completar três meses desde a vez que foi espancada de diversas formas por Kim Jennie. A garota estava presa, culpada por ter colocado a mais nova naquela situação.
Quando todos menos esperavam, Lisa havia acordado antes mesmo da esperança de todos seus amigos e familiares acabar, trazendo um belo sorriso para os rostinhos de todo mundo que conhecia.
A maioria deles mal podia esperar para comemorar a cadeia da agressora e a volta da querida Lalisa Manoban.
Talvez tenha sido um conto curto, mas que retrata muito do que a realidade de muitos representa. Independente do que aconteça, você consegue superar. Todos podem, com a ajuda de amigos, talvez familiares e com uma ajuda psicológica, claro. Mas, bom, principalmente com você mesmo. Muito obrigada por ler, até o próximo conto.
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ミ★ Histories To Do Not Tell To Your Children ☆彡
RandomÉ aqui onde começamos nossas três histórias, que entrarão em temas abusivos, assim fazendo parte do projeto que a @-WhyHope // @taebixa começou. Seu nome é Eu Consigo Superar (E.C.S), com um motivo importante de criação. E.C.S se trata de um projeto...