lavender and velvet;; único

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Era impossível não lembrar-se de Moonbyul enquanto aquele sofá de veludo arroxeado estivesse ocupando todo o apartamento de Yongsun, como o grande elefante branco que ela insistia em tentar ignorar.

A verdade era que já faziam algumas semanas que as duas haviam dado um fim ao seu relacionamento, e Moon recolhido todos os seus perteces que se espalhavam pelas rachaduras da moradia. Apesar de seus suéteres não estarem mais nos cabides de Solar, ela ainda assim sentia o perfume da ex-namorada em todos os lugares. Em cada cantinho de todos os cômodos o cheiro forte de lavanda parecia entorpecer Yongsun, e quase levá-la ao delírio completo.

Ela já havia esfregado cada canto daquele apartamento com desinfetantes de gardênia, mas ainda assim o maldito cheiro não a deixava em paz. Era como uma sombra, que a perseguia e sufocava sempre que pisava os pés no local onde, por tantas vezes, estivera sendo amada pela ex-namorada.

Sempre que chegava em casa e via aquele sofá de veludo, ela não conseguia evitar sentir falta de Moonbyul. Aquele forro arroxeado e corrompido pelos pecados das garotas sempre a fazia se sentir como se a cada dia o perfume de lavanda ficasse mais forte, mesmo sabendo que isso era apenas invenção de sua mente.

O pior para a garota era ver a ex-namorada infiel cada dia melhor, enquanto Solar se dobrava dentro de si mesma de tanta saudade de ter Moonbyul se arrastando por si. Moon nem ao menos lhe deixou tentar consertar o seu relacionamento corrompido, antes de pular para os braços de outra. Porém, para Yongsun era melhor ter de lidar com as constantes traições do que se entorpecer diariamente no fantasmagórico perfume de lavanda da ex.

No início do relacionamento Moon era tão boa para si, sempre a afogando em seu amor cremoso e denso como leite quente. A amando de joelhos, implorando por sua afeição e sendo respondida com beijos de veludo, leves como plumas. Mas, com o passar do tempo, a ausência incessante de Yongsun fazia com que as mãos necessitadas de seu corpo se afastassem de si, e começassem a procurar por outras mulheres que pudessem retribuir o amor de Moonbyul mais do que Yongsun o fazia.

Solar recuava quando em frente à ternura de Moonbyul, sem nunca lhe dar explicações para sua falta de carinho. A verdade era que ela não a amava, e Moon não demorou a perceber isso.

Mas não é como se MoonByul fosse a vilã da história, e Yongsun sabia disso. Sabia que deveria ter sido honesta com a garota, que não deveria ter lhe falado mentiras tantas vezes ao dizer que a amava. Sabia que fora uma namorada ausente, fria e apática. Mas, para a parte egocêntrica de Solar, era sempre bom manter alguém que a amasse por perto. Manter Moonbyul ao seus pés, pronta para amá-la sempre que desejasse, amaciava o coração narcisista da garota.

Mas o divertimento de Solar não durou muito tempo, já que ao perceber que estava sendo mantida apenas como um capricho, Moonbyul não demorou a tentar afogar a sua decepção e dor no corpo de outras mulheres. E assim as semanas se arrastaram, sem que nenhuma das duas se sentisse completa ou satisfeita o suficiente. Yongsun queria a atenção da namorada de volta para si, enquanto Moonbyul tentava entender o que fizera de errado para que a mais velha não lhe amasse verdadeiramente.

O relacionamento das duas rastejou-se por ásperas semanas, talvez meses, em que elas faziam sexo mas nunca conseguiam fazer amor. Yongsun crispava os lábios quando sentia o perfume de outra mulher nas roupas de Moonbyul, e nesses momentos podia jurar que conseguia sentir o gosto das traições de Moon em seus lábios vermelhos como cerejas.

Mas foi em uma madrugada de sábado, quando Solar voltou para casa cheirando a perfume masculino, que elas se entreolharam e silenciosamente terminaram aquele relacionamento tão gasto. Nesse dia Yongsun parecia ter o peso de elefantes em seus ombros, e Moon a culpa de quem é condenada à prisão perpétua. Não foram necessárias palavras quando Moonbyul fez as suas malas e se despediu da, a partir daquele momento, ex-namorada. Elas sabiam que a culpa deveria ser carregada por ambas, e que ela seria sempre lembrada (e relembrada) por aquele corrompido sofá de veludo roxo no centro da sala de Solar.

LAVENDER AND VELVET | moonsunOnde histórias criam vida. Descubra agora