peter pan

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Não era um milagre. Não era consequência. Jungkook estava ali para me fazer continuar nos 15 anos, mesmo que eu envelhecesse aos poucos.

Tinha o apelidado de Peter Pan fazia alguns dias. Jungkook me fazia voltar aos quinze anos, mesmo que eu já estivesse pronto para os vinte e oito. Para ele, vinte e seis.

Quando saímos juntos, o que não fazíamos com tanta frequência, eu sempre me lembrava de ser competitivo por qualquer coisa. E comia como um porco. Eu também ria como um porco, sem motivos alguns. E olha que eu não era conhecido como aquele fraco de bebida da dupla.

— Ei, Jimin hyung. Tem uma diferença entre encarar e comer as pessoas com o olhar, sabia?

Surpreendentemente, ele era um ridículo. E eu nem estava encarando ninguém.

— Quer que eu arrume uma transa 'pra você?

Como dito.

— Nada vindo de você, virjão.

Ele abriu um sorriso surpreso, quase que imediatamente.

Era uma coisinha entre nós dois. Quem perdia a linha primeiro, obviamente perdia. Tudo bem que eram só piadas feias, mas éramos bastante competitivos sobre aquilo. Apesar de que eu era o único sempre perdendo.

— Hm... Hyung, se ficar tão estressado, vai perder cabelo.

E eu perdia a linha fácil.

— Vou perder cabelo igual seu—

Apesar de que eu era sempre interrompido. Jungkook me encarava, mudo, com uma expressão de deboche estampada no rosto. Eu, com o desejo enorme de soca-lo no rosto.

— 481 pontos 'pra mim! — Comemorou.

— Não, 480. A de cinco minutos atrás não valeu.

Fazia uma semana e meia desde que nossas saídas tinham sido multiplicadas por cinco.

Desde que ele tinha se mudado.

Não que ele fosse meu vizinho mas morar no mesmo condomínio que o meu parecia ser uma desculpa suficiente para ele.

— Ah, não. Deve estar tão bêbado que o outro Jimin tomou conta.

Eu não estava bêbado.

— Que outro Jimin?

— O Jimin que é louco por mim.

Admito,

— De raiva?

— Pode ser.

Ele me conhecia bem. Ele tinha todas as minhas emoções na palma de sua mão, e como tinha.

— Não nego. Morro 'pra te matar e dar de almoço 'pros cachorros.

— Por quê só de almoço?

O olhei incrédulo.

— Jogam sobras de comida 'pra eles. Sabe, não sabe?

Jungkook fez um careta e apontou o osso de frango em minha direção.

— É porquê bêbados como você saem com as pessoas e não comem nada.

Tudo bem que ele realmente me tirava do sério, mas era fofo daquele jeito.

Porque ele tinha aquela mania esquisita de esticar os pés embaixo da mesa, deixando em baixo da minha cadeira. Da cadeira que eu estava sentado, pelo menos.

Como se eu fosse dele.

E ficava encarando qualquer um que passava por nós, como se fosse ser assaltado ou sei lá.