O morro tava tão quieto,  sem pessoas na rua ou até as crianças que costumavam a brincar a tardizinha no campinho. Agora tudo o que via era desolação total cheios de militares que mais maltrata nós do que ajudava e assim o nosso quadro se agravava pelas constantes humilhações que era feitas da parte deles.

Quando meu pai se foi nunca imaginei que isso ficaria assim,  estar dentro de casa era como morrer a cada segundo eu que estava acostumado a viver livre que nem passarinho....

É verdade quando dizem que a vida passa como um furacão e depois que você entra para o crime isso se torna seu dia a dia, meu pai foi prova disso e hoje eu que sofro "se um dia eu ir quero ter certeza que meu filhote vai domar isso legal"   dizia ele todo convencido de que eu era seu sucessor já que meu irmão foi para o outro morro.

Os militares andavam lentamente para cima e para baixo,  curtindo como se fossem os donos.  Sei que não deveria chorar mas é que a dor me mata a cada dia.

_e aí como que tá o futuro dono do morro? _ entra david sorrindo quando fecha a porta, nem em sonho os babacas lá podiam ouvir isso_ ainda tenho fé que tu vai tomar esse morro.
Ele me da uma ombrada e vai direto para a geladeira pega uma cerveja e sai para se jogar em meu sofá.

_eles ainda pensam que mandam_ exclamei enfurecido não poderia simplesmente abandonar meu morro desse jeito mais é como se isso estivesse me afogando mais ainda e toda vez que eu tento sair eu me afundo mais.

_Papai! _ grita lana minha filha pequena de 5 anos do seu quarto me alarmando que algo não ia bem logo meus pensamentos vieram a me alertar sobre os militares.

_pequena!_ a abracei vendo que ela chorava desesperada_ pesadelos?

_é_ respondeu ainda tentando controlar o choro_ Abraço de urso?_ como não negar? A abracei como se estivesse nos últimos instantes da minha vida.

_se não luta por você mesmo então que seja por essa miniatura_ sussurrou David.

Ele não era feio ao contrário tirava suspiros de qualquer uma, seus cabelos eram grandes e pretos e seus olhos claros eram o que faziam a festa com a mulherada.

_o play boy escondendo armamentos? _ ele grita um pouco próximo a mim era só o que me falatava ele dizer que eu estava escondendo algo que eu nem tinha.

_perai o papai já volta_ me desgrudei dela e sai do quarto tentando encontrar aquele filha da mãe_ CADÊ TU ZÉ! _ gritei e  daqui a pouco vejo ele sair do teto com uma pistola calibre 38.

_mãos pra cima_ ele grita no meu ouvido e eu claro dou um grito.

_como que tu subiu aí malandro.

_tua própria casa e nem sabe os esconderijos_ ele debochada primeiro e depois solta uma escada pra mim subir.

A visão era de outro mundo,  havia armas para todo lado e todos os tipos diferentes.  As munições eram incontáveis caixas e mais caixas ficam empilhadas nos cantos das paredes e eu bobo sorria com aquilo.

_ é teu pai estava pensando na terceira guerra mundial né? _ david se argumentou olhando as granadas todas em seus perfeitos lugares_ tem mais aqui vem.

Ultrapassamos mais um cômodo agora tinha uma porta de entrada de madeira não ruim mas o estado não era de uma boa.

Lá tinha mais armas, coletes de tamanhos variados opções era o que não sobrava,  granadas, mochilas estranhas.... bom compreendi sendo mochila..., capacetes. Era um mundo surreal.

Meu lugarOnde histórias criam vida. Descubra agora