Por que está chorando?

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- Gorda!

- Desengonçada!

- Balofa!

- Estranha!

3 horas antes...

-Elisa! Venha você irá se atrasar.

- Tá bom mamãe, já estou indo.

- Quando chegar lá, não esqueça de cumprimentar a todos.

- Tá bom mamãe.

- Estou orgulhosa de você, minha pequena bailarina.-

-Chegamos.- Disse minha mamãe.

Ela me pega pelas mãos e me leva até a uma porta de vidro com vários cartazes de se inscreva.

- Entre, filha. Sei que está animada!- A encaro e dou um sorriso forçado.

Assim que entramos por aquela porta tinha várias bailarinas fazendo passos, uma delas me olhou e deu risada. Desviei meus olhos para minha mãe vendo a mesma conversando com um senhor barbudo.

Olho para fora e vejo o carro da mamãe parado.

-Vamos filha, quero ver sua sala de ensaio.- bateu palmas e eu a acompanhei.

Entramos mais uma vez por uma porta de vidro, assim tendo visão de um espelho grande e bailarinas.

Em menos de alguns segundos todos os olhares estavam direcionados a mim me deixando envergonhada. Seguro a mão da minha mãe a ouvindo falar.

- Olá, boa tarde. Essa aqui é minha filha Elisa, ela quis muito vir aprender com todas vocês.- A olhei vendo seus olhos brilharem sobre todas as bailarinas.

Uma mulher alta dos cabelos negros veio até nós cumprimentando minha mãe e se abaixando ficando a minha altura.

- Oi pequenina, meu nome é Paula. Sou professora de ballet, espero que goste do nosso cantinho.- Deu um sorriso, e se levantou conversando com minha mãe novamente.

Depois de uns minutos minha mãe se despede de mim e dando um tchau pra todas as meninas que ali estavam.

- Podemos começar?- A professora nos olha.

- Bom meninas, podem se apresentar para a Elisa.

Todas falaram seu nome e eu não soltei nenhuma palavra. Apenas dei um sorriso e me juntei ao fundo da sala.

- Menina sem sal, não gostei dela, não falem com ela.- Ouvi uma menina falar e apenas abaixei a cabeça.

...

- Vamos! Vocês conseguem.- A professora falou batendo palmas.

Ela estava demonstrando um giro simples. Simples para as outras, para mim não.

Ao passar dos segundos estava chegando a minha vez, todas estavam conseguindo, e eu estava cada vez mais nervosa.

-Elisa, sua vez.- A professora me balançou.

Eu esqueci o giro.

Eu esqueci quais pés eram primeiro.

E assim eu tropecei nos meus pés me fazendo ir direto ao chão.

-Elisa você está bem?- A professora me perguntou e eu encarei o chão mais uma vez.

- Gorda!- Ouvi gritarem.

- Desengonçada!- Gritaram mais uma vez.

- Balofa!- Olhei pra quem disse isso.

Foi a menina mais cedo que me chamou de sem sal. Foi a menina que me chamou de balofa. A magra que girou perfeitamente.

- Estranha!

Cada vez me chamavam desses apelidos e eu encarava a magricela que ria de mim.

- Meninas parem com isso, vamos Elisa levante.- Me ajudou mas me soltei correndo até a porta por onde entrei.

Eu não fiz nada, por que fizeram isso? Eu não queria entrar nessa droga de ballet.

Sentei embaixo de uma árvore encarando o chão.

Minha mãe nunca perguntou o que eu queria. Ela sempre fazia o que ela queria, se ela quer tanto uma bailarina na vida dela, por que ela não faz? Por que tem que ser eu? Eu não quero isso. 

Chorei baixinho por uns minutos pensando se ela mudaria de ideia. Com certeza ela não iria, me chamaria de balofa também e me mandaria ensaiar com aquelas sapatilhas rosas feias.

Ouço um barulho em cima da árvore e olho pra cima.

- Shhh!- Um menino fala e aponta pra rua.

Olho pro mesmo local q ele apontou e vejo outros 2 meninos olhando ao redor.

-Pronto, eles já foram.- O menino fala e olho novamente para cima.

- Eii, por que está chorando?

- Por nada, quem é você?

- Meu nome é Arthur, por que está chorando?

- Eu já disse que não estou chorando!

- Ok, irei fingir que acredito, por a caso você faz parte dessa aula de ballet?

- Sim.- Abaixo a cabeça novamente e ele desce da árvore.

- Por isso é chata igual a elas.- Ele ri.

- Não sou igual a elas! Não faço piada das pessoas.- O encaro irritada.

- E por que fizeram piada com você?- O olhei chocada e irritada.

- Tudo bem.- Se sentou do meu lado.

- Me chamaram de gorda e estranha.- Ele me olhou e deu um sorriso.

- Você é mais bonita do que todas elas.- Sorriu novamente.

- Eu sei que sou gorda e feia, mas obrigada.

- Por isso fazem piada de você.- O olhei.

- Como?

- Você se importa. Aqueles meninos que estavam aqui iriam me bater porque derrubei suco neles.

- Por que fez isso?

- Pegaram o meu skate escondido.- O olhei e percebi q estava molhado.

Peguei um lenço no meu bolso e entreguei a ele.

- Obrigado, bonita.- O olhei e senti minhas bochechas corarem.

- Vou sempre te chamar de bonita, você fica bonita corada- Apertou minhas bochechas.

- Pare.

- Ok, bonita. Você não me disse seu nome.

- Meu nome é...- Uma buzina tocou e ele olhou pro carro preto parado.

- Preciso ir, até amanhã!

Até amanhã? Amanhã eu veria ele novamente?

- Elisa! Onde você está?

Ouvi a voz daquela professora e me levantei caminhando até ela.

...

Oi oi esse aqui é o primeiro capítulo, espero que gostem. Não esqueça de votar e deixar seu comentário.

Você foi o meu primeiro é último amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora