Capítulo 2

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Naquela manhã quando ela finalmente despertou para mais um dia de trabalho, disputava uma batalha árdua contra o sono enquanto caminhava até o banheiro.

E assim que conseguiu se livrar da sonolência matinal e enfim se olhou no espelho, não conseguiu encontrar em si as suas tão desejadas marcas pós-sexo, ou aquelas sensações prazerosas. Mas encontrou refletido no vidro o seu já crescente rubor nas bochechas, acompanhado de memórias frescas do feito noite passada. E claro, uma pontinha de ansiedade pelo que viria disso.





Atrasada. Estava atrasada. Ter ficado se olhando no espelho, e enrolando ao ponto de perder o primeiro ônibus que pegava não tinha sido lá uma boa escolha. Kurenai a mataria dessa vez, tinha certeza.

- Está atrasada. - a mulher mais velha de cabelos médios castanhos, e olhos de um tom quase avermelhado, repreendeu-a assim que pisou os pés na cozinha do estabelecimento.

- Eu sei, me desculpe, Kurenai, não vai se repetir. - a mais jovem se desculpou já indo guardar suas coisas e vestir o avental.

Trabalhava em um restaurante mediano que ficava à uma hora de sua casa. A distância claramente não compensava, mas o salário sim. Desde que se entendera por gente Hinata juntava dinheiro para um dia conseguir abrir o seu próprio negócio. Mexer com restaurantes e refeições do tipo não era com ela. Sua paixão ficava na parte doce e prazerosa do paladar. Um lugar onde ela poderia administrar e produzir os mais diferentes doces e bolos, pães e salgados, e bebidas quentes e geladas.

Havia tomado para si tal sonho, quando ainda pequena visitara um café com sua agora falecida mãe. O ambiente era fresco, e os balcões dispunhavam de variedades e especiarias que a fizeram ficar com água na boca, juntamente com uma pitada de curiosidade em provar daquilo. O ar cheirava à doce e café, despertando os sentidos aguçados da pequena Hyuuga.

E então ela se apaixonou. Se apaixonou pelo prazer que tomava conta de si ao sentir o cheirinho doce cafeinado do lugar, se apaixonou pelo gosto da comida que provara, e se apaixonou pela expressão de satisfação no rosto de cada cliente que ali entrava.

Decidiu naquele momento que era aquilo que queria para sua vida. Proporcionar aos outros o mesmo que ela sentiu ao adentrar aquela pequena cafeteria na esquina de uma rua movimentada.

Valeria a pena todo o esforço que vinha tendo esses anos, estava quase lá. Com o seu namoro em crescente melhoramento, e sua cafeteria quase lá, a Hyuuga poderia finalmente ter algo na vida que lhe daria cor e sabor.

- Hinata, três rodadas de missoshiro*, quatro de harumaki* e dois acompanhamentos. - um dos seus parceiros na cozinha avisou-a.

Hoje o dia seria cheio.

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Quando finalmente deitou o corpo no colchão macio de sua cama, suspirou aliviada. Estava exausta física e mentalmente. Sentia as energias que havia recuperado no fim de semana se esvaírem rapidamente. Porém antes que o sono a vencesse, precisava tomar um banho, comer algo, e quem sabe ligar para o namorado. Ele não havia dado notícias suas o dia inteiro, mas Hinata não se importava tanto, com certeza deveria estar ocupado com o trabalho. Suspirou. Então tomada por uma motivação, correu até o banheiro tomando uma ducha quente, e comendo algo leve, logo já se encontrava deitada na cama novamente.

O celular na mão, pronto para fazer a ligação. Deslizou o dedo pelo aparelho indo até o registro de chamadas e encontrando o número ainda sem o nome do parceiro, afinal, havia formatado o celular há poucos dias, alguns números ainda precisava salvar. Tocou no botão de ligar e esperou.

- Alô? - uma voz masculina até então desconhecida por Hinata, atendeu. A jovem franziu o cenho desconfiada pelo não reconhecimento.

- K-kiba? - perguntou receosa. Do outro lado da linha, o jovem que sentiu a voz suave lhe ser familiar, teve suas suspeitas confirmadas ao ouvir o mesmo nome que havia ouvido na noite passada.

InesperadamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora