sapê

uma boa ação

-Filho?

Olho pra porta e vejo minha mãe entrando, é incrível como o tempo parece não passar pra ela, mesmo com seus 45 anos, sua pele branca continua impecável, seus longos cabelos loiros são lindos, seus olhos verdes escuros se destacam, além de se vestir bastante elegante, mas tem algo que a deixa delicada com uma rosa, um sinal que parece um coração em seu ombro esquerdo, fora suas damas de companhia, somente eu e meu pai sabemos já que ela nunca deixa exposto.

- a que devo a honra da sua presença em meus aposentos- brinco com ela.

- pare com isso meu filho - ela diz rindo, e se senta na poltrona ao lado da minha - temos uma visita hoje importante hoje no hospital de câncer infantil da cidade, iremos entregar presentes e gostaríamos que você fosse a creche pública para fazer o mesmo.

- Bom, eu havia programado pra ir ao orfanato pela tarde, então eu vou agora pela manhã na creche.

- admirável filho, ser rei requer muitas responsabilidades mas também nos fornece momentos como esses que dinheiro nenhum pode comprar. -ela diz se emocionando.

- eu sei minha mãe, espero encontrar alguém assim também, de bom coração e amável com as pessoas .

- eu adoraria ter uma nora no ano que vem pra me acompanhar .

- você terá! - confirmo e ela sorri.

- não se esqueça dos netos viu! Muitos! - tá bom, agora ela se alegrou mesmo.

- mãe! - eu fico envergonhado.

- está vermelho - ela diz passando as mãos em minhas bochechas.

- creio que podemos esperar um pouco, se me der licença eu preciso ir - me despeço saindo da conversa.

- claro meu filho - ela se levanta e sai.

- filhos ... - digo pra mim mesmo, eu quero ter dois ou três, mas dependendo de minha mãe, viriam uns 10.

Sorrio com o pensamento enquanto me dirijo até o carro onde Arthur está me esperando, entro e logo ele me põe a par dos afazeres do dia e os presentes encomendados.

- Arthur, aproveitando que estamos a sós, gostaria de te pedir um favor.

- sim majestade .

- é sobre isso mesmo, não quero ser apresentado como príncipe Samuel, já que essa idéia de ir até a creche surgiu de última hora, quero ser um cidadão comun na creche.

- mas porque isso alteza? - ele pergunta em dúvida.

- quero ser só eu hoje, sem reverências, quero saber como é ser uma pessoa normal.

- agora entendi o porque da roupa - ele diz apontando o dedo pra roupa que escolhi hoje.

- isso pode ficar somente entre nós dois?

- como quiser altez... digo Samuel.

- bem melhor, diremos que sou um médico que chegou recentemente no país e na cidade de Malat.

- você está irreconhecível mesmo vestido assim. - ele ri - isso vai ser interessante !

Rimos, e logo chegamos a creche, que é muito organizado por sinal, nos apresentamos a diretora e ninguém me reconheceu, o Arthur se passou por meu primo e seguimos para o pátio da escola, lá tem o refeitório e um parque mais no fundo, e nesse momento as crianças estão comendo bolo e se divertindo bastante.

- Samuel, os presentes chegaram - Arthur me avisa assim que terminamos de cantas mais um música com as crianças.

- agora eu tenho uma surpresa pra vocês - digo chamando a atenção das crianças.

Elas gritam eufóricas.

- façam duas filas, os meninos vão com o tio Arthur e as meninas comigo.

Logos as professoras organizam as filas e os meus funcionários entram com duas quatro caixas enormes embaladas em forma de presentes.

Logo começamos a distribuição dos presentes, é muito bom ver a felicidade dessas crianças.

Estávamos quase acabando quando uma menininha de cabelos escuros bagunçados, olhos azuis, rosto vermelho de tanto correr imagino, se aproxima.

- tio eu quero mais um! - ela me exige.

- mais um? Pra quem? - pergunto achando graça da pose que ela faz.

- pra minha irmã !

- e quantos anos ela tem? - pergunto curioso.

- ela tem assim - ela abre as duas mãos e balança.

- mas assim da vinte e três - digo - acho que não tenho nada pra ela.

- mas eu quero - ela diz fazendo bico.

- creio que sua mãe já deu o presente dela sim?

- minha mãe morreu . - ela fala rápido.

- desculpe eu não sabia - digo envergonhado- que tal esse? - digo mostrando uma pequena luminária em forma de vaso de flor.

- ela vai gostar, lá em casa tem umas flores mas é de mentira. - ela diz rindo .

- tudo bem, até mais!
- tchau tio Samuel, bligada. - ela diz meio enrolada.

Depois que terminamos, tiramos algumas fotos e fizemos pinturas.

- Samuel temos que ir - Arthur me chama.
Nos despedimos das crianças que estão mais interessadas nos brinquedos que acabaram de ganhar.

Estou indo em direção ao portão e quando o empurro ouço um baque.
Olho pro chão e vejo uma moça caída reclamando de alguma coisa, ofereço minha mão mas ela me olha com raiva eu acho, fica parada me olhando, acho que me reconheceu, espero que não faça um escândalo.

Mas quando começamos a conversa percebo que ela está irritada comigo, eu não tenho culpa mas acho que ela nao se deu conta disso, pois nesse momento esta soltando todos os seus problemas em cima de mim, e por mais irritada que ela esteja eu só consigo ver o quanto ela é bonita, sim bonita, apesar de estar vestindo uma espécie de uniforme, os cabelos estarem um pouco baguncados, o rosto vermelho e um galo? Sim um galo, continua bonita, mas seus olhos azuis se destacam em meio a sua pele branca e cabelos escuros.

- é ladrão também?

Sinto um choque .

- o que?

Ela aponta pra bolsa e depois de devolver ela me encara e entra pra dentro da creche, e eu fico ali parado, olhando ela ir embora.

- esquece cara, ela tem filho e provavelmente é casada. - Arthur diz sorrindo.

- o que? - pergunto olhando incrédulo pra Arthur.

- eu vi como olhou pra ela, esquece.

- não há nada demais, só fiquei preocupado.

- hum, sei, vamos?

-sim, claro.

E assim voltamos para o palácio.

- depois do almoço vamos ao orfanato, e depois temos uma apresentação no palácio mesmo de crianças da orquestra da cidade. - Arthur fala ao meu lado, mas a única coisa que consigo me concentrar é naquela mulher, a qual nem seu nome eu sei.

💎

Resolvi adiantar mais um capítulo pra vocês gente, obrigada pelas 4 visualizações, isso já me deixa feliz demais ❤❤❤❤❤❤❤