"Eu fiz dezoito anos... E finalmente entendi o que as pessoas significam umas pras outras."
BANG!
Uma bala atinge a parte inferior da minha perna. Tento me reerguer, mas a dor e a quantidade de sangue jorrado me impediram de cometer esse ato.
— James, não! — Alyssa gritava, enquanto os policiais a algemaram — Você não pode fazer isso! Por favor, James! — ouvi-la suplicando me doía. Por Deus, e como doía!
No entanto, eu não podia deixa-la pagar por um erro o qual cometi. Ela não merece sofrer as consequências desses crimes por minha causa. Era meu dever protegê-la...Desde que me lembre, nunca fui capaz de sentir emoções. Meu coração era revestido por uma espessa camada impermeável de sentimentos. Nunca consegui compreende-las, tudo sempre fora confuso pra mim. Todos os dias, um imenso vazio existencial me atingia, apenas enxergava a vida em preto e branco... Mas essa 'triste realidade modificou-se, assim que a novata veio falar comigo, pela primeira vez, na escola.
A Alyssa me mudou.
Depois que eu a conheci, descobri um novo sentimento, o qual eu nunca havia sentido antes: amor.
Agora eu finalmente entendo o que é ser humano, estar vivo.Talvez tivesse sido diferente, caso eu não tivesse fugido. Quem sabe, estaríamos sendo interrogados pela polícia — ou na pior das hipóteses, indo pra prisão — mas ainda juntos. Nós fizemos toda essa confusão juntos!
Seus gritos ainda ecoavam em minha mente. Lembro de quando eu ainda estava com a estúpida de ideia de mata-la, imaginei o quão prazeroso seria ouvir suas súplicas, enquanto seus lindos olhos azulados apagavam-se para sempre. Agora, percebi o quão torturante é escuta-los. Eu estava morrendo de dor — literalmente. Minha perna parecia ter sido derramada em um balde de tinta vermelha, de tanto sangue que havia jorrado; está impossível respirar, o ar não atinge meus pulmões; e a pior de todas as dores... Bem, não é uma dor física...
— Desculpe, Alyssa — sussurro com minhas últimas forças — Me desculpe por tudo... — e então, meus olhos se fecharam. Mas a imensidão azul de seus olhos ainda continuam em meus pensamentos...
[...]
Meus olhos cambaleam, e observo lentamente a parede e o piso brancos. Mais que droga de lugar é esse? Eu morri?
— Finalmente você acordou. — Comentou uma mulher. Eu a conhecia de algum lugar, mas meu raciocínio está tão lento que não consigo me recordar.
— Quem é você?
— Perdão pelos meus modos. Sou a detetive Teri, estou cuidando do seu caso. - Puta merda
— E o que aconteceu?
— Você estava ferido, James, nós o trouxemos para cá. Afinal de contas, é o principal suspeito pelo assassinato de Clive Koch. Alyssa também não foi descartada, mas precisamos de mais provas para incrimina-la também. —O quê? A Alyssa estava sendo julgada por uma merda que eu cometi? Isso não pode estar acontecendo.
— A Alyssa não tem culpa de nada — retruquei. — Fui eu quem matei Clive Koch — Teri me encara, desconfiada.
— Como eu posso acreditar que você não está mentindo para proteger ela? — engulo seco.
— Acredite se quiser, mas é verdade. Eu a sequestrei — respondi rudemente — Onde está Alyssa? — perguntei, mudando o assunto.
— Você não pode vê-la.
— Mas eu preciso, pelo menos, saber se ela está bem! — aumento meu tom de voz. A detetive ergue suas sobrancelhas e se levanta.
— Por favor, você sequestrou a garota e quer saber como ela está? — replicou, sorrindo falso, e entreabriu a porta. Fiquei sem respostas.
— Eu surgiria que você parasse de mentir, e não estou dizendo isso pra te prejudicar — disse, me encarando— Bem, não se preocupe, vou tentar arranjar pra você uma cela não muito ruim na cadeia — ela riu sarcástica — Nos vemos em breve, James. — E saiu.
— Vaca — murmurei. Não sei o porquê, mas dizer isso me lembrou meu primeiro encontro com Alyssa, quando a mesma discutiu com a garçonete do lugar. Está bem, aquilo não foi legal, fiquei morrendo de vergonha, contudo, admito que não consegui conter meu riso.
O resto dia foi uma droga. Maldito dia de merda!
Eu fiquei apenas observando o nada, pensando nas possibilidades de Alyssa estar bem, ou o que acontecerá comigo dentro da cadeia. Meu pai veio me visitar hoje a tarde, ele aparentava estar arrasado com tudo o que está acontecendo. Admito que senti uma pontada de culpa por odia-lo. O antigo James estaria pouco se fudendo pra isso, mas, porra, eu não sou mais esse James:
— Fiquei preocupado com você, pensei que tinha morrido... — seus olhos estavam inchados e algumas lágrimas escorriam de seus olhos.
— Eu o matei, pai. Sou eu o assassino, não Alyssa. Ela não pode pagar por algo que fiz — acredito que essa seja a primeira vez que eu esteja sendo sincero com papai.
— Você pode ser estranho às vezes, mas sei que não é uma má pessoa —eu o encaro — Agora, me diga, você realmente a sequestrou? — de repente, todas as minhas últimas lembranças com Alyssa vem a tona: todos aqueles momentos felizes, todas as vezes que nos metíamos em encrenca, mas escapavámos. Aquilo me doía tanto:
- Eu fiz todas essas merdas porque a amo...
Notas finais: Olá unicórnios! Assisti recentemente The End Of F*cking world, e fiquei tão triste com o final que decidi escrever uma Fanfic contando uma versão alternativa da estória. Espero que vocês tenham gostado, em breve sairão mais capítulos!
Abraços
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Wings [The End Of The Fucking World]
FanfictionJames nunca fora capaz de sentir emoções, desde que se lembre. Todavia, Alyssa atravessou as barreiras de seu coração e, pela primeira vez, James descobriu o quanto as pessoas significam umas pras outras. Após os eventos da primeira temporada, o jov...