99 Problems

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Se você tem problemas com mulheres, lamento por você filho

Eu tenho 99 problemas, mas uma vadia não é um.

—Jay Z

Depois de toda aquela introdução dramática, vou contar exatamente tudo o que houve com a gente. E caralho, não foi pouco coisa.

Eu nunca fui um bom aluno, sempre gostei de desenhar e admirar as grandes construções arquitetônicas. Mas nunca passou de um hobby, acho que de fato, nunca tive um sonho ou um desejo verdadeiro por qualquer coisa que fosse. Por isso, não me dediquei o suficiente ou me importei o bastante para fazer as provas, ir a grupos de estudos. Da para imaginar que minhas notas não eram das melhores, parte delas estavam vinculadas a:

1º- O fato do meu pai ser um homem bastante influente na cidade, todos conhecem o dono das empresas Falcon. Ninguém reprovaria um Vaughan. Ninguém prejudicaria a fama do filho do futuro senador.

Isso não é algo do qual eu me orgulho, eu e meu pai não temos uma boa relação, se por assim dizer. Mas não posso fingir que não sei o que acontece ao meu redor.

2º- O meu dinheiro para subornar alunos CDFs para fazerem meus trabalhos e provas, enquanto eu me recuperava das intermináveis festas e dias de ressaca.

Em compensação eu descobri meu maior talento aos 12 anos quando no dia dos namorados recebi centenas de cartinhas de garotas de todo o colégio. E me aperfeiçoei nele com o tempo, mulheres sempre foram minha maior diversão e a maior facilidade. Também é fácil de entender, quero dizer olha para mim, eu tenho 1,92 de altura, cuido do meu corpo, tenho a pele bronzeada o sorriso que faz com que as calcinhas caiam no chão antes mesmo que eu precise dizer algo, sou o melhor jogador de basquete da faculdade, todas as garotas usam a camisa com o meu número 23, meu cabelo é legal curto e preto, o maxilar bem marcado que as mulheres adoram beijar e meu p... Talvez esteja me gabando demais. Vamos continuar... algo que precisa saber antes de continuarmos: sou meio narcisista.

Era completamente narcisista, mas então ela aconteceu e eu tive que dividir minha cabeça com a imagem dela, a voz dela, os beijos, o sexo. De repente meu maior amor deixou de ser o espelho e se tornou aquela maldita mulher com gostos estranhos. Quando dei por mim a única coisa com a qual eu me importava era se ela estava feliz, se ela estava se sentindo bem, se ela me achava bonito... Céus eu estou fodido.

Agora que já me conhece vamos ao inferno, leitor:

Foi em um desses dias de ressaca que eu te conheci.

Havia sido uma noite divertida, fui a festa da fraternidade dos jogadores da faculdade. Joguei alguns jogos que envolveram garotas seminuas, ganhei alguns jogos que me fizeram beber até que eu ou o meu adversário vomitássemos, sem querer me gabar... ele vomitou primeiro. E por fim, fui para o quarto com duas garotas lindas —como de costume, sem querer me gabar—.

Claro que nem tudo foram flores. No dia seguinte o sol que entrava na pequena janela do quarto de um dos jogadores - amigo meu - me acordou fazendo meus olhos arderem e minha cabeça latejar. Resquícios de mais uma noite comum em minha vida miserável e sem sentido. Me dei conta de que estava no chão e as duas garotas na cama, o que é compreensível, já que eu jamais durmo de conchinha com alguém, não é meu lance. Não é fácil sair de fininho quando tem uma pessoa praticamente desmaiada em cima de você.

Minhas costas estavam duras, meu pescoço mal se mexia, minha boca seca e nem preciso entrar em detalhes sobre meu hálito. Me levantei do chão, estava nú, então recolhi minhas roupas e as vesti. Assim que sai do quarto, vi que não era o único que estava fodido ao me dar conta da quantidade de pessoas praticamente em coma no chão da fraternidade. Ri internamente da situação, mas externamente não conseguiria esboçar um sorriso nem se me esforçasse ao máximo.

Fui direto para cozinha onde uma garota estranha de cabelos vermelhos, curtos e várias tatuagens enchia um copo de água.

—Dia ruim, bonitão? — Ela perguntou se virando pra mim.

Tentei disfarçar a carranca devido a dor e apenas dei um leve aceno com a cabeça confirmando. Ela me entregou o copo, tomei de uma vez só e depois mais uns 4.

—Já ouvi várias histórias sobre você, mas nunca imaginei ver a lenda, Reeve Vaughan, quase morto após uma noite de festa, sexo e rock n' roll. — ela fez piada. Dei um sorriso forçado, não estava nem um pouco a fim de conversar.

Então os corpos começaram a se levantar do chão, gemidos de dor foram ouvidos provavelmente outros infelizes com ressaca. Aqueles resmungos estavam me deixando ainda mais nervoso.

— Eu odeio o dia seguinte – resmunguei para a garota. Ela riu e passou as unhas longas pelo meu peito. Confesso que me interessei por instante, mas não conseguiria pensar em nada com dor e aquele gosto de bebida até na garganta.

—Que tal a gente sair daqui? Eu conheço um lugar mais quieto onde você pode descansar, posso te fazer uma massagem.— ela sugeriu com malícia apertando meu braço. Eu não sou de aço e a oferta era no mínimo tentadora.

— Só preciso da chave do meu carro — sussurrei em seu ouvido e ela magicamente começou a roda-la em seu dedo indicador.

— Antes nós precisamos passar em um lugar... a sala do treinador. Preciso entregar uma coisa, fica do lado da biblioteca/radio da faculdade... deve conhecer— Para ser sincero eu conhecia, uma vez sai com uma garota que trabalhava lá, mas acabei indo pra uma festa de ritual macabro. Stacy terminou a faculdade um ano depois grávida e casada com um professor. Bons tempos.

Eu sorri para a garota peguei os óculos escuros dela e vesti e lá fomos nós na "highway to hell" como diria sua banda querida AC/DC. Naquela manhã entrar naquela biblioteca e ficar deitado em um dos sofás fedorentos de lá me parecia uma boa ideia enquanto esperava minha conquista resolver seus compromissos. Mas hoje eu me pergunto foi mesmo a coisa certa a se fazer? Eu não sei se aquela foi realmente uma boa, porque bom... você trabalhava lá e isso fodeu com tudo. Foi nessa maldita biblioteca, no meu maldito refúgio, que eu conheci a maior encrenca em que já me meti, e olha que não foram poucas. Irônico eu falar de encrenca né? Já que era como você me chamava, mas Linda, você era problema, falava como um problema, se vestia como um problema e, apesar do seu rosto angelical, era cheia de demônios. Você me bagunçou.

Nota: Relembrar isso me fez sentir sua falta o que é uma merda, mas eu preciso me lembrar para esquecer, não é mesmo? Mesmo que eu saiba que te esquecer, linda, seria impossível. 

Onde Está Você, Hazel? (Degustação - Completo e grátis na Dreame)Onde histórias criam vida. Descubra agora