DEGELO

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Coração que era doce, se virou em pedra

Cansada de tantas tristezas, de tantas mazelas

De assistir pela vida à fora a brutalidade do desamor

Que acinzenta, pintando à carvão, toda a aquarela do coração

.

As lágrimas secaram, foi choro demais

Suas palavras calaram, lhe ignoraram demais

Seus ouvidos fecharam, lhe mentiram demais

A alegria acabou, lhe bateram demais

.

Tudo em sua vida esfriou

Sua temperatura emocional abaixo de zero

Todo seu viver congelou

.

Contida dentro de si, nessa prisão interior

Foi-se sufocando, engasgando-se com tanto rancor

Com tanta solidão, de tudo se isolou

.

Não mais reconhecia a si mesma

Nenhuma conquista lhe enchia a mesa

.

Foi quando, na angústia

Não suportando mais seu viver sem que, nem para quê

Seu viver sem motivo, sem objetivo, seu viver sem direção

Sem necessidade, sem nenhuma bondade, sem nenhuma razão

.

Viu que o tempo passou

Que a vida fora de seu peito, pulsou

Que o encurtamento de sua existência, finalmente pesou

Que não queria mais aquela geleira que em sua alma, concretou

.

Percebeu que, porque sorriu, o dia estava sorrindo

Porque se abriu, o calor foi lhe invadindo

Porque acreditou, outras mãos lhe estenderam

Porque se deu, tantas luzes acenderam

.

Tão veloz e tão firme, viu-se em pleno degelo

Pingando por seus olhos, lagrimas de felicidade

Emoções à flor da pele, percebeu uma nova cidade

Um novo campo, uma nova vida, um novo caminhar

E nessa onda liquefeita, se deixou levar

.

Líquido, macio, como corredeira de rio

Que não para diante das pedras, problemas, desafios

Segue seu rumo, seu leito bonito

Contornando obstáculos, novos lugares infindos

Às vezes devagar, as vezes correndo, mas sempre assistindo

.

Assim é a vida: dura, mole, torta, reta

Nunca igual, nunca deserta, tudo depende de quem a enxerga    

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⏰ Última atualização: Jan 31 ⏰

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