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O celular tocou estridente às 02h37min da manhã. Jungkook praguejou os deuses e o universo por ter acordado quando finalmente tinha conseguido vencer uma insônia que o perseguia há dias.

— Isso precisa ser muito importante — Disse, ainda sonolento, ao caminhar até o outro lado do quarto onde se encontrava o seu maldito celular — Deveria ter desligado esse troço — Continuou resmungando.

Talvez Jungkook deveria ter ficado em sua cama, já que nunca atendia ligações na madrugada. Ter ignorado aquela chamada anormal era uma das melhores opções.

Mas e se fosse algo muito, mas muito importante? E se alguém tivesse morrido e alguém ligou para avisar? Convenhamos que existiam trocentas possibilidades.

— Oi — Disse arrastado, tentando não dormir ali mesmo — Olá, bom dia. Obrigado por me acordar.

— E-ei — A voz do outro lado da linha saiu como um sussurro angustiado e baixinho, quase inaudível. Jungkook sentiu o seu coração estremecer e sua alma querer sair para fora do corpo.

— Quem é? Olha, é tarde e eu deveria estar no meu décimo sono.

— Me ajude, por favor — Jungkook ouviu alguém gritar, mas não era a voz que segundos antes pediu por ajuda, era uma voz forte e cheia de ódio, como se estivesse aborrecido. Um som de vidro sendo arremessado contra o chão ocupou toda ligação.

— Isso é um trote? Uma brincadeira de péssimo gosto? — Ele disse sorrindo, mas era notável seu nervosismo — Taehyung, eu vou comer o seu cu se for coisa sua. E não vai ser da forma que você gosta.

— Ele vai me achar, eu não me escondi bem. São muitos com ele, muitos para me encontrar e... — A voz não muito fina do outro da linha falou sem pestanejar. Ele soluçou, um soluço que guardava um grito que ele não podia dar — E-eu não vou conseguir, uh.

— Porra! — Disse, jogando seus cabelos bagunçados para trás — Qual teu nome? Onde você está?

— Jimin — Outro soluço — Estou em qualq-

O celular de Jungkook apitou, cortando a voz do garoto do outro lado da linha. — Espere, preciso colocar o celular na tomada.

— Eu preciso de ajuda. Me ajude, me ajude!

— Preciso que me diga onde está para que eu mande ajuda.

— Eu não sei... Eu infelizmente não sei como informar corretamente.

— Como assim você não sabe? — Disse nervoso. Ele estava tão fora de si que as veias de sua testa estavam começando a ficar inchadas e evidentes.

— Minha família está de férias... — Jimin sussurrou tão baixo novamente — Essas pessoas entraram aqui e bateram no meu pai e eu só pude olhar os lábios da minha mãe dizer um se esconda, então eu corri — Engoliu um começo de choro sentido e doloroso, daqueles que a garganta dói quando não sai do jeito que precisa sair.

— Se eles estiverem por perto, não fale nada — Jungkook tentou amenizar aquela situação, mesmo que fosse impossível.

— Ele está. Meu Deus, ele tem uma arma. Eles todos estão armados.

Do outro lado da linha, Jungkook podia ouvir o choro baixo daquele garoto e enquanto ouvia, sentia que deveria fazer algo urgente. Ele não se perdoaria se algo de ruim acontecesse.

— Preciso desligar para saber sua localidade usando seu número.

Silêncio foi tudo que Jungkook teve em resposta por malditos 10 minutos. Ele também não disse nada, sabia que se falasse poderia, quem sabe, ser ouvido por quem não deveria ouvi-lo.

last call • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora