Por que não pude parar pra morte, ela parou pra mim de bondade. No coche só cabíamos as duas. E a imortalidade.
- Emily DickinsonComo um alvo, eu estava o tempo todo todo à mercê de uma bala, nunca sabia quando iriam atirar.
Antes eram apenas pesadelos no meio da noite, mas agora, são flashbacks durante os dias e horas em que estou acordada...ou recordando de coisas que não vivi, ou voltando pra casa.Nona me acordava no meio da noite a cada quinze Dias, já estava virando rotina, desde que bati em sua porta aos dezesseis anos - Sem me lembrar o porque - Ela não acolheu uma garota, e sim um problema que tirava o sono dela com gritos altos o suficiente para acordar a vizinhança.
Eu tinha pesadelos desde sempre, pelo menos desde que cheguei aqui - Que é só o que me lembro - estava exausta.
Nona enxugava o suor e a febre diminuía gradativamente conforme eu acordava.- Conseguiu ver dessa vez? - Ela perguntou com o pano na minha testa.
- Só sei que estava escuro outra vez, e frio demais, e ele não parava de me machucar.
- Bom, veremos mais daqui uns dias. Descanse agora. - Ela diz, me deixando.
Nona diz que meus sonhos são lembranças do meu antigo lar, do qual não me lembro. O dr. Noguel odisse que sofri algum acidente antes de chegar à porta de Nona, pois perdi todas as memórias passadas. Ninguém veio me procurar, e ninguém sabia de nada, nunca haviam me visto. Eu não sabia nem meu sobrenome.Depois de me cansar tanto na noite, finalmente caia no sono, leve e passional.
Esse era o ritual, e depois de alguns dias ele se repetia.
Isso já faz cinco anos.
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Pela manhã,
Eu trabalhava na taberna com nona e jenny, sua filha. -Desde os dezesseis anos - E também na casa do barão quando era chamada. Ele tinha duas filhas, - ruivas, não muito bonitas - que faziam de tudo para se casar e todos os meses davam um baile para os rapazes de famílias ricas que vinham de outros lugares para Portugal. E eu apenas era uma ajudante de seus caprichos. Mas me tratavam como da família.Mal passei pela porta de seu quarto e já ouço o som agudo de vozes das duas.
- Totti!!!! - Um dueto gritando meu nome. - Não vai acreditar.
- Eu acho que não. Mas pode haver uma possibilidade, me surpreendam. - Digo.
- Os montepios chegam hoje da Espanha. E disseram que viriam na reunião de hoje. - Elas chamavam suas festas de reuniões, mas só havia bebida e fofocas. E um mês depois, alguém grávida.
- Quanta emoção. E o que vai vestir? - Digo já abrindo o guarda roupa.
- Eu vou com o verde, você pode passar. - Diz Andressa, a de rosto mais fino.
- E eu o roxo. Quero brilho, quero ser notada assim que eles entrarem. - Diz Mabel a de voz rouca.
- Eu vou fazer isso. Ah, será que vocês podem adiantar meu pagamento ?Essa é minha última semana aqui. - Digo
Elas param de falar, num silêncio.
- Não acredito que vai embora Tottini. - Diz Andressa.
- Sinto muito meninas, mas eu preciso voar. - Elas me olham com desprezo ao ouvir.
- Pelo menos venha na reunião de hoje a noite. Como um fechamento e despedida? - Diz Mabel.
- Nem pensar, era só o que faltava, o que eu iria fazer? Servir os convidados?