Ao longo da nossa história "homens" chamaram a si o direito de governar e espalhar o terror no mundo. Irei focalizar-me apenas em Adolf Hitler, uma dessas figuras que matou mais de 6 milhões de judeus e 11 milhões de homossexuais, padres, ciganos, portadores de deficiências mentais ou físicas, comunistas, sindicalistas, testemunhas de Jeová, anarquistas, poloneses, outros povos eslavos e combatentes da resistência.
Este "homem", associado à chamada raça ariana e à sua pátria, a Alemanha, sobrepôs-se a todas as outras raças e minorias. Ele foi o verdadeiro responsável pela II Grande Guerra e pelas mais de 70 000 000 de pessoas (soldados e civis de ambos os lados) mutiladas no conflito.
Não deixar cair no esquecimento tais atos horrendos para que não restem dúvidas de que não se devem repetir, é uma missão nobre. Neste sentido, é importante destacar a importância de monumentos construídos nesta época, pois são eles que nos recordam o holocausto, o genocídio, o pior lado da raça humana!
Em prol desta ideia, decidi entrevistar o Sr. João Paulo Pereira, que pertence ao meio católico, e que foi recentemente ao maior campo de concentração nazi, Auschwitz.
Entrevistador: desde já, deixe-me agradecer a sua disponibilidade e colaboração nesta entrevista. O senhor pertence ao meio católico e tem 33 anos. Começo por lhe perguntar se sempre teve o sonho de um dia poder visitar Auschwitz?
João Paulo Pereira: sim, era um sonho antigo. Sou um amante da história, nomeadamente da II Grande Guerra. Poder ver de perto, percorrer os caminhos e sentir a dor perante testemunhos de tanta crueldade...que muito nos ensina nos dias de hoje!
Entrevistador: O que é que lhe despertou esse interesse?
João Paulo Pereira: tal como já referi, Auschwitz é a herança física que testemunha o quanto um povo, o Homem, pode ser muito pouco humano. Mas também é um grito que ainda hoje testemunha a esperança do "nunca mais"...
Entrevistador: Qual foi a primeira sensação que o senhor sentiu ao entrar em Auschwitz?
João Paulo Pereira: emocionei-me pela dimensão e pela frieza do local... um vazio, um deserto humano..., imaginados já nos filmes, como "a lista de Schlindler", o medo, o terror, a violência, ... e chorei pensando na verdade crueldade...! Não consegui dizer uma palavra... apenas rezei!
Entrevistador: pensou nos milhares de vítimas, nomeadamente nos judeus?
João Paulo Pereira: em todas as vítimas...pois não foram só judeus. Pensei na indiferença, na frieza, na dureza de todos e dos espaços...custa ver tanta organização para o mal...
Entrevistador: O que experienciou?
João Paulo Pereira: Gostei muito de percorrer os passos, em jeito de via-sacra dolorosa, pedindo perdão por tanta desumanidade. E pedi que sempre pudesse ser melhor com quem comigo vive e partilha a alegria da comunhão.
Entrevistador: Gostava de algum dia retornar a Auschwitz?
João Paulo Pereira: Gostaria de voltar, até porque ficou muito ainda para ver. Como fomos integrados nas jornadas mundiais da juventude e havia muitas visitas, não pudemos entrar nos espaços que testemunham com vídeos ou fotos e que lembram a humanidade do que ali se passou...alertando para que não é com a guerra que se resolvem diferenças, mas dialogando e procurando o bem comum.
Com esta entrevista, penso ter conseguido demonstrar a minha teoria. As palavras do entrevistado, relativas à visita a Auschwitz, revelam todo o sofrimento, ódio e negatividade da Humanidade que foi a II Guerra Mundial. Aquele espaço é a imagem viva do que deve ser evitado. Entre muitas outras razões, esta é uma que justifica a preservação dos monumentos. Estes devem ficar de pé! Eles são o testemunho do terrível passado para que o recordemos e não se volte a repetir!
Um texto de
José Pedro Pereira
ESAS 2017/18
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Monumento: memória educativa
RandomEntrevista a um visitante de Auschwitz. Exercício expositivo criado no âmbito da disciplina de Português do 10º ano de Ciências e Tecnologias dos Cursos Científico_humanísticos da Escola Secundária Alberto Sampaio - Braga.