Unico

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 Kaira estava sentada em uma mesa, bebericando um coquetel qualquer que algum amigo tinha lhe trazido. Ela prometeu que não beberia esta noite.

 Não, esta noite não. Mas provavelmente amanhã beberia até cair, então beberia mais ao acordar - para evitar a ressaca - e continuaria assim por uma semana.

 Mas ela tinha prometido ficar sóbria essa noite.

 Era o casamento de Eli e Marcela, afinal de contas.

 E era o casal feliz que Kaira observava rodopiar pela pista de dança.

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 Algumas musicas depois e a maioria dos presentes acompanhavam os noivos na dança. Kaira se aproximou, permanecendo no bar e pedindo outra dose de qualquer fosse a bebida com abacaxi que tinha bebido. Não, ela precisava manter o autocontrole, mas não havia maneira dela aguentar essa noite completamente sóbria.

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 Kaira estava tranquilamente beliscando um dos pratos do buffet quando esse rapaz se aproximou. Bonito, provavelmente familiar de Marcela - depois desses anos todos ela conhecia a maioria da familia de Eli.

 Ele pediu uma dose de tequila e tentou puxar assunto. Normalmente ela teria se permitido. Teria curtido. Mas não hoje.

 Desejou tê-lo encontrado na noite seguinte, onde ela definitivamente teria permitido que o rapaz a levasse para a pista - e só os deuses sabem para onde depois.

 A conversa foi facil, até que ele insistiu para dançarem. A ruiva definitivamente não estava a fim, mas queria tê-lo enrolado um pouco.

 — Qualé linda, se voce não me der uma chance nunca saberemos... vai que minha fita se encontra com a sua?

 Ela se permitiu um suspiro.

 — Eu sei que não, rapaz - disse simplesmente, voltando sua atenção ao que comia.

 — Uma Ichiko, então? Devia ter adivinhado somente pela cor de seu cabelo.

 Ela apenas o encarou, um sorriso leve e uma sobrancelha erguida. Se ele a chamou de Ichiko, e não bruxa, não vidente, não agouro... ele no minimo sabia do que estava falando.

 — Os noivos da noite sabem?

 — Sim.

 — E eles te perguntaram sobre as fitas deles?

 — Sim.

 — E...?

 — E não te interessa.

 — Certo então - ele nunca perdia o sorriso - Voce está vendo a minha fita, não é? Está por acaso ligada à alguém nesse salão?

 — Não - respondi sem hesitar

 — Mais uma pergunta?

 — Só mais uma... senão começo a cobrar - tento esconder o sorriso, mas minha voz me traiu

 — Se voce pode ver as fitas... porque não segue a sua até sua alma gêmea?

 Pondero por um momento em como responder.

 — É mais complicado que isso. Se alguém é destinado a mim, então os deuses farão que essa pessoa surja no meu caminho. Só preciso viver, e nossas vidas se encontrarão.

 — Eu não arriscaria. Vai que eu chego e pessoa já está com outra. Deve ser horrível saber que a pessoa é sua alma gêmea e vê-la feliz com outra pessoa.

 — Deve ser. Me dá licença? Meu celular está vibrando, vou lá fora atender.

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 Quando Kaira voltou, depois de alguns minutos enrolando e mexendo em qualquer rede social  que tivesse notificações pendentes, o rapaz já tinha sumido.

IchikoWhere stories live. Discover now