PRÓLOGO

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Carmen era uma jovem pobre e infeliz. Órfã, ela vivia sozinha em uma cabana na floresta cultivando flores. Foi criada pela senhora BlackWater, uma velha florista do vilarejo de Vanfelsk bastante respeitada, mas ela havia falecido há quatro anos e sem para onde ir, Carmen decidiu ficar e continuar a cultivar as flores e vende-las. Mas depois da morte da velha florista as vendas caíram, o que ela ganhava por dia não dava para comprar muita coisa, tinha dias que ela não comia nada além de algumas frutas silvestres que crescia pela floresta.

No começo, ele vendeu alguns objetos da cabana e isso lhe rendeu um acréscimo, mas mesmo economizando, o dinheiro acabou e depois de vender a última coisa de valor da cabana, as coisas só pioram. Mas ela não parou de cultivar, acordava todos os dias antes do sol nascer, colhia as flores, colocava algumas no carrinho de mão, outras em uma sacola que ela levava nas costas e ia para a praça da vila, onde vários outros floristas e vendedores de verduras montavam suas barracas.

- Flores! Lindas flores! Ei moça, gostaria de comprar flores? Elas estão lindas hoje.

- Não, hoje não. Talvez semana que vem.

- Tudo bem. Obrigada mesmo assim.

- Senhorita Carmen, vejo que ainda insiste em vender essas... "flores". – disse o senhor Bulsior, um velho florista concorrente.

- Sim, ainda insisto e nunca pararei senhor Bulsior. - Seus olhos se voltaram para as flores e um profundo suspiro cresceu em seu peito.- Eu sei que elas não estão como antigamente, quando a senhora BlackWater ainda era viva, mas eu estou me aperfeiçoando. Sei que conseguirei. – Ela sabia que ainda poderia fazer melhor e não iria desistir.

- Bom, mesmo conseguindo, suas flores nunca serão iguais as minhas, certo? Sabemos que as minhas eram e sempre vão ser as melhores, e...

- As da senhora BlackWater eram as melhores e você sabe muito bem disso senhor Bulsior. E quanto as suas serem as melhores desde quando ela se foi, veremos se ela vai continuar a ser.

- Isso é uma ameaça senhorita Carmen?- perguntou o velho florista, dando um sorriso malicioso.

- Não, é apenas um aviso. Passar bem senhor Bulsior.

- Passar bem.

Mas as flores continuavam do mesmo jeito e Carmen não sabia o motivo. Ela seguia todos os passos que a senhora BlackWater havia lhe ensinado, mas nunca ficavam iguais. Ela começou a temer, se o dinheiro de fato acabasse ela não iria conseguir cultivar as flores e passaria fome.

***

Certa noite Carmen acordou com um barulho de patas arranhando a porta, ela espiou pela janela e era apenas um cachorro de pelos escuros. A tempestade lá fora estava bastante forte e o cão estava tremendo de frio. Ela decidiu abrir a porta e deixar o cão entrar, se ela acordasse e o visse morto, sua consciência não a deixaria em paz. Pegou algumas cobertas velhas e colocou perto do cachorro, que deitou em cima e começou a se esfregar. Carmen achou engraçada a atitude do cachorro, pensou que ele seria uma boa companhia nesses dias difíceis.

O cachorro apesar de ter porte grande, aparentava ser um filhote, extremamente brincalhão e astuto, quando Carmen ia para a praça ele ia junto e passava o dia todo brincando com as crianças do vilarejo, então Carmen teve a ideia de fazer uma coleira improvisada de tecido e corda para ele ajuda-la na hora de carregar as flores para a praça.

Ele chamava muito a atenção das pessoas, que por sua vez passaram a comprar as flores de Carmen com mais frequência. Carmen o nomeou com o sobrenome da senhora BlackWater, pensava que para compensar a perda, ela havia lhe mandado o cão para ajuda-la na venda das flores.

Os Contos de BlackWaterOnde histórias criam vida. Descubra agora