Nada Cinderella

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O ano era 1603, Elly vivia bem com sua família. Seu pai era um homem de grande influência, era um bom mercador e tinha uma boa estabilidade financeira. Sua mãe era uma dama da sociedade, muito influente também, suas festas eram as melhores da pequena cidade do interior da Inglaterra. Seus trajes eram de dar inveja a qualquer mulher. Mas quem Elly admirava mesmo era seu pai, para ela Henry era um herói, sempre que voltava de viagem contava a filha sobre suas aventuras.

Em uma dessas viagens seu pai lhe trouxe um pequeno caderno. Ele a presenteou dizendo que aquele singelo livro seria seu companheiro por toda a vida, no qual ela poderia escrever o que sentia, o que desejava e até o que odiava. E nos dias de saudades seria o substituto de seu pai. Por anos sua vida foi boa, até o dia em que seu pai teve que viajar para uma cidade vizinha em busca de mercadoria.

Quando Elly tinha sete anos, seu pai foi brutalmente assassinado durante a noite. Giselle, sua esposa, cansava de dizer para ele não viajar durante a noite pois era perigoso, mas como o aniversário da filha estava próximo, ele queria chegar rápido. Sendo assim durante a noite ladrões se aproximaram para lhe roubar, Henry, tentando se defender, fora apunhalado acertando em cheio seu coração.

A triste notícia chegou dias depois, o funeral foi bem simples e Giselle tocou a loja de seu marido até os estoques acabarem. Com isso ela conseguiu juntar dinheiro o suficiente para alguns anos.

Quando Elly completou dez anos, a mãe demitiu os empregados, vendeu o imóvel que era a loja e pôs a pequena filha para trabalhar. Elly teve que aprender tudo sozinha, já que a mãe não fazia a mínima ideia de como se passava uma roupa. Durante os primeiros anos Elly fazia tudo de bom grado, limpava, passava e cozinhava para a mãe.

Com o tempo a mãe foi ficando muito cruel com a pobre menina, ela a colocou para dormir no sótão com a desculpa que precisava de um quarto para suas roupas. Mesmo depois da morte de seu marido, Giselle ainda mantinha as aparências, nunca assumindo que estava entrando a falência.

Elly viveu assim durante anos, sozinha, tendo apenas a companhia dos animais, no qual sempre conversava. E ainda tinha o caderninho que seu pai lhe dera, ela as vezes escrevia nele, sem sua mãe saber. Giselle vinha ficando cada vez mais agressiva e megera com a filha.

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