O Conde com Olhos Safira
14 de julho de 1865
Os primeiros raios de sol cortavam a fresta que minha cortina deixara na janela, atingindo meus olhos em cheio. Espreguicei-me e retornei para debaixo das cobertas sem nenhuma vontade de me levantar.
- Rosebelle! Acorde!
Ouvi os gritos de meu pai vindo da sala, que voz ele tinha, consegui fazer estremecer até mesmo as paredes de meu quarto no segundo andar da casa. Sorri novamente e me enrolei mais ainda. Logo Tamara adentrou meu aposento, nervosa.
- Srta. Vinata, por favor, seu pai esta furioso, vou acabar sendo advertida por deixá-la dormir até essa hora – ela abriu a cortina.
Recusei-me a olhá-la, até que tive meu lençol arrancado. Sorri alto.
- Por favor Senhorita.
- Fique calma Tamara, meu pai não vai se incomodar ou mesmo brigar com você – ajeitei-me na cama, sentando por fim.
- Mas hoje não é um dia qualquer, o representante de seu noivo esta vindo aqui para acertar os detalhes de vosso casamento – em sua pele morena o sol reluzia, brilhando como se estivesse apaixonado.
Tamara era a mulata mestiça mais linda que poderia existir, não era a toa que meu pai a olhava com tanto desejo, imagino que se pode dizer que poucas mulheres eram quase tão lindas quanto eu.
- Srta. Vinata, por favor.
- Ah tudo bem, tudo bem...
Saltei da cama e fui direto para frente do espelho, minha camisola branca não fazia jus ao meu corpo, e meus delicados cabelos ruivos, não importando por quanto tempo eu dormisse, sempre acordavam em sua perfeita ondulação, dignos de uma princesa.
Sentei-me a frente da penteadeira. Tamara trouxe-me a bacia para que eu lavasse minha boca e rosto. Logo em seguida me despi daquilo que usava. Se por um lado o sol brilhava sobre aquela pele morena, por outro sobre a minha pele branca e a perfeição das curvas em meu corpo, completamente bem cuidado pela natureza, ele simplesmente vibrava em êxtase. Vestir-me chegava a ser um pecado para todas as criaturas vivas.
- Não sei por que essa pose toda, somos nobres falidos, e além do mais, quem vem é o representando de meu noivo, não o próprio.
- Dizem que seu noivo é um dos Condes mais poderosos das terras do oeste, e é conhecido por conquistar todas as mulheres para as quais olha – ela penteava meu cabelo e me ajuda a vestir.
- Sei, provavelmente é outro velhote podre de rico que é louco para por suas mãos em meu corpo – rebolei um pouco – possuir-me em sua cama. A única diferença é que esse pode pagar o bastante, até mesmo tornar minha família parte da nobreza outra vez.
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O Conde com Olhos Safira
Short StoryA jovialidade é esbanjada , sua graça fascina e atrai admiração. A beleza escorre e espalha-se, como a luz, ao alcance dos olhos. O furor sugere sexo, delírio e posse. Todos desejam a jovem, ela, contudo, não verá outros olhos que não os de cor l...