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Outro dia vazio na escola termina e Kae vai para casa,segue caminhando devagar, imersa em pensamentos,ha dias em que sente uma dor de cabeça insuportavel,como se algo em seu cranio fizesse tamanha pressao que ele incharia e explodiria,mas ela sabe que a razao disso esta longe de ser organico ,seu psicologico esta fragilizado,a meses nao sabe o que e ter uma boa noite de sono,sempre que fecha os olhos e mergulha em sono profundo,se revira em sua cama por conta dos pesadelos constantes,neles Kae ve um monstro sem rosto arrastando Marin para o precipicio,e ela mesma fica impotente sem nada poder fazer,a sensaçao de inutilidade e devastadora,no fundo se sente em parte culpada pelo que aconteceu,sabe que nao deveria,mas mesmo assim isso lhe vem a mente de vez em quando.Um momento de distraçao e ela nunca mais viu a melhor amiga de novo ,e ,teme por seu paradeiro,ainda cultiva a esperança de encontrar Marin com vida algum dia,o que de acordo com as autoridades e improvavel.Ah...os homens da lei...
De inicio eles acharam que ela tinha fugido com algum namorado,se rebelado contra o sistema e partido para se aventurar na cidade grande,mas conforme o tempo passava e ela nao dava noticias,decidiram investigar,e claro,nada encontraram a respeito da menina,eis que definiram uma outra razao para seu sumiço,estaria morta e seu corpo teria sido destruido,tendo em vista que nem uma pista sequer foi deixada para tras.Hoje o sherife finje que ainda esta no caso,dando desculpas esfarrapadas para os pais de Marin,que vez ou outra cobram-lhe resultados.
A incompetencia da policia local e notoria,o esperado de uma cidade de mente tao fechada e horizontes tao estreitos.

                             *****

O caminho ate sua casa e longo,ela prefere assim,pode ficar a sos consigo mesma e pensar,o que tem feito muito ultimamente.De repente uma rajada de vento forte sopra levantando a poeira do chao,Kae falha em se proteger ,solta varios palavroes enquanto tenta debilmente limpar os olhos das particulas irritantes de poeira,sente que alguem se aproxima ,o estranho segura o rosto de Kae e um assoprao depois ,enfim ela pode enxergar de novo,com a manga da blusa ela seca as lagrimas que escorriam .
Ela encara seu salvador e reconhece Brian,o aluno novo,fica imediatamente sem jeito,é a segunda vez que o encontra em circunstancias nada agradaveis.

-Obrigada pela ajuda...de novo,parece que esta virando um habito seu me tirar de enrascadas-Kae sorri sem graça.

-Nao por isso,acho que e o destino.-Kae nao percebeu humor em suas palavras,pelo contrario,ele estava serio.Resolveu mudar de assunto.

-Nao sabia que fazia esse caminho,na verdade,achei que voce tivesse um carro,porque esta indo embora a pé?

-Eu tenho sim um carro,mas hoje quis caminhar,o dia esta bonito e agradavel pra um passeio nao acha?

-Esta normal,eu acho...

-Voce nao e das mais otimistas nao é?

-Nao ha muitos motivos em minha vida para otimismo meu amigo.

-E realmente uma pena ouvir isso de alguem tao jovem e bonita.

O comentario a fez corar de vergonha,coisa muito rara de se acontecer,mas no fundo ficou feliz em saber que B a achava atraente.

-Obrigada B,mas voce nao precisa ser gentil o tempo todo sabia?

-Nao estou sendo Kae,definitivamente nao estou.

-Ok entao,vamos andando?-Aquela conversa estava tomando um rumo estranho,ela achou melhor cortar logo o assunto.

-Certo!-B prostrou-se a seu lado de modo cômico,acabando por arrancar um sorriso do rosto de Kae.

Seguiram em silencio por alguns minutos,mas entao B começou a puxar assunto.

-Kae,voce nao se lembra mesmo de mim ou esta fingindo?
-Me desculpe ser tao direto,mas você realmente nao é uma pessoa facil de se ler.

Aquilo a pegou de surpresa,ela sabia que conhecia B de algum lugar,e agora tinha a confirmaçao.Mas nao conseguia se lembrar de onde,entao achou melhor nem tocar no assunto.

-Voce me pareceu familiar quando nos esbarramos pela primeira vez,mas lamento informar que nao me lembro,foi mal.

B para em sua frente encarando-a de forma seria.

-Nos conhecemos sim,achei que assim que me visse voce notaria,mas pra minha surpresa voce nada disse.Fiquei em duvida se deveria ou nao confronta-la sobre isso.

-Fique a vontade para refrescar minha memoria B,nao fique ai parado com cara de bobo esperando que eu te reconheça do nada,sou conhecida por ter uma pessima memoria.

Kae disse isso usando um ton brincalhao,mas o garoto nao sorriu de volta para ela,aquilo a estava intrigando.

-Bom,foi a alguns anos...

Eles voltaram a caminhar,Kae ouvia atenta enquanto B falava do passado dos dois.

-Caramba!Brian Laurence!-Ela gritou sem perceber.

-Esse sou eu!

-Nao me admira eu nao me lembrar,naquela epoca voce era,digamos,mais fofinho...

-Sim,eu era gordo,pode falar,a verdade nao me ofende.

-Pois e,voce ta muito gato agora!-Aquilo saiu sem pensar,mas o riso de B mostrava que ele ficou feliz com o elogio.

-Voce era minha unica amiga naquele acampamento,e sempre lhe fui grato por nao ser como os outros,a experiencia so nao foi pior porque tinha voce comigo.

-Ta me deixando sem graça Brian.

-Desculpe,nao foi essa a minha intençao,so disse a verdade.

Continuaram ate Kae estar de frente de sua casa,B se despediu dela com um beijo no rosto,ela achou aquilo muito intimo mas nao disse nada.Permaneceu ainda alguns segundos observando ate nao poder mais enxerga-lo.Aquela conversa lhe trouxe memorias,os pais de Kae a mandaram para um acampamento para que ela,na opiniao deles,tivesse mais entrosamento social,nao estavam abertos a discussao,ela foi obrigada a ir contra a vontade,seriam tres meses longe de Marin e do sossego de seu quarto.Foi la que conheceu Brian,um gordinho desajeitado e timido que era constantemente incomodado pelas outras crianças,ela achou um absurdo e partiu em sua defesa,depois disso,viraram melhores amigos de acampamento,quando o verao terminou prometeram se escrever mutuamente,e claro,acabaram perdendo o contato.Nunca poderia imaginar,nem em um milhao de anos que reencontraria ele,e que ainda por cima um gato de fazer suspirar a mais recatada das garotas.

Cansada de ficar feito boba de pe no portao,Kae segue ate a porta de casa,com a visao periferica nota algo no chao,ao lado de um vaso de plantas,e um papel bem dobrado,curiosa,ela se abaixa e o pega,resolve abrir para ver do que se trata,instantes depois sente seu sangue gelar,era um bilhete anonimo,e o que tinha escrito nele a aterrorizou,em letras recortadas de revistas seguia as seguintes palavras:

''Pare de procurar,Marin Winston esta morta,se nao acredita,va ate a fabrica abandonada da estrada velha.''

Aquilo so podia ser uma brincadeira de mal gosto,mas sera que alguem chegaria a tanto por uma pegadinha?O medo tomou conta de Kae,palida e tremendo ela entrou em casa e correu escada acima para os seu quarto sem nem falar com sua mae,se trancou e deu vazao as lagrimas.Deveria se arriscar e fazer o que dizia o bilhete?Ou seria melhor chamar a policia e deixar que eles fizessem seu trabalho?Nao...eles nao se importavam,ela mesma teria que tirar a prova,no pior dos casos seria so alguem fazendo um jogo maldoso,mas talvez...so talvez ,isso levasse a alguma pista sobre Marin.

continua...

Sem revisao

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