the winter - [l.s]

prólogo

Harry respirou fundo e decidiu que já tinha se passado tempo o suficiente desde que entrou no seu quarto. O garoto levantou devagar da cama e caminhou a passos lentos até a porta, encostando o ouvido ali como de costume, tentando se certificar de que estava vazio e silencioso. E estava. Mais uma respiração profunda antes de ousar destrancar sua porta e se aventurar pelo castelo na madrugada.

Não importava quantas vezes já tivesse feito isso, era sempre a mesma sensação de adrenalina que tomava conta de si. O coração batendo rápido demais, as mãos suadas, os pensamentos a mil. Ele estava uma bagunça de sentimentos, embora não aparentasse. Sua postura era reta e confiante, com os passos cuidadosos.

A tensão aumentou a medida em que se aproximou do quarto que ficava a alguns metros do seu. Bateu na porta do jeito que eles tinham definido. Do jeito que ele já vinha fazendo há semanas.

Dois toques e uma breve pausa. Outro toque em seguida.

Foi o suficiente para que a porta a sua frente fosse aberta aos poucos, revelando olhos azuis sonolentos, porém ansiosos, lhe encarando com toda a adrenalina que também deveria estar sentindo. Sentiu a mão pequena se entrelaçar à sua, o puxando rapidamente para dentro. Aquele simples toque de mãos mexia tanto com Harry, que já seria o suficiente para que ele se esgueirasse para cruzar até mesmo o castelo inteiro. Era bom, macio, e bonito como as mãos se conectavam.

O quarto estava escuro, apesar da lareira acesa, e Harry observou as paredes familiares a sua volta, com alguns quadros pendurados. Eles foram até a cama e se sentaram, ainda com as mãos juntas. Algumas noites eram simplesmente assim: a adrenalina era tanta, que eles precisavam de alguns minutos para se acalmar, antes de qualquer outra coisa.

"Pensei que você não fosse vir hoje." Louis sussurrou, como se alguém pudesse ouvi-los ali dentro. Eles estavam tão próximos, com a lateral do corpo de Louis totalmente encostada em Harry.

"Desculpa, acabei tendo alguns problemas."

Depois disso, o silêncio voltou. Louis certamente sabia de quais problemas o maior estava falando: Charlotte Tomlinson. Ela não o largou durante todo o jantar e insistiu para que dessem voltas pelo jardim. Depois pediu para que Harry a levasse até o quarto, e ficou enrolando durante quase uma hora antes de entrar para dormir.

Harry virou para encarar Louis, tirando qualquer pensamento sobre Lottie da sua cabeça quando visualizou os olhos azuis do menor. Eram tão brilhantes e bonitos, agora sem qualquer resquício de sono. Seu olhar baixou para os lábios do menino, e permaneceu lá até que Louis finalmente se moveu para beijá-lo.

Calmo, doce, necessitado, ficando cada vez mais intenso. Harry sentiu o toque do menor no seu pescoço, o puxando para mais perto, enquanto as respirações se agitavam. Enquanto o seu coração voltava a se acelerar, dessa vez, totalmente por causa de Louis.

Quando se separaram, os lábios estavam vermelhos e a respiração ofegante. As mãos logo voltaram a se conectar e Louis descansou a cabeça no ombro de Harry.

"Dorme aqui comigo hoje. Você sai antes de amanhecer, ninguém vai perceber."

Assim como das outras vezes que Louis tinha lhe feito esse pedido, Harry pensou imediatamente em negar. Não por não querer, céus, ele dormiria com aquele garoto todos os dias da sua vida, se pudesse. Entretanto, era muito arriscado. Ele não podia colocar Louis em perigo, mais do que já estava colocando. Só que dessa vez, não negou. Apenas deitou Louis na cama, e ficou ao seu lado o olhando, e então resolveu se deitar também. Os braços de Louis se enrolaram imediatamente ao redor de Harry, em um abraço apertado.

Por mais que o seu lado racional o dissesse para voltar ao seu quarto, ele não podia. Seu casamento com Lottie estava se aproximando, aconteceria com a chegada do inverno. Harry não fazia ideia de como as coisas com Louis ficariam após o casamento, não sabia nem se conseguiria vê-lo com frequência, por causa de todas as novas responsabilidades que surgiriam como rei. Por isso ficou ali, aproveitando um pouco da "liberdade" que ainda tinha. Aproveitando o abraço apertado do seu garoto, seus beijos doces, seu corpo bonito e seus olhos brilhantes, aproveitando todas as sensações que ele não sabia até quando durariam.

Quando pegou no sono, apenas uma coisa passava pela sua cabeça: o inverno estava chegando, e tudo mudaria.