Richard McCoy

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Quinta-feira

Andy e Emily encontravam-se no escritório de Miranda organizando fotos, banners e informações essenciais para uma reunião que aconteceria na Runway naquela tarde. Como sua intuição era forte, Miranda sabia que, logo, a procura pela nova editora chefe da revista se iniciaria, o que a deixava impaciente. Sabia do valor que possuía, tanto como pessoa quanto como parte da Runway. E apesar de compreender sua substituição, — devido a idade, principalmente — a ideia de uma outra mulher liderando aquele enorme organismo que era a sua revista, lhe revirava o estômago.

"Apenas certifique-se que tudo estará no lugar quando eu voltar. Você se lembra do quão importante e decisiva esta reunião é, correto?" Dito isso, Andy saiu da sala e rapidamente voltou com a bolsa e o casaco — ambos Prada — de Miranda.

"Sim, estará tudo dentro dos conformes." Emily sabia que a chefe usaria do momento como uma estratégia para mostrar seu potencial e essencialidade ali dentro, e exatamente por isso faria de tudo para que a reunião sucedesse perfeitamente.

"Ótimo." Miranda apertou os lábios ao olhar de relance a composição que tinha feito e sem se despedir, saiu do escritório.

"Miranda, aonde está indo?" Emily interrompeu-a, abrindo portas para uma mulher nada feliz.

"E eu lhe devo explicações porque..."

"Oh, não! Não. Desculpe-me pela intrusão. É só que Valentino ligou. Ele quer se encontrar com você." Uma expressão impaciente fez-se presente no rosto da megera e a assistente entendeu que precisaria ser mais específica. "É sobre o vestido...?"

"Ah! Ótimo. Diga a ele que estarei lá em 40 minutos." Declarou ela checando o relógio em seu pulso.

"Miranda, mas eu não sei se..." Emily falou em vão. Miranda continuou estalando os saltos até o elevador, ignorando completamente qualquer comentário a mais.

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"Eu acho isso uma completa estupidez. E, sim, eu entendo que isso foi rude." Miranda sentava-se com as pernas cruzadas no sofá branco da terapeuta, um pouco relutante.

"E você não sente a necessidade de se desculpar?" Indagou a mulher com a lentidão usual que carregava em sua voz.

"Não."

"E você resolveu voltar aqui por quê?" Aquela era sua segunda sessão. Depois do último divórcio algumas pessoas — Nigel — sugeriram essa saída para sua contínua dor de cabeça. É emocional. Miranda, não há como simplesmente desligar seus sentimentos. Você precisa procurar ajuda. Mas ela achava a psicologia incerta, inexata e inconfiável.

"Hm. Ontem recebi uma ligação que despertou pensamentos indesejados. Longos pensamentos indesejados." Em indesejados, lê-se assustadores.

"Entendo. Sobre o que a ligação se tratava?"

"Negócios."

"Preciso que seja mais específica, Miranda." Ela suspirou impaciente, mas compreensiva.

"Um amigo está se aposentando. Ele também é meu consultor financeiro, por isso mencionei os negócios. Mas a felicidade com que ele me contou sobre a aposentadoria fez com que eu me sentisse mal." Relatou a mais velha, dando de ombros.

"Você consegue explicar o porquê desse sentimento?"

"Talvez eu esteja com inveja do estado de espírito dele, levando em consideração que o meu fica cada dia pior." Confessou.

"Certo. E o que você acha que está te fazendo sentir desse jeito? O divórcio?" A doutora perguntou com calma, amedrontada de que suas perguntas seriam o gatilho de Miranda.

impetuousWhere stories live. Discover now