São Paulo - 201811:10
ALÍCIA
Aperto o botão, fechando a caixinha logo em seguida. Rápidamente, corro até o banheiro, tentando me esconder. Logo já ouço gritos de adolescentes estéricos e professores tentando acalma-los, sorrindo vitoriosa para mim mesma. Faço minha melhor cara de paisagem, saindo do banheiro, ainda ouvindo gritos e o som do alarme de incendio tocando.
- Foi você né? - Dou um pulo, me assustando com Guerra do meu lado.
- Ai que susto, embuste! - Reclamo, e ele solta uma risada. - E você não tem nada haver com isso. Cuidado que eu sei que você roubou as provas da velha! - Ameaço, e ele faz uma expressão surpresa.
- Como sabe disso? - Sorrio sarcastica, colocando uma mão em seu rosto.
- Tenho meus métodos, querido! - Saio em direção a muvuca, procurando caminho para fora daquele lugar.
-
Abro a porta de casa, já irritada. Estava conversando com a Marce, e diz ela que o Mário estava a traindo. Fala sério, ele é apaixonado por ela! Nunca que isso iria acontecer!
- Alícia, vem aqui e se bater a porta assim de novo, vai ficar dois meses sem saidinhas e seu skate! - Bufo, subindo as escadas, entrando no quarto da minha tia.
Sim, minha tia. Faz quatro anos que moro com minha tia e meu pai. Minha mãe sofreu um acidente de carro, e acabou não resistindo. É difícil falar sobre isso, muitos perguntam por que eu moro com minha tia e meu pai. Mesmo tentando não ser, eu acabo sendo grossa no final da conversa.
Minha relação com minha tia é das más a piores. Sempre ficamos nos alfinetando, descutindo. Mas, realmente, eu acho que ela só veio ficar com meu pai, porque estava falida. Diga-se de passagem que meu pai antigamente tinha uma boa condição, sim, antigamente. E ela, interesseira, foi atrás.
Mas agora, depois desses anos pra cá, meu pai foi diminuindo, e está ficando cada vez mais fraco finançeiramente. As vezes dói não ver meu pai todo domingo, lendo um jornal, e fazendo piadas sem graças no café pra minha mãe e eu rir. Sempre está viajando, "viagens a negócio", Espero mesmo que seja..
- Que que foi? - Digo talvez meio grossa.
- QUE PORRA É ESSA DE ESTAR GASTANDO MEU DINHEIRO COM TENIS? - Se exalta estressada, sentada na cama com seu gato, agrh.
- Dinheiro do meu pai, você quer dizer né? - Respondo em um tom mais baixo, tentando me controlar.
- Tanto faz! Do mesmo jeito, não quero você comprando coisas sem útilidade, eu ein! - Olha pra televisão, com a maior pose achando que manda em mim.
- Flor, eu não vou para de fazer porra nenhuma, porque meu pai deu o dinheiro, e outra, você não manda em mim não, filha! - Digo sarcastica, ela treme de raiva.
- SEU PAI SAIU ONTEM A NOITE, SÓ VOLTA SEMANA QUE VEM! ELE NÃO LIGA PRA VOCÊ, ALICE! - Gritou e errou meu nome, me deixando morrendo de raiva. Meu pai foi viajar sem me avisar? Ele 'tava' em casa só faz três dias..
Saio batendo a porta na meior força.
- ALÍCIA GUSMAN, VOLTA AQUI! - Gritou dentro do quarto.
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Livin' my Other life
Random- Me ajuda a te ajudar Alice! - Coloca uma franja do cabelo atrás da orelha. - Pensa bem, eu vou me livrar dos meus pais falsos, e você vai se livrar de precisar casar com.. sei lá quem seja! - Olha pra a garota, insistente na ideia. - Aah, não sei...