na areia da praia, nas ondas do mar | changki

único;; como seu sorriso

Lembro-me do seu sorriso. Era brilhante, radiante e ao mesmo tempo, indefeso; era lindo – mesmo com o aparelho de borrachinhas coloridas que você sempre usava por rir demais. Todos os meses, após voltar de seu dentista, você me mostrava um sorriso radiante e dizia: "Troquei de cor, gostou?" e eu concordava, mesmo que achasse ridículo. Quem diria que um dia daria a vida para ver aquelas borrachinhas no seu sorriso novamente.

Creio que seu sorriso ainda seja incrivelmente bonito como antes, aliás era com ele que você conquistava e fazia com que tantas pessoas sorrissem; era com ele que você fazia-me rir, todas as manhãs, quando acordava de mal humor e jurava que a única tendência da minha vida, era ficar cada vez pior. Independente se posso vê-lo ou não, sei que ele é lindo.

Pelo menos o barulho dele misturado com as ondas do mar soa como uma sinfonia para os meus ouvidos. Aquela que é ensaida por anos e termina depois de dois minutos.

Nós ainda vimos à praia, todos os meses, e sua estação favorita ainda permanece sendo o verão. Você sempre gostou de admirar a luz do sol e o céu azul-celeste, Kihyun. Tudo isso, enquanto eu me perdia na imensidão escura e brilhante dos seus olhos, desejando poder vê-los para sempre. É uma pena que nem todos os desejos se tornem realidade.

Fico feliz que a última coisa que tenha visto foi seu sorriso e seus olhos brilhantes, mesmo que tenhamos ficado até tarde estudando para o teste de física do dia seguinte. Você estava cansado, mas mesmo assim sorriu e disse "Boa noite, Chang. Amanhã nós vamos arrasar naquele teste!" sorriu com seu aparelho colorido – a cor do mês era amarelo canário – e me mostrou um olhar brilhante e motivador.

Acabou que não houve amanhã. Nunca mais vi o sol nascer depois daquela noite de sono e por mais que eu sentisse falta do brilho do sol entrando pela minha janela, minha maior mágoa era saber que nunca mais conseguiria ver seu sorriso ou seus olhos que brilhavam principalmente por mim. Deixei de ver seu cabelo crescer com o passar do tempo e se tornar selvagem, de admirar a maneira como você sorria ao ver as coisas mais singelas da vida: uma flor bonita, uma criança correndo pela rua ou o carro de sorvete aparecendo na esquina. Parei de ver seu sorriso quando conseguia fazer uma cesta nos nossos jogos de basquete. De todas as maneiras, deixei de ver seu sorriso, Kihyun, e isso machuca.

Consigo sentir a areia fina da praia, lembro-me de que ela era branca, permanece assim? Não sei dizer. Também sou capaz de escutar as ondas do mar, a maneira como elas aparecem e vão embora lentamente. E então, eu digo, ironicamente, "É lindo."

Você ri, como sempre, eu escuto seu sorriso, e me pego imaginando como ele é nos dias de hoje. Sei que você tirou o aparelho e também sei que continua conquistando a todos com sua arma mais que mortal. E mesmo que eu não consiga ter a certeza de quão belo seu sorriso deve ser, sinto meu coração bater mais forte, porque sei que você está aqui comigo, Kihyun. Sentado ao meu lado, segurando minha mão, contando histórias e me dizendo que um dia, eu vou voltar a enxergar como o mundo é lindo.

Kihyun, por mais que eu me lembre da beleza do mundo e mesmo que um dia eu volte a apreciar o horizonte, sentado nesse mesmo lugar, com você, eu posso afirmar que nada nesse mundo é mais bonito que o brilho dos seus olhos. Porque mesmo que eu não consiga enxergá-lo mais, isso ainda permanece aqui dentro do meu coração, me dando esperanças de que um dia, poderei dizer com todas as palavras, olhando nos seus olhos e observando suas reações, como tudo em você é lindo.