P ara que possam entender o meio e, principalmente,
o final desta história é provável que isso somente
seja possível se antes conhecerem o início de tudo. Como
eu, Iara, vivi os primeiros capítulos amorosos da minha
vida.
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Tudo começou quando eu tinha onze anos.
Minha nossa! Onze anos lá é idade para alguém iniciar
capítulo amoroso!
Você deve estar pensando, agora. Mas o que eu posso
fazer se foi com esta idade que eu vivi o meu primeiro
amor?
Deivid era o seu nome. Um garoto de pele bronzeada,
cabelos queimados pelo sol e olhos grandes e castanhos
bem claros; que me lembravam o céu durante um pôr do
sol. Deivid, além disso, era um ano mais jovem que eu
(o que quase não se notava) e ele foi a primeira pessoa
que falou comigo quando eu cheguei àquela cidade, onde
viviam as minhas primas.
Gostávamos muito de brincar juntos (mais, até,
que com os nossos outros amigos) e assim descobrimos a
magia do primeiro amor.Eu falo daquele tipo de amor puro e sem maldade.
Tão puro e tão mágico que não cabia em alguma palavra
dita. Sim, porque aquele tipo de amor que eu sentia
pelo Deivid não havia sido feito para ser explicado ou
dito... Aquele tipo de amor havia sido feito para ser
simplesmente sentido.
E nós sentimos... Enquanto o tempo permitiu.
Acreditávamos piamente que quando crescêssemos,
nos casaríamos, teríamos muitos filhos e viveríamos
felizes para sempre. Mas isso não aconteceu. Para ser
franca, nem lembro mais o que ocasionou o fim do meu
primeiro e eterno amor. Só sei que ele dissipou-se no
vento como se jamais houvesse existido, deixando apenas
as nossas iniciais D e I escritas dentro de um coração
torto, desenhado no alto da mangueira enorme que havia
no quintal da casa da minha tia. Mangueira essa, aliás,
que também foi arrancada do chão, com o tempo. Sim,
exatamente como os projetos de amor eterno que eu e o
Deivid fazíamos em nossa infância.
Após o Deivid passei a acreditar que, não importa
o quanto você ame uma pessoa e ela a você, isso não
significa que será para sempre.
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Continua...
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O vale da esperança - Entre Oliveiras e Pinheiros
RomanceTalvez essa tão sonhada felicidade que todos buscam e sonham, esteja lá, bem escondida... No improvável, no impreciso. Num lugar onde ninguém jamais procuraria.