Todos os dias, no início da manhã, é seu olhar oblíquo que vejo. Hoje não foi diferente, atravessando o portão da escola é sua sombra que me assombra, trazendo a tona a lembrança, de que minhas mãos santas me tornaram pecadora.
Tocar em você me dilacerou, minha consciência grita "desculpa", só que, amigo, você me empurra para longe.
As aulas para mim são sussurros encomados, as imagens ao meu redor estão sem foco, me sufoca ficar sem você. Sufoca-me! Com seus gritos! Só... Não me ignore. Ataca-me quando ficar bravo, não faça assim, não me olhe com tal desprezo, já não basta essa tristeza que avezo?Sinto que não estou sozinha, revezo entre uns, pessoas que tentam se aproximar e as minhas memórias. Quando ainda eramos amigos, eu te atravessei, fui tão longe quanto a bala de uma arma carregada, de surpresas que o seguinte depois da ação propriamente é.
Mentir para você foi errado, eu sei disso, não queria magoar, meu último amigo. Porém, amanhã vou embora, não tenho mais desculpas para ficar. Confessar minha paixão no meu último texto da aula de redação, te fez chorar, pois também sente por mim. E, amanhã eu vou embora, não dei tempo para nós, nem poderia e é culpa minha... Possuo aquele tal medo de me apegar.