Brilha Brilha Estrelinha

Brilha só pra mim

"Você é o pedaço de céu que tenho o prazer em possuir."

Acredito ser curioso o fato de vivermos numa esfera flutuante em constante movimento giratório, num local com pedras flutuantes em combustão ao nosso redor. Isso deveria ser no mínimo assustador, mas é mil vezes mais fascinante.

Nunca acreditei que estivéssemos sozinhos neste vasto universo, assim como não acredito que nossas vidas tenham algum sentido, apenas nascemos, vivemos e morremos, somos apenas o câncer do nosso planeta e temos que nos distrair durante o período em que estamos em atividade destruindo a Terra; então observando o céu noturno, em especial as estrelas, imaginava se alguma delas era uma nave e que alguém me observava de volta, porque por algum motivo quando observo essa imensidão infinita é quando me sinto mais livre e menos perdido. Talvez essas sejam apenas as ilusões de um adolescente antissocial que não quer se sentir tão sozinho e às vezes, tipo 24 horas por dia, pensa demais.

O problema, é que agora são duas horas da manhã e eu não durmo, por isso estou viajando na maionese, pessoas normais de 17 anos estariam assistindo pornô ou pesquisando sobre buracos negros na Wikipédia. Mas eu não, Byun Baekhyun é retardado e gosta da ideia de cair do segundo andar da própria casa. Sim, eu estava no telhado pelo qual tive acesso através da janela do meu quarto e observava o céu, com quinze latinhas de redbull secas ao meu lado. Qual é, eu precisava jogar minhas partidas de LoL todo dia e não se faz isso dormindo, entretanto, minha cabeça já pesava, eu não conseguia me concentrar nas jogadas, apenas puxei meu time para o fundo do poço, fui expulso da rodada e tomei banimento de 12 horas, triste fim. Aqui estou eu filosofando sobre o sentido do nada vendo poucas esferas luminescentes por conta da poluição luminosa e esperando algo acontecer, mas admito, o céu é lindo.

Foi então que aquilo aconteceu, uma estrela cadente riscou o negrume tão rápido quanto o tiro de uma bala, deixando para trás apenas um leve resquício luminescente de sua cauda e como uma criança de oito anos, fiz o que qualquer pessoa faria, fechei os olhos e desejei, acreditando de fato que qualquer coisa que eu pedisse poderia se realizar, como se a minha vida dependesse daquele desejo a um pedaço de rocha composto por poeira cósmica.

-Quero um pedaço do céu para mim. – Sussurrei para a noite fria e para a estrela que já não estava mais lá, eu sabia que era algo sem noção para pedir, mas parecia algo tão certo, tão possível, que simplesmente escapou dos meus lábios.

Abri os olhos e fitei aquela imensidão acima da minha cabeça como se esperasse algo, é... Talvez o fato de terem me derrubado do berço quando eu era bebê tenha afetado algo no meu cérebro, sorri triste, o que eu estava pensando?! Claro que isso não iria acontecer...

Me levantei meio frustrado, chutei uma das latinhas para fora do meu caminho e ela caiu do telhado atingindo a grama no chão sem fazer barulho, olhei uma última vez para o céu e notei algo, uma coisa que não estava ali antes, mas se aproximava de forma alarmante, arregalei meus olhos, a coisa parecia ser um meteoro! Aquilo vinha na minha direção e ia atingir minha casa! Meu corpo gelou, eu queria correr dali, fugir, aquilo mataria todo mundo na minha casa, eu morreria! Aquilo descia extremamente rápido, mas não me movi, não gritei, apenas cai sentado e cruzei os braços em frente ao meu rosto, fechei os olhos com força e esperei o impacto, senti o calor que aquilo emanava extremamente próximo de mim e soltei um gritinho que pareceu mais um grunhido de tão estrangulado que escapou por minha garganta, contudo não senti nada.

Não houve barulho nem dor, não houve agonia, sangue e nem partes de corpo carbonizada, então morrer era assim? Abri os olhos de maneira hesitante, ainda sentia o ar muito quente ao meu redor, mas nada que eu não pudesse aguentar, abaixei os braços e tudo parecia completamente normal.