O batucar dos meus dedos sobre a mesa já se tornará uma sintonia conhecida para mim, mas não há nada que eu possa fazer que pare com aquela atividade. Eu estava ansiosa, sabia disso, mas logo após tomar duas doses do remédios SOS, que meu terapeuta afirmava com todas as forças que seriam a solução, as lágrimas quentes e continuas continuavam fluindo em meu rosto como um rio flui em direção ao mar.
E é engraçado se parar para pensar que o rio, que sempre transmite uma paz e tranquilidade, se deságua em um mar que é totalmente o oposto deste. O mar é algo que está sempre em movimento, agitação e nunca é o mesmo.
Não consigo lembrar exatamente quando minha vida deixou de ser um rio límpido e bonito para se tornar esse mar horrível cheio de sentimentos negativos e inconstante. Será que foi quando pequena enquanto apanhava do monstro que era obrigada a chamar de pai apenas por ele beber de mais? Será que era por que sempre tive que esconder as marcas com blusa de frio e um capuz no rosto para assim passar despercebido por todos? Mas que não era um esforço, já que não era atraente suficiente para ser notada por alguém, como minha mente fazia questão de me lembrar todos os dias em que me olhava no espelho e via aquelas cicatrizes em meus braços que eram marcas de uma tentativa desesperada e falha de tentar tirar toda aquela dor que me consumia de dentro de mim. Ou era o fato de ter visto minha mãe sendo morta em minha frente, só por que ela não havia preparado o jantar corretamente?
Nunca vou saber ao certo quando sorrir se tornou uma mentira tão simples quanto falar que estava bem e principalmente quando a palavra feliz parecia algo tão fantasioso quanto aqueles contos de fadas que, desde cedo, aprendi que não se passavam de contos para meninas iludidas que achavam que um dia poderiam se tornar princesas, da mesma maneira que um dia a felicidade faria parte de minha vida.
Estava ficando cada vez mais difícil enxergar com nitidez a grande quantidade de conteúdo que havia em minha frente, acompanhado de um aperto conhecido em meu coração e aquele nó familiar na garganta. Levantei em um ato de desespero tentando saber se aquilo poderia ser uma péssima ideia, mas aqueles pensamentos que pulsavam em minha mente doíam mais que ser apunhalada varias vezes por alguém. A única diferença que as apunhaladas eram feitas por mim mesma. Um grito de frustração involuntário saiu em um volume suficiente para tentar demonstrar tamanha a dor que carrego dentro de mim.
Mas nem se um coral inteiro gritasse, chegaria aos pés daquele sentimento que me corrompeu por completo, me deixando totalmente sem nada. Apenas um ser vazio que não nem ninguém ao seu lado.
Exceto por Min Yoongi, pensei com uma pequena esperança brotar em meu peito.
Ainda me lembro quando conheci uma das melhores pessoas que eu poderia ter em minha vida. Foi na festa de aniversário do seu irmão mais novo, Park Jimin, que o conheci e mais algum amigos do meu irmãozinho, porém Min Yoongi era mais quieto e reservado, o que me surpreendeu quando ele chegou em mim do nada falando que adorava o livro que eu estava lendo.
Depois desse dia nunca mais paramos de falar, ele é o melhor amigo que eu poderia ter em toda minha vida.
Eu tinha sorte de tê-lo em minha vida, mas meus pensamentos sempre me tiravam o chão quando meu subconsciente classificava a afeição dele por mim como de pena. Apenas um garoto legal que tinha pena de uma garota problemática.
E foi pensando nisso que mandei aquelas mensagens de despedida para aquele que, por pena ou não, sempre me ajudou e nunca pensou duas vezes antes de correr ao meu encontro quando estava no chão.
Ele sabia do meu passado e sempre acreditou em mim, ultrapassando até seu amigo, meu pobre irmãozinho que nunca soube o real motivo da morte de sua mãe e do paradeiro do seu pai.
Assim que larguei o celular, sabia que essa era a hora, eu precisava partir. Ninguém merecia alguém tão problemática como eu nesse mundo. Eu era apenas isso, um peso para as pessoas.
Andei com passos lentos e trêmulos até minha cômoda, pegando todos os remédios que havia ali que eram para curar tudo e que, ironicamente, vão me curar da maneira inversa a que era proposta. Escutei meu celular vibrando de maneira compulsiva e sabia pelo toque diferenciado que o conteúdos daquelas mensagens tentariam me fazer voltar atrás, mas sei que não posso, eu preciso acabar logo com isso.
Tirei todos os comprimidos das cartelas até o suficiente para me livrar daquela dor permanente e os encarei entre soluços doloridos e mais lágrimas, porém eu sabia que aquelas lágrimas seriam as últimas de dor.
Coloquei todos os comprimidos em minha mão e percebi que estava tremendo muito e as lágrimas não paravam de cair. Eu poderia acabar com aquela dor, mas trairia um dor pior a aqueles que eu amo.
E ao pensar nisso levei um tremendo susto com a porta do meu quarto se abrindo de maneira violenta e um menino de cabelos azuis claros e com o rosto inchado de choros correndo em minha direção e batendo com força em meu braço, fazendo minha única esperança se espalhar completamente pelo chão.
— QUE PORRA VOCÊ ESTÁ FAZENDO SHINE? — Ele gritou em um tom desesperado segurando meus ombros e para meus pulsos recém marcados por uma navalha qualquer.
— Eu...apenas cansei Yoongi, eu não posso mais continuar — eu disse com uma voz falha e olhando para meus pulsos — me desculpe.
— Eu não vou te perdoar se você fizer uma besteiras dessas comigo — pode sentir o tamanho da dor que aquelas palavras transmite — você não pode me deixar sozinho nesse mundo.
— Mas seria para seu bem! Você não precisa de uma bomba relógio em sua vida.
— Olhe para você Park Shine! Você é maravilhosa em todas as maneiras, tanto por fora como por dentro. — Ele disse pegando em minha mão e com a outra levantando meu rosto para ficar de frente a frente com ele. — Se permita sentir, me deixe sentir esse turbilhão de sentimento que habitam em mim sempre que estou com você ou simplesmente vem seu nome a mente.
Eu estava ainda muito atordoada para entender o que meu melhor amigo estava dizendo para mim naquele momento, é claro que eu sinto muita coisa por ele, coisas até de mais e que eu tinha certeza que nunca seriam correspondidas.
Uma pessoa como Min Yoongi nunca me olharia de outra maneira.
— E-Eu não consigo entender. — Eu disse confusa por todas aquelas vozes que gritavam em minha mente
— Eu só tenho uma coisa a te dizer, que vai ser meu grito de desespero e minha última tentativa de te salvar e te mostrar o tanto que você é importante para mim. — Ele limpou as lágrimas do rosto e me encarou de uma maneira que nunca havia olhado antes e pareceu respirar fundo para dizer — Se você tivesse tomado aqueles compridos, eu nunca teria a chance de falar o quanto eu te amo Park Shine, e o tamanho de minha vontade e certeza de que eu gostaria de te levar pelo resto da minha vida. — com a mão em meu rosto, começou a acariciar minha bochecha e deu um leve sorriso. — Me desculpe, mas não seria apenas como melhor amiga.
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I'm sorry
Fanfiction{Oneshot} {Min Yoongi} "Eu...apenas cansei Yoongi, eu não posso mais continuar - eu disse com uma voz falha e olhando para meus pulsos - me desculpe." *Plágio é crime