AMOR GITANO ( Amor Cigano)

PARTE IV FINAL: Enfim

 

...Quando a noite chegara Lana ainda andava pelo mato sem saber o caminho de volta para casa até se deparar com uma fogueira. A mesma fogueira que viu em seu sonho. Perto dela sentado e de rosto baixo a tocar seu violão estava Dário, o cigano filho de Carmen. Ele ia naquele lugar  acender uma fogueira todas as noites para cantar á sua amada com quem sonhava.

Sem vê-la ele começou a cantar uma linda canção de amor, deixando evidente o sangue cigano que corria em suas veias e em seu coração.

A música era o fundo de um grande momento e a lua a testemunha de um reencontro.
Sem prestar atenção a sua volta ela começou a dançar majestosa com passos ousados que não tinha aprendido em lugar algum, apenas já sabia.
Era como se o brilho das estrelas se materializassem em seu corpo causando uma explosão de luz.

Luz que o rodeou e o fez levantar e cantar com muito mais amor.
Com voz doce e quente ele a olhava no fundo dos olhos como se visse o quão bela era sua alma e naquele momento mesmo sem nunca tê-lo visto ela sentiu que sempre esteve esperando por ele.

Quando a canção acabou se aproximaram e tomados pela emoção se beijaram como se a razão de suas vidas se resumisse naquele momento mágico.

Depois daquela noite foi inevitável.
Passaram a se encontrarem todas as noites sempre naquele mesmo lugar.

Abriram o coração um para o outro contando suas histórias de vida e sentimentos.
Compartilharam da vontade de largarem tudo e irem pro mundo serem livres só eles dois.
Se amavam e sonhavam com uma vida juntos.

Algumas noites passavam conversando bobagens que só os apaixonados falam e outras ele cantava com sua voz doce e ela dançava ou ouvia de olhos fechados deitada em seu abraço.

Estavam tomados por aquele sentimento que queimava feito as brasas das tantas fogueiras que acendiam.

Como ela amava aquele homem...

Não pensava em mais nada a não ser naqueles olhos, naquele sorriso, naquela voz.

Decidiram que fugiriam, viajariam o mundo e viveria de suas paixões.
Como seriam felizes!

Seriam se a vida não tivesse decidido separá-los.

Em uma dessas noites, não sabiam, mas estavam sendo observados por dois olhos furiosos. Era Alejandro, pai de Lana. Ele viu ela saindo naquela noite e a seguiu.
Descobriu então o seu segredo.

Não queria contar essa parte pois foi o que de mais horrível aconteceu.

Lana que sonhava com uma linda vida ao lado de seu amor viu tudo se desfazer como fumaça.
Tinham sido pegos no flagra e foi uma confusão enorme.
Logo seu pai que odiava ciganos.
Houve gritos, xingamentos, ameaças, briga corporal  e para terminar com tudo, Alejandro ignorando as súplicas da filha, tirou do bolso um punhal e cravou no peito de Dário... matou Dário.

Dário morreu nos braços de sua amada com seu sangue banhando as mãos dela. Naquele momento a Lana que todos conheceram também morreu junto dele.

Com seu amor nos braços ela olhou para o pai com fogo nos olhos e disse:

- Você matou as duas coisas mais valiosas que eu tinha... O único homem que amarei e o respeito que tinha por você.

Minha prima me contou tudo isso enquanto chorava grossas lágrimas e no dia em que faria uma semana do acontecido, a encontrei deitada no meio do mato, onde a vida de seu amor foi ceifada.
Tava morta, mas parecia dormir serenamente com o rosto suave e um leve riso nos lábios. Eu sabia ela estava feliz, pois foi se encontrar com seu amor.

Seu pai arrependido enlouqueceu e sumiu no mundo.

Não se soube a causa da morte, mas até hoje dizem que foi de amor.

A velha senhora termina sua história com a voz trêmula e o rosto molhado pelas lágrimas.
Todos estão em choque e emocionados com o que acabaram de ouvir, que não percebem que a mulher some do nada.

A história teria tido fim bem ali, mas na noite daquele mesmo dia aqueles jovens puderam ver com seus próprios olhos um casal com vestes coloridas a dançar  e cantar uma linda canção cigana pela rua na madrugada. Uma jovem de pele branca, cabelos longos e negros como o breu, olhos amendoados e  os lábios vermelhos, e um rapaz de olhos que de tão azuis pareciam cinzas.
Alguns juram que seguiram o casal e os viram sumir em uma fogueira ardente no meio do nada.

Somente naquela noite os viram...

Na última noite!