Um homem misterioso

88 3 2
                                        

Mikael já estava deitado em sua larga cama de casal ocupada por um solteiro com seus vinte e cinco anos,o rapaz de cabelos ondulados castanho escuro prezava pelo conforto e sossego, atrapalhar seu ritual noturno com seus livros e o silêncio da noite sem dúvida era algo que lhe tirava do sério assim como pequenas bobagens do cotidiano. Livro de cabeceira em mãos, edredom envolvido no corpo, quietude total. Respirou fundo, fechou os olhos e foi se acomodando
– Paz, isso se chama, pa... o telefone tocou, ele demorou alguns segundos para crêr no que estava ouvindo, revirou os belos olhos cor de mel irritado.
– Eu não acredito... Uma hora dessas! Quem será o infeliz que está me ligando? largou seu livro e atendeu rapidamente o celular que estava ao lado da cabeceira.
– Mikael? Disse Dona Maitê com uma voz tristonha.
- Alô? Dona Maitê? Aconteceu alguma coisa, que voz é essa?
- Sim sim. Não sei como vou falar isso.
- Fale, por favor. Disse preocupado.
- Laura foi atropelada por um caminhão.
Ao ouvir o que tinha sucedido com sua melhor amiga, o chão estava em qualquer lugar menos debaixo de seus pés, o bruto e forte garoto, desmoronou,vários pensamentos jamais imagináveis passaram por sua cabeça em menos de três segundos, estaria morta? Viva? Com
uma perna só? Os batimentos cardíacos aumentaram, porém com esforço disse gaguejando.
- Estou chegando ai.
Desligou o telefone, deu um pulo de sua cama indo em direção ao guarda roupa procurando qualquer camisa e bermuda que aparece-se em sua frente, se vestiu rapidamente  e seguiu até o hospital. No percurso, lágrimas rolaram. -
- Como é possível isso acontecer isso? Disse em tom de desespero.
- Eu não acredito! Seguiu dirigindo.
Enquanto isso....
A senhorinha amiga de Laura continuava a aguardar respostas na sala de espera do hospital, estava tão nervosa que nem seu café da noite conseguiu tomar ou se quer parou pra pensar nisso, andava de um lado pro outro, pra lá e pra cá, quem olhasse de longe e gostasse
muito de dança, iria deduzir que a idosa estava se preparando paradançar Free Step. É chegado o durão Mikael andando meio desengonçado devido a altura, o sujeito media um metro e noventa e
seis centímetros, com seus ombros largos e corpo atlético chamava a atenção por onde passava, verdadeiramente não é uma das pessoas
mais simpáticas do mundo, mas sem dúvida o mais fiel e verdadeiro amigo que já se fez presente na vida de Laura. Ao avistar Maitê, não
hesitou, correu rapidamente ao seu encontro e envolveu seus longos e fortes braços em seu corpo num abraço forte, não podia se conter,
neste momento os seus olhos pareciam mais uma cachoeira, as
palavras não saiam ficando engasgadas em sua garganta numa
confusão e desespero total, sem dúvida era um dos momentos mais
difíceis de sua vida.
- Acalme-se meu filho. Acalme-se. Disse a senhora tentando consolá-
lo, que por sinal também chorava junto.
- Eu não consigo acreditar não... como isso pode acontecer? É
mentira, diz que é mentira.
- Vai dar tudo certo, confie em Deus, ele sabe o que faz. Ela o apertou
ainda mais seu corpo contra o dele intensificando o abraço.
- Deus... tá bom. Disse Mikael em um tom meio sarcástico.
Já mais tranquilo, o jovem se afastou e sento-se em uma das cadeiras
na sala de espera. Dona Maitê porém, resolveu ficar de pé e refletir
sobre o local em que estava e tudo que vinha acontecendo. É incrível
como em um hospital pessoas tão diferentes em aparência,personalidades e culturas entravam e saiam desejando uma única
coisa: a cura ou pelo menos alívio de suas dores físicas. E quem sofre
com dores na alma? Há algum lugar em que se possa encontrar
refugio? Em todos os anos esses anos de vida nunca encontrei nada
que fosse capaz de compreender meus males ou que curasse as
feridas que até hoje sangram aqui dentro, e isso vai ficando cada vez
pior, somos abandonados por quem devia nos proteger,
incompreendidos e sozinhos mesmo cercado de pessoas. Sorrimos
com nossa alma devastada por uma dor consumidora e o mundo se
torna dia após dia pior cercado por egoísmo e falta de amor. Tentando
agir normalmente e disfarçar a tristeza de seu ser, a Dona se
aproximo de Mikael e sentou-se ao seu lado
- Como você está, meu filho? Disse olhando atentamente sua face.
- Ah vó, a senhora sabe né, to bom não... se pudesse entraria naquele
quarto e ajeitava as coisas lá pra Laura sair dessa logo. Respirou
fundo e balançou a cabeça em sinal de negação – Vou até ligar pra
aquela mãe dela, se eu pudesse nem ligaria, mas fazer o que né? É
mãe mesmo sendo a cobra que é, disse isso conseguindo arrancar
algumas risadas da senhora. Pegou seu celular e esperou que alguém
atendesse, após três tentativas...
- Alô, quem é? Perguntou a mãe De Laura em um tom áspero
Mikael revirou os olhos irritado – Eita... pra quê isso hein? Olha, tenho
uma noticia pra te dar e não é das boas não.
- Fala logo. Disse Gabriela esperando ansiosa respostas no outro da
linha
O jovem respirou fundo com os nervos a flor da pele e disse; - Fique
calma.
- Como posso ficar calma com você enrolando desse jeito? Ande, fale
logo meu filho! Tenho tempo a perder não... Retrucou.Estou aqui no hospital aguardando respostas do médico, sua filha
sofreu um acidente e não está nada bem. Ele entrelaçou os dedos
entre seus cabelos e mordeu os lábios levemente.
Gabriela começou a chorar pelo telefone - Nãoooo!!! Minha bebê! Isso
é mentira! Não se brinca com isso garoto.
- Não tenho esse sangue de barata não tia, estou falando a verdade,
venha logo ver sua filha vá... disse com lagrimas nos olhos. Mikael
desligou o telefone e começou a chorar feito um bebê que estava sem
comer a horas ou com uma espécie de dor.
- Sério Vó, nunca chorei tanto na minha vida. Ele sem demora se
levantou indo até recepção chamando atenção de todos com seu
desespero
- Por favor, me deixem ver a Laura!!! Disse com lágrimas no rosto
encarando a recepcionista que na hora ficou bastante atordoada e
sem saber como agir ,preocupada, Maitê foi ao seu encontro e
chamou atenção dele falando reservadamente em seu ouvido;
- Isso não vai adiantar nada... venha comigo, vamos voltar a aguardar
noticias aqui. Segurou em sua mão tentando fazer com que ele volte a
se sentar. Vestido com um traje meio esquisito, camisa colorida e bermuda preta entra em cena um rapaz nunca visto antes pelos dois.
- Eu tenho a solução para os seus problemas, afirmou o estranho com um olhar misterioso tentando persuadir os dois e logo um sorriso de canto se formou em seus lábios. Dona Maitê ficou boquiaberta com o rapaz não só pelo fato de tamanha audácia e confiança, mas também por beleza inigualável, mas mesmo assim não consegui falar uma palavra se quer. Já Mikael o olhou de cima a baixo e levantou uma de suas sobrancelhas expressando a indiferença que o desconhecido despertou.
- É o que? Boy, eu nem se quer te conheço, nunca te vi e você não tem o mínimo de respeito pela minha dor, tu parece aqueles bonecos que só aparece em épocas de carnaval e diz ter a solução pra mim? Pare por favor. Disse e respirou fundo tomado pela raiva.
O desconhecido sorriu de canto com sarcasmo ao ouvir todo discurso que Mikael proferiu para que se retirasse, porém aquela tática não funcionou muito... Ele se pós frente a frente e estendeu a mão para quem tinha acabado te praticamente lhe expulsar.
- Vamos lá, aperte rapaz.  Disse ele com um sorriso no rosto.
Dona Maitê deduziu que as intenções eram boas pois tinha um instinto intuitivo muito forte, então, discretamente ela o cutucou com seu cotovelo tentando o encorajar, ele a olhou meio descontente e estendeu sua mão apertando forte.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 24, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora