Atlanta City

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Kyra Mackenzie - Atlanta, Georgia - 26/01/2015 - apartament - 13:08 PM

Diga-me chica, como andas aí em Atlanta? – a mulher mais importante do mundo para mim tinha seus olhos cansados cheios de lágrimas, atrás de si, os oito pivetes olhavam curiosos, porém sorrindo, todos sujos pois provavelmente estavam brincando antes de eu ter ligado, mesmo que estivessem na sala, podia ouvir os gritos das crianças nas ruas, e aquilo apertava meu coração, pois parecia que ontem, eu estava brincando na rua toda ralada.

— Yo voy bien mamá, sinto saudades de ustedes, más, voy muy bien. Acho que estou a me acostumar com toda esta barulheira, poluição, grosseria. — mesmo que aquilo fosse exaustivo, mantive um sorriso sincero em meu rosto. Era inesplicavel o quão bem eu me sentia ao conversar com ela, mesmo que fosse por uma chamada de Face Time, só de ouvir sua doce voz, meu coração já de enchia de alegria.

Fazia-se apenas alguns meses em que eu havia chegado na tão famosa Atlanta, mesmo assim, não conhecia nada da mesma. Desde que cheguei, me esforcei apenas em meus dois trabalhos, e na faculdade, afinal minha família dependia de mim. Ainda é muito bizarro tudo isso, eu cresci em Havana, em uma pequena vila em que todo mundo conhece todo mundo, e chegar aqui em Atlanta, uma cidade muito morderna, lotada, fria, foi uma mudança drásticas. E as vezes eu acho que não estava totalmente pronta para essa mudança louca.

Algún chico mexeu con usted? Se mexeu, Diga-me que irei aí resolver isto no soco! — a ameaça de meu irmão Beto, que só tinha 16 anos, me arrancou uma boa risada qual fez minhas bochechas doerem — Kyra! Estoy a falar sério!

– Su asno! Yo soy la mais Velha, no venhas tirar satisfação con yo! Me respeite! E no, nem un chico mexeu comigo, até porque no estoy aqui por macho, estoy aquí para sustentar usted!  — como sempre, abaixei a bolinha dele de imediato. Meus irmãos tinham o forte costume de serem possessivos, por ter puxado meu pai, mais eu não permitia isso, de jeito nem um.

Su madrinha disseste que mandou-a algumas roupas. Aceitou?

Minha madrinha, ou minha mãe pois a via como uma, era uma mulher independente, filha caçula entre 5 irmãs a única na família que tinha dado certo. Ela era meu espelho, desde menina sonho em ser como ela. Sigo seus passos com todo orgulho, seus ensinamentos são mantros para mim, e sabia que um dia iria ser como ela. Titia já havia se casado diversas vezes, apenas com homens de negócios, homens ricos e poderosos, coisa que eu também sonhava. Se hoje eu sou quem eu sou, é tudo graças a Kim Kardashian.

— Si! Dios mama, achas que soy burra? Las roupas que mi madrinha mandou são perfectas! Todas tienen mi medida, combinam com mi cuerpo, e deixam qualquer una morta de inveja! – um sorriso se plantou em meu rosto, me orgulhava de causar inveja em outras mulheres, era muito bom vê-las sussurrando entre si enquanto me olhavam desesperadas

Desesperadas para ser como eu.

— Aliás — continuei — Las roupas que uso são de marcas muy caras,  no tengo condiciones de pagar cosas dessas. Mi salario em la empresa es muy baixo, pois tengo que pagar boa aparte de los estudios, e las contás.

Pelo menos la tia lhe deu un apartamento novinho — afirmei com a cabeça com as palavras de meu irmão Joan

— Si! Mais las contás são muy caras, e mio salário tanto na empresa quando em lo restaurante no sao suficientes. Por falar en empresa, necessito ir. Desejem-me sorte, mio patrón chegas hoje de viagem.

Buena suerte chica! — gritaram todos acenando com as mãos, sorrindo grande.

– Os quiero

Assim que falei que os amava, mandei beijo no ar e encerrei a chamada. Soltei um pequeno suspiro então correndo para meu closet, pois estava bem atrasada por sinal, e bom, ainda não tinha feito nada. Minha roupa, um vestido de frio branco, com um decote em V, curto, uma calcinha minúscula de mesma cor, já estavam separadas desde ontem, vesti tudo colocando o salto em seguida e fui fazer o resto. Quase não fiz nada de maquiagem, dei só uma arrumada em meu cabelo, peguei minha bolsa, chaves e saí correndo do apartamento.

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