Prologue

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Draco

- Meu bem? - Ouvi a voz de Narcissa me chamar, mas não a olhei, preferindo ignorar aquele olhar piedoso ao qual ela sempre dirigia a mim.

Virei mais uma página do livro de ficção científica, preferindo me focar na leitura e ignorar a presença da mulher, que eu tinha certeza que ainda continuava parada ali.

- Filho? - Me chamou novamente. Respirei fundo para conter a irritação que aquela voz melosa me trazia.

- O quê? - Perguntei ríspido, marcando a página em que estava e fechando o livro. O coloquei sobre minha escrivaninha e a olhei, vendo que estava praticamente embrulhada em algo que nunca deveria ter saído do papel, mas que agora se chamava vestido, ou qualquer coisa do gênero. Piruas ricas e seu clichê de falta de senso de moda.

- As obras do elevador terminaram, o que acha de almoçar hoje conosco à mesa e ainda testar o novo elevador? - Perguntou, um falso tom de animação se fazendo presente em sua voz.

Ela ainda se esforçava para tentar me fazer feliz, pelo menos. Suspirei, minha mãe estava ali, tentando me ajudar e eu, como sempre, descontando toda a minha raiva e frustração nela.

- Eu não me sinto confortável em sair do quarto. - Confessei, odiaria encarar os olhares de julgamento que com certeza meu pai me dirigiria. Aquele olhar de: Eu avisei para não ser irresponsável e blá blá blá.

- Mas nós somos sua família, não deve se sentie desconfortável conosco. Vamos, por favor, Draco. - Senti suas mãos deslizarem sobre meu rosto e me assustei. Mal havia percebido a aproximação dela.

- Tudo bem. - Concordei sem a encarar, olhando em frente, para a paisagem que se estendia por trás dos vidros de minha janela.

- Ótimo! - Dessa vez sua voz havia saído de fato animada. Ouvi-a se afastar e virei a cadeira de rodas elétrica, que eu dirigia com um joystick.

Ela caminhava à minha frente e eu a seguia pela enorme mansão onde morávamos. Os corredores eram longos e possuíam quadros e quadros pelas paredes, com pinturas de homens e mulheres muito pálidos e loiros. A antiga e nobre linhagem Malfoy. A casa onde moramos é muito antiga e vem passando de herdeiro para herdeiro desde o início da Era Abo.

Abo significava Alfa, Beta e Ômega: as três categorias de nossa raça. Somos a evolução dos Homo Sapiens.

Alfas são, em sua maioria, grandes, altos e fortes. Exalavam um cheiro característico para atrair ômegas e possuíam uma mordida que poderia os atar a nós, ômegas, vulgo minha categoria. Essa mordida serve para unir a alma do alfa à do ômega, os tornando um só. Não fisicamente, é claro. É algo espiritual e mágico.

Ômegas, em sua maioria, são delicados, possuem a capacidade de gerar um bebê, tanto os ômegas do sexo masculino quanto os do sexo feminino. Possuem um cheiro característico para atrair alfas ou acalmá-los.

Alfas e ômegas possuem cios, uma época onde ficam sedentos e necessitados por sexo. Geralmente acontecem de seis em seis meses em alfas e de três em três meses em ômegas. O tempo de duração costuma ser o mesmo para os dois gêneros, de três a sete dias.

Betas não possuem cios, são como os antigos humanos, não possuem nada de cheiro ou mordida. São apenas comuns.

Eu gostaria de ter sido um beta, as coisas parecem tão simples para eles. Principalmente por não possuírem cios, eu particularmente odeio os meus, são doloridos e torturantes. Meus amigos dizem que é porque eu os passo sem um alfa, não que eu seja puritano ou virgem. Nem de longe. Mas acho o cio algo muito particular, principalmente quando esse pode desencadear coisas irreversíveis, como uma mordida ou um bebê.

Smells like teen spirit - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora