Capítulo 2 - Hugo

16 1 0
                                    

Uma semana havia se passado da noite de Natal, e eu estava de volta ao mesmo lugar da última vez.

Aquele dia tinha sido complicado. Primeiro minha mãe conta que a gente não iria mais viajar para o aniversário do meu avô, eu estava esperando por isso desde a última vez, um ano atrás. Depois meu pai ignora qualquer tentativa minha de discutir com ele meu futuro, como se eu fosse uma marionete que ele controlava e estava tentando se rebelar (o que não estava muito longe da verdade). E por último, a galera ontem estava especialmente irritante, e Guilherme tinha viajado as férias inteiras, então eu estava sem uma companhia decente.

Eu nem tinha ficado tão chapado quanto deve ter parecido. Claro que eu tinha pegado o baseado, acendido e tragado. Mas eu tinha feito isso mais para irritar meus pais, não como se eles fossem ver, mas só a ideia de fazer algo que eles recriminam já me bastava.

O problema foi quando eu vi aquela garota. Eu me lembrava de ter conhecido ela em um casamento que teve poucas semanas atrás, ela era filha da noiva, mas depois disso ela havia sumido completamente.

Todo mundo sempre quer que apareça alguém novo na sua vida. É aquele desejo de início de ano por alguém novato. Eu já tinha tido a minha sorte nisso. No meio do semestre, tinha chegado o cara que virou tipo um irmão para mim. Eu esperava todo dia por alguma outra pessoa, que como ele, fosse diferente de todos os outros que eu tinha que conviver.

Por isso que eu fiquei animado ao escutar ela falar no telefone. Eu sei que não é certo escutar a conversa de outras pessoas no telefone, mas eu não consegui evitar. Ela era tão cheia de vida que eu só quis ficar observando um pouco. Mas como, eu não poderia fumar na portaria do lugar para sempre, fui para a quadra de tênis, como eu sempre fazia.

Eu não me orgulhava muito do que aconteceu lá. Eu não era do tipo que fazia coisas que a outra pessoa não queria. Tinham várias outras que queriam, e eu não ia gastar meu tempo sendo babaca por nenhum motivo. Entretanto eu tinha visto algo no olhar dela que me contou que ela também queria. Eu juro que tinha. Agora tudo que eu queria fazer era a ver de novo, em parte para pedir desculpas, mas, principalmente, só para ver ela de novo.

Eu não esperava que ela voltasse para o mesmo lugar da última vez.

Assim que eu cheguei à arquibancada da quadra, eu a avistei em um vestido branco fino de alcinha que teve um efeito que ela provavelmente não imaginava que teria nos outros. Ou imaginava. Porra, eu preciso saber mais dessa garota.

- Por favor, não foge - disse quando sentei ao seu lado, assustando-a um pouco.

- Você tá me seguindo ou algo do tipo? - perguntou com um tom de petulância em sua voz.

- Ah não. Você descobriu. Vou ter que me entregar à polícia - respondi com tanta ironia que um quase sorriso repousou em sua boca, que em retorno, me fez sorrir - Na verdade, eu só estou grato que te encontrei, mesmo. Acho que eu tenho que te pedir desculpas.

- Você acha?

- Me desculpa pelo o que eu fiz naquela noite - pedi - Eu não era muito eu naquele momento, você sabe como que é.

Pela primeira vez, ela me olhou. Quero dizer, realmente me olhou, e eu aproveitei o momento para retribuir o gesto.

Seus olhos eram tão escuros que era impossível distinguir a íris da pupila na luz fraca. Seu cabelo não parecia estar natural, e eu não conseguia dizer se ele era liso ou enrolado, era simplesmente uma junção dos dois que quase me chamava para passar as mãos (coisa que eu não faria, uma vez que eu já fiz merda antes). Sua boca era... convidativa. Caralho. Ela era maravilhosa. Não de uma forma como as outras garotas daqui. Era um tipo de beleza diferente. Ela era como uma obra de arte, que eu queria passar dias estudando e não cansaria de forma alguma.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 17, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

EssênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora