Com um uma sequência de gestos complicados eu, focalizo minha força-pensamento através da realidade e faço brotar de minhas mãos em forma de concha uma pequena e bela rosa, com todas as pétalas rubras e somente uma delas amarela, frustrada por não ter conseguido realizar este simples ritual corretamente coloco a flor de lado. Marcos faz esse ritual parecer tão simples. Como será que ele consegue? Levantando-me do quarto do hotel onde estava hospedada, abri displicentemente o armário onde estavam guardadas minhas roupas, escolhi as roupas confortáveis que sempre uso quando não estou em ocasiões formais, jeans, tênis, blusa branca e jaqueta.
Descendo ao hall do hotel, avisto uma grande sala onde era servido o café da manhã onde uma grande parte dos hóspedes estavam fazendo a sua refeição, sento em uma das mesas e peço café e pão de queijo onde fui prontamente atendida pelo atendente do local, poucos momentos depois de me sentar fui abordada por um homem por volta dos 40 anos, loiro, alto e muito forte, enfurnado em um daqueles ternos caros que somente os muito ricos podem pagar. O homem se aproxima com um sorriso e diz:
- Olá, você se incomoda se eu me sentar aqui?
- Nem um pouco, fique a vontade - respondo com um sorriso.
- Teve uma noite difícil? - Disse o homem reparando nas minhas olheiras
- É, passei a noite acordada trabalhando - Respondo
- Entendo, os dias de hoje exigem muito dos trabalhadores, não é nem um pouco fácil se manter produtivo e pontual da maneira que as empresas exigem. Nem um pouco fácil. - Disse o homem fazendo uma esgar, devo admitir que foi até mesmo um pouco fofo.
- É, tem sido complicado, como você reparou, estou acabada - Termino a frase com um sorriso
- Eu não usaria palavras tão fortes - disse o homem com um sorriso - Prazer eu me chamo Matheus - Disse o homem estendendo a mão
- Elisa - Respondo retribuindo o cumprimento
- Olha, uns amigos meus vão fazer uma reunião hoje à noite, aparentemente você está sozinha, gostaria de saber se você me faria companhia? - Disse Matheus com um sorriso no rosto.
- Eu sinto muito, mas como você pode ver eu estou ocupada com meu trabalho - coloco uma das mãos sobre a sua para passar confiança e com a outra aponto para as minhas olheiras - Se não estivesse tão ocupada eu aceitaria. Olha, aqui, - saco do bolso papel e caneta - toma aqui meu número. Semana que vem o ritmo de trabalho vai diminuir e você me liga ok?
- Você pode ter certeza que eu vou ligar - Diz o homem com um sorriso no rosto
Ambos terminamos de comer mais ou menos na mesma hora e o homem me acompanhou até a porta, me despedi dele com um abraço e fui rumo ao meu destino.
Marcos e até um cara legal, mas é provavelmente um riquinho mimado que não vai sentir falta da carteira e relógio que roubei dele enquanto ele me paquerava e eu fingia que estava interessada. Abri sua carteira e vi um cartão de crédito, 200 dólares e 300 reais, tinha que ser um riquinho mimado mesmo. Que tipo de pessoa anda com tanto dinheiro no bolso? É como se estivesse pedindo pra ser roubado. O cartão é do tipo que usa a assinatura. Ótimo! Não preciso saber nenhuma senha para poder comprar com este pedaço de plástico, somente copiar a assinatura que está na parte traseira do cartão. Coloco o cartão na mão esquerda e recito uns versos a Loki deus da trapaça e passo minha mão direita por cima do cartão e quando completo o movimento e o nome do cartão é alterado para o nome de uma mulher aleatória, repito o mesmo processo e a assinatura no verso também é alterada para uma que eu conheço. Este ainda é um feitiço em progresso tendo em vista que só consigo alterar o cartão para um nome específico, mas vou aprimorá-lo e torná-lo muito mais útil do que já é, podendo alterar os dados impressos no plástico para qualquer nome que eu queira. Passando pela rua da carioca no centro da cidade resolvi ir as compras usando o cartão do amigo Matheus, compro bastante roupas e calçados, todos caríssimos, e saio feliz e contente abarrotada de bolsas, ao término de toda aquela farra, quebro o cartão e jogo ele nos esgotos do Rio de Janeiro.
Depois de alguns minutos de caminhada, chego no lugar no qual eu deveria de ter ido em primeiro lugar, um cebo na rua da Carioca no Rio de Janeiro, passo entre as prateleiras de livros velhos, e encontro um homem lendo um livro em um balcão, ele me encara com olhos verdes por cima de uns óculos um pouco sujos, observa minhas sacolas e dá um sorriso que esconde um pouco de amargura
- Vejo que saiu pras compras mais uma vez - Disse marcos que estava vestindo uma camiseta de uma banda de rock, jeans um pouco surrado e tênis casuais, sua aparência não era nada especial, não destacava-se nem pra beleza quando para a feiúria, tinha cabelos negros e pele clara e aparentava uns 30 e poucos anos.
- É você sabe que não consigo ficar muito tempo sem fazer compras - disse disfarçando um incômodo em minha voz.
- É, eu entendo esse seu ímpeto, afinal fomos casados por 10 anos - disse o homem
- Teriamos sido por mais se você não tivesse me abandonado - Repliquei a ele com um pouquinho de fúria na voz
- É melhor trocarmos de assunto, a que devo o prazer de sua visita? - Perguntou marco
- Vim aqui cobrar o pagamento por aquele assunto que eu resolvi pra você. - Disse o homem
- Você queria o Dom de Baccus não é mesmo? - Marcos disse
- Exatamente, no meu ramo de atuação essa será uma ferramenta muito útil - Disse me sentindo um pouco eufórica
- Ok, Vou fechar a loja nós vamos lá pra trás e vou te ensinar como fazê-lo
- Então vamos - Disse
Os fundos da loja eram exatamente como eu me lembrava, cheio de bugigangas e fetiches para rituais mágicos, dezenas de pequenas coisas para canalizar o seu focus e moldar a realidade a seu bel prazer. Marcos se encaminhou até um odre de água, abriu sua tampa, realizou algumas preces e tacou uma uva lá dentro, instantes depois a uva se dissolveu e toda a água tomou um tom avermelhado passando a virar vinho de excelente qualidade. Ele deve ter alterado em torno de 50 litros de água em vinho. Quanto ele acha que podemos beber sem cair de bêbados?
- Vamos começar, pegue aquelas folhas de gengibre que estão alí - disse o homem
Segui suas instruções sem questionar. Peguei as folhas de gengibre e me coloquei de frente a ele
- Agora você vai mascar a folha de gengibre, convocar bacus, pedir o auxilio dele e imaginar que você está bebendo água, você saberá que o rito funcionou quando o que você estiver bebendo tiver gosto de água. Não se esqueça, canalize a forma pensamento e use o gengibre como condutor do seu poder,
Eu passo as próximas horas tentando realizar o ritual sem sucesso, e bebo muito mais álcool do que gostaria de beber em uma manhã e tarde, até que quase a noite, pela primeira vez eu consigo realizar a façanha, o gosto do vinho é de água, ou o ritual funcionou ou eu estava bêbada demais para sentir o sabor do vinho. Enquanto eu bebia Marcos me acompanhava fumando, horas antes ele colocou umas sementes de Cannabis na mesa, fez umas preces e gestos do qual eu não pude entender e das sementes surgiram diversos cigarros de maconha perfeitamente enrolados e prontos para consumo.
- Então você gastou seu tempo pra criar um ritual pra fazer maconha?- perguntei já um pouco alterada
- Você está bebendo que nem uma louca a tarde inteira e vem falar da minha maconha - disse marcos
- Isso é pelo bem da ciência, é educativo - respondi em meio a uma gargalhada
- ok, continue você está perto de conseguir - disse Marco
- EUREKA CARALHO!!!! - disse eufórica quando consegui beber o vinho com gosto de água
- Muito bem, realmente você conseguiu. Senti a forma pensamento se materealizando daqui, - disse Marcos se levantando - Vamos vou te levar até onde você está dormindo
Marcos me leva pro seu carro, me coloca no banco do carona e eu tenho que me esforçar pra não vomitar no meio do caminho, me sobe pelo elevador do hotel, e me deixa em minha cama. Acordo no dia seguinte morrendo de ressaca e logo que acordo, tomo um banho, vou a feira e compro vinho e gengibre, chego no hotel e tento replicar o ritual, dessa vez com sucesso. Bebidas alcoólicas agora não podem mais me embebedar se eu quiser. Isso com certeza será muito útil.
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A ordem de Lufty
FantasyEsta é uma estória baseada no sistema Trevas sobre os eventos envolvendo uma sociedade secreta.