Capítulo 1

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Ele era tudo que eu desejava ter, mas tinha certeza que ele não seria meu.

Todos os dias era uma suave tortura ver Daniel no escritório e me sentir do jeito que eu sentia quando sabia que ele não correspondia aos meus sentimentos.

Não aconteceram fagulhas quando o conheci, mas agora passava os dias à espera de algum relance do meu chefe. Ele me entrevistou e nos demos bem, mas eu não estava interessada. Daniel era educado, calmo, interessado e bonito de uma forma tradicional, que não chamou minha atenção, mas aos poucos, meu chefe se transformou no meu príncipe de cavalo branco.

Eu o amava e queria o meu felizes para sempre, mas era realista: nunca iria acontecer.

Daniel Charles Blake era de uma outra camada social, onde ele era o sócio dessa grande empresa de investimento enquanto eu, Sabrina Wesley, era apenas a assistente de negócios e braço direito de operações. Ele amava meu cérebro, mas duvidava profundamente que Daniel teria qualquer relação romântica com o resto de mim.

Para dizer a verdade, tinha dúvidas sobre qualquer reação. Tinha dias que ele parecia nem ter alguma noção que eu estava aqui, sentada quase em frente à sua mesa e carente de atenção.

Não foi por falta de tentativa. Nos últimos seis meses, eu me insinuei de todas as formas possíveis: olhares, sorrisos e piscadelas, que Daniel confundiu com uma espécie de alergia e me mandou para casa mais cedo para me cuidar, o que ajudou a curar meu ego ferido porque nem conseguia trabalhar de tanta vergonha. As roupas e as maquiagens também ficaram mais ousadas, mas era um caso perdido, ele não prestava atenção.

A coisa ficou pior quando ele começou a namorar Dana, uma loira executiva com um corpo escultural. Ela era simpática, mas sabia que não era para ele: Dana faria qualquer coisa por seus objetivos, e se isso significasse levar Daniel junto, ela faria.

Quando eles ficaram noivos, decidi que era o momento de partir, e em segredo comecei a procurar empregos. Trabalhar na Blake Consultoria era um sonho, mas ele iria começar a me fazer mal a qualquer momento.

Enquanto isso, eu suspirava pelos cantos por Daniel e sua beleza impecável de cabelos curtos penteados corretos milimetricamente, totalmente o oposto de seu irmão Alex.

Alex...

Só o nome me dava nervoso.

Tão bonito quanto o irmão, ele tinha uma "coisa".

Alexander August Blake, ou apenas Alex, era um par de anos mais velho que Daniel e era tão bonito quanto o irmão, de um jeito bad boy com rosto anguloso. Ele tinha o cabelo mais longo que Daniel, jogado para o lado e uma barba cheia, como um lenhador sexy. Como advogado, ele também estava sempre de terno, o que para o conjunto da obra formava um quadro bonito de se admirar.

Às vezes eu o imaginava com uma roupa mais despojada e me dava água na boca. Alex podia ser lindo em qualquer lugar...

...e Daniel também, me corrigi. Eu não conseguia imaginar Daniel com um cabelo fora do lugar e apenas um par de shorts, mas ele obviamente deveria ser lindo também.

- Bom dia, Sabrina. Alguma coisa hoje? - Daniel me tirou do sonho, passando por mim cordialmente e deixando sua porta aberta. Ele fazia isso todas as manhãs e se transformou em nosso ritual.

- Mandei um e-mail mais cedo com as nossas prioridades.

- Ótimo! Preciso falar sobre uma coisa - ele disse sentando e me esperando sentar na frente dele - Sua captação de novos clientes deu tão certo que vamos tornar isso um novo processo.

- Ok, muito obrigada!

- Alex virá para uma reunião, a partir da semana que vem vocês passam a trabalhar juntos, pelo menos pelas próximas semanas...

- O quê? - Eu gritei. Pigarreando respirei fundo e perguntei, ainda um tom mais alto do que deveria, mas em uma voz mais tranquila - Como disse?

- Eu sei que você e Alex tem uma briguinha, mas os dois são incríveis, juntando forças, teremos resultados ainda melhores.

- Mas Daniel...!

Ele me olhou me fazendo calar e percebi que não teria voz nesse momento.

Não quero trabalhar com Alex porque ele é apenas... ele. E pensava seriamente em só seguir meu plano de pedir demissão e não pensar em mais nada desses malditos irmãos Blake.

Só que eu tinha contas a pagar e precisava engolir meu orgulho.

Pensei em Hannah, minha irmã, e suspirei. Ela era outros dos motivos de eu estar procurando um outro emprego para me afastar em vez de apenas pedir demissão.

Aos 28 anos, descobri que tinha uma irmã, uma com uma personalidade forte, um problema grave na perna e uma extensa história médica por uma série de "acidentes" que aconteceram no orfanato que ela morou. Sendo criada pela minha avó, nunca soube que tinha uma irmã três anos mais nova até que ela apareceu na minha porta há um pouco mais de um ano apenas dizendo:

- Oi, acho que você é minha irmã.

Nós tínhamos o mesmo cabelo castanhos e os olhos marrons, mas ela tinha olhos brilhantes e grandes e um corpo muito melhor do que o meu, com uma cintura fina e grandes pernas de modelo. Ela me falou que finalmente teve acesso aos seus documentos do orfanato e graças a eles chegou até o nome da minha mãe, que a levou até vovó, o que a trouxe até mim. Eu pensava em quão frustrante deveria ter sido, descobrindo que elas já tinham morrido e já não existia quem pudesse contar como ela foi parar no orfanato.

Nós fizemos exames de DNA apesar de quão parecida nós éramos e depois Hannah estava disposta a ir embora para Miami, onde ela vivia atualmente como uma escritora. Ela usou todas as suas lembranças para escrever sobre as experiências da infância, e cada vez que eu lia, chorava pelo que aconteceu.

Apesar de bem-sucedida, Hannah não ganhava montantes de dinheiro. Por seu trabalho, ela decidiu morar perto de mim, sua única família, e então me fez uma proposta há três meses: Hannah queria se mudar comigo para fazer uma cirurgia corretiva em sua perna para poder voltar a andar corretamente.

Minha irmã contou certa vez que durante uma das sessões de agressão no orfanato, ela quebrou a perna em quatro lugares e chorou para levá-la para o hospital, mas ela estava de castigo, disse a cuidadora, e não poderia sair nem para isso. Dois dias depois, ela tinha desmaiado de dor e tinha uma febre gigante pela infecção, então com medo de ser acusada de homicídio, a mulher a levou para o hospital.

Mildred foi presa por maus tratos e Hannah foi operada, mas apesar do esforço, o tecido estava infeccionado e o ossos lacerou alguns nervos permanentemente depois das horas sem socorro. Como resultado, ela mancava suavemente, não podia correr nem usar sapatos altos e tinha a perna deformada, o que ela morria de vergonha. Em dias de cansaço ou de esforço por muitas horas, ela não aguentava o próprio peso e usava bengala.

Hannah conheceu a doutora Andy quando fazia trabalho humanitário no hospital infantil e ouviu sobre essa nova cirurgia que poderia recuperar 90% de seus nervos e dar a ela uma vida mais normal. Apesar dela não falar, sabia que minha irmã sentia dores horríveis pelo jeito que ela costumava esfregar a perna durante a noite ou sobre a forma que ela gemia durante o sono.

Eu queria ajudá-la, mesmo que Hannah não quisesse. Ela era minha irmã, e se tivesse que aguentar Alex para conseguir isso, eu faria.

O Homem dos Meus Sonhos - (AMOSTRA GRÁTIS)Onde histórias criam vida. Descubra agora