A maldição da loba

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A luz da lua alcança as montanhas, e de lá desce a loba branca de olhos azuis, ela procura vingança, vingança áqueles que tiraram sua alcatéia, sua prole, sua família.
Homens a caçam a anos por ser um animal tão raro e belo, querem sujar seu pelo com seu próprio sangue, arrancar sua pele para a decoração de alguma casa ou para alguma vestimenta de uma mulher rica, como fizeram com seu grupo. O homem almeja a beleza que não pode ter, o ser humano caça aquilo que lhe é bonito aos olhos, aquilo que não clama por atenção, mas que a tem mesmo assim.
E então a loba desce até o vilarejo onde está o líder dos caçadores, ela desfila por entre as casas, se camuflando no branco da neve, ninguém a vê, porém, ela vê todos, sente seus medos, pois aquele era dia de lua cheia, e a Vargulf estava a solta.
Ela vai direto para a casa do líder, adentra e vê lá a bela esposa do caçador, sua bela filha, igualmente branca de olhos azuis como a loba, sabia que não era dele, foi roubada de uma mãe em desespero, uma mãe que chorou por dias esperando a hora da caçada.
O caçador diz para elas se esconderem, pega um machado e corre para cima da loba, ela se esquiva com um salto, desvia de uma segunda machadada e morde a perna esquerda do caçador, sentindo seu sangue adentrar sua boca. O homem cai, sentindo uma grande dor, ele olha pra cima e vê a loba sobre seu corpo, vê sua raiva, e então um som ensurdecedor emerge, a loba voa batendo de costas na parede, sangrando e grunhindo, novamente chorando em desespero como dias atrás...
Então a mulher do caçador aparece com a menina em suas costas e uma espingarda nas mãos, tremendo, querendo proteger aquilo que adquirira de tão belo, aquilo que esperou tanto para ter mas que não podia pois a fertilidade lhe faltava, uma filha. O caçador a olha, não vê mais sua esposa, vê uma mãe. E onde a loba estava, agora se encontra uma mulher linda, branca de olhos azuis como a criança que ele achara na mata.
A mulher que momentos antes era uma loba fala suas últimas palavras “cuide bem da minha lobinha”. O homem então começa a chorar, olha para sua mulher e ela começa a se transformar, não era mais sua esposa, era uma protetora, uma loba. Então ela o olha, o saúda, e sai com a menininha em suas costas, como mãe e filha. Ele chora, chora como uma criança, lembra do mal que fez áquela mulher naquela floresta, e a seu bando, chora pois sabe que não verá mais sua esposa e nem a criança, chora pois perdeu tudo o que amava.
Homens almejam a beleza que não podem ter, querem domina-la, ter ela para si, mas não são dignos, são coisas vís, estragam tudo o que tocam, e a beleza rara definha em suas mãos.

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⏰ Última atualização: Feb 23, 2018 ⏰

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