Yanna Nikiforov

Os tempos mudam!

   Cheguei tarde do treino como sempre! Abri a porta de casa, e pareceu-me ver alguém sentado na poltrona principal da sala. Era Viktor! O que para mim foi uma surpresa, pois nos últimos tempos ele não tem ficado cá em casa.

     "Olá... queres que eu te prepare alguma coisa... ou assim?" disse tentando ser prestável.

     "Não é preciso. O que estás a fazer aqui?" eu estava confusa, o que era assim tão importante ao ponto de ele aparecer...

     "Tenho algo para te dizer... é importante!" eu olhei-o seriamente "Eu... eu...." ele não terminou a frase e desatou a chorar.

     Eu reconfortei-o num longo abraço, até este  se debruçar de cabeça nos joelhos, soltou um grunhido abafado, suspirou, e voltou a cabeça para mim. Os seus olhos lacrimejantes fitavam-me. Ganhou alguma coragem e disse.

     "Bem... tu sabes que eu e o Yuuri estamos juntos há algum tempo... e a distância nunca nos separou mas... eu estou a pensar passar os próximos 6 meses com ele em Hasetsu... não te importas?"

   Uma lágrima caiu da minha face,  eu sentia um grande aperto no meu coração como se uma corda o apertasse até rebentar, eu não sabia que sentimento era aquele. Viktor preocupado passou a mão suavemente pelas minhas costas. Eu afastei-a.

     "Tu não compreendes pois não?" a minha boca começou a disparar palavras atrás de palavras, eu estava descontrolada "Tu estás diferente Viktor!" ele olhou para mim confuso, por o chamar pelo nome, e não pela alcunha. "Desapareces durante uma semana e quando voltas dizes que vais para o meio de nenhures para reencontrares a tua princesa perdida. Faço tudo sozinha! Lavo a roupa que espalhas pelo teu quarto, lavo a loiça que deixas na sala, limpo a casa, faço as compras, e no final de tudo, nunca me agradeceste..." caem mais algumas lágrimas dos meus olhos "Antes dos pais terem ido viver para a Holanda, eles pediram que tu cuidasses de mim, e mais uma vez provaste-lhes o contrário. Por isso se quiseres ir vai...de qualquer forma já estava sozinha!" ao encara-lo, sinto-me arrependida do que disse.

     "Eu não sabia que te sentias assim... porque nunca me contaste?" Viktor pega a minha mão "Afinal de contas sou o teu irmão mais velho!" ele tenta esboçar um sorriso, mas fracassa.

      "Como querias que te contasse se nem estavas em casa?" a minha pergunta inunda o pequeno apartamento de um profundo silêncio. Mas não tardou muito a responder.

     "Eu sei que não tenho estado presente quando precisaste de mim, mas eu tenho alguém que precisa ainda mais de mim... Yanna tu sabes que sim..." ele aperta fortemente a minha mão.

   Eu sabia, mas eu gostava demasiado dele para o ver ir embora. Na verdade eu só queria que ele fosse feliz... e por mais que custasse... se aquilo o fazia feliz eu tinha de o deixar ser livre para poder voar com as próprias asas...

     "Se ir ter com o amor da tua vida te faz feliz.... acho que devias ir!" eu falsifiquei um sorriso, que pelos vistos comoveu Viktor. Este abraça-me. Eu mal consigo respirar, mas não me importo, retribuindo-lhe o gesto de volta.

     "Obrigada, prometo que um dia irei voltar, e lembra-te que não estás sozinha, tens o Yurio." desta vez o seu sorriso é genuíno.

     "Quando é o voo?" eu estava curiosa.

    "É DAQUI A 2 HORAS!" desata a correr para ir buscar a mala ao quarto "Eu tenho de estar lá 1 hora e meia antes, e se estiver trânsito eu demoro 1 hora a chegar ao aeroporto" este corre até à porta e eu vou atrás.

   Em menos de 50 minutos chegamos ao local. Eu olho para o meu irmão, e este abraça-me.

     "Eu vou estar aqui à tua espera! Eu prometo..." paro e reparo que Viktor está a chorar tanto que é capaz de formar uma poça.