Aquelas caixas velhas estavam ali naquele sótão empoeirado havia gerações. Minha família sempre teve esse hábito de guardar velharias.
Jessie e eu estávamos lá desde a manhã, vendo o conteúdo das caixas, como um passatempo naquele interminável e quente dia de verão.
A poeira cobria os móveis antigos. Cada passo pelo arcaico assoalho de peroba causava um som agudo e irritante, devido a madeira já estar se deteriorando.
Haviam caixas com todo tipo de coisa, desde roupas de meus tataravós até quinquilharias de minha infância. Abrí-las e ver seu conteúdo era como uma viagem nostálgica pelo passado de minha família.
— Aparentemente esse lugar não vê um espanador desde a primeira guerra! — Jessie passou seu dedo pelo soalho empoeirado, observando a esqualidez do lugar.
— Você pensa que eu nunca tentei convencer meus pais de jogar um pouco dessas tralhas fora? — observava a bola com que jogava quando tinha uns 9 anos, o que me fazia compreender um pouco do motivo pelo qual meus pais não se livravam de nada daquilo.
— Poderiam inaugurar um museu! — Jessie pegou a bola toda remendada de minhas mãos, a observou, e em seguida a jogou em meio as caixas.
A bola acertou uma pequena caixa, que caiu da enorme pilha e deixou os envelopes amarelados caírem de seu interior e se espalharem pelo chão.
Um dos envelopes caiu perto de mim, que curiosamente o apanhei.
— Um convite, de Johny Clown. Este nome me parece familiar. — tentei me lembrar de onde conhecia aquele nome, mas foi inútil, realmente não me lembrava.
O envelope amarelado devia estar ali por pelo menos uns quarenta anos, analisando seu estado de deterioração.
— Johny Clown! Também me lembra algo, vou pesquisar e depois te conto. — Jessie foi embora, descendo as escadas do sótão e voltando para sua casa, que era ao lado da nossa.
Estava vidrado naquele envelope, que me causava uma estranha sensação. Abri-o levemente e puxei o convite de seu interior.
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Olá ilustre convidado!
Considere-se uma pessoa de sorte, pois foi escolhido para participar da Segunda Grande Festa da Mansão Halkleff.Não esqueça da fantasia, ela é obrigatória, assim como foi na Primeira Grande Festa!
Tens direito a trazer um (a) acompanhante.
A festa será no dia 29 de fevereiro de 1964, pontualmente às 20:30.
Atenciosamente, Johny Clown.
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— Seu avô evitava falar sobre ele!
Minha mãe entrou no sótão, me fazendo olhar diretamente para ela, surpreso. Não havia percebido sua entrada.
— Ele?
— Sim. Johny. — ela parecia supresa por observar o quão eu estava vidrado naquele convite.
— Quem foi ele?
— Apenas um velho rabujento e perfeccionista. Vim lhe avisar que preparei biscoitos, estão sobre a mesa. — ela desceu as escadas ainda com aquele olhar de surpresa com qual me observava, então sorriu, movendo a cabeça de um lado ao outro, ignorando a situação.
— 29 de fevereiro. Então hoje é o aniversário de 54 anos da festa. Curioso. — coloquei o convite novamente no envelope, e saí dali.
Estava lendo um gibi em meu quarto, iluminado apenas pela oscilante luz de meu abajur, foi quando ouvi o longínquo som da campainha que vinha da sala de estar. Sabia que era Jessie, então me levantei às pressas para atendê-la, tropeçando nas peças de roupas sujas que estavam pelo chão. Peguei o convite empoeirado e me dirigi até ela, curioso para saber o que ela havia descoberto sobre Johny.
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Ilustre
Short Story2º Lugar no Desafio Terror Carnival - Terror LP Até onde a curiosidade pode levar alguém? Mas como diz aquele velho ditado "A curiosidade é maior que o medo", nesta noite animada e misteriosamente horripilante, te convido a participar de uma aventur...