CAPÍTULO 1 - CARTA

131 7 2
                                    


"Sabe mamãe, não é tão fácil como você pensa! 

Uma divindade não vai conseguir tirar de mim o que sinto por ela. Não vai!

Vocês me deram todos os motivos para acreditar que Jesus me odeia, mas Ele odeia o pecado, e sinto te informar: você também peca! Julgar o que sinto, é um pecado! Me fazer querer mudar algo tão lindo a ponto de ser as suas ameças de falar que não sou normal, é um pecado! Sabe por quê? Em um dia eu penso 23 vezes em me suicidar e quando estou com ela penso 30 vezes o quão linda a vida pode ser!

Não sei como ela está e sei também que eu nem deveria ter feito o que fiz. Se algo acontecer com ela não sei o que vai ser de mim, mas vê-la longe de nós vai ser a pior coisa que pode me ocorrer. 

Aquele beijo foi o nosso melhor beijo.

Nós duas estávamos felizes, e a cada metro quadrado daquele lugar havia pessoas que amamos. Ela estava feliz, eu via isso em seu olhar. A felicidade dela é tudo o que tenho.

Diga ao papai que eu o amo. Que ele foi o melhor pai do mundo e nunca me faltou nada! Se puder fale ao Isak que ele é meu orgulho e gostaria de estar viva para vê-lo feliz por mais dias. 

Você, mamãe, saiba que eu te amo! Mas a culpa que sinto pelo que fiz, o meu olhar o dela pelo beijo dado em uma ocasião equivocada. Não deveria ser assim.

Mas saiba: isso que você me gera não é amor. 

Amor é procurar entender. Aceitar e lidar com a diferença de que terei alguns traços do papai e talvez, alguns seus, mas que por dentro e por fora ainda serei eu. É procurar estudar quando uma filha diz ser lésbica, porque antes disso já me culpei diversas vezes até achar coragem para falar. Achei essa coragem no amor; dos meus amigos, da minha namorada e do Isak. Achei amor também em mim, porque queria ser ao menos, feliz.

Estarei torcendo por vocês daqui de cima. 

Eu espero que seja você a me encontrar caída no banheiro.

O meu eterno amor por vocês,
Eva Mohn."

(Nós)ssa última noite!Where stories live. Discover now