Um Ser de Outro Mundo - Kim Taehyung Imagine

Um Ser De Outro Mundo

S/n - Faz um tempo que eu queria te entregar isso e...

V - Não, essa cara tá horrível. Você tem que inspirar confiança e não dar a impressão de que sua carta é um lixo.

Estávamos eu e Kim Taehyung no meu quarto, eu treinando a minha fala e ele me ajudando a melhora-la. Fazia horas que a gente treinava e nunca saia perfeito, e aí que estava o problema: não tinha outra opção, tinha que ser perfeito.

Quando você gosta do garoto mais popular da escola, aquele que tem tudo o que quer e que todas as meninas ficam babando quando ele passa, você não pode simplesmente chegar, entregar uma carta de qualquer jeito e falar de qualquer jeito para se declarar. Tem que ser perfeito.

Mas nunca saía perfeito.

S/n - Ah, cansei!

V - Você não pode cansar.

S/n - Posso sim. Que tal fazermos uma parada para o lanche?

V - O que é lanche?

S/n - Ah, as vezes eu esqueço que você não é humano.

Olhei para Tae, que estava esperando uma explicação sobre o que é lanche, mas naquele momento eu até me esqueci do que a gente estava falando. Olhei para o rosto dele, tão magro comparado ao que estava antes, de quando a gente se conheceu.

Por um instante viajei para o passado, buscando inconscientemente nas minhas memórias aquele mesmo alienígena, quando o vi pela primeira vez.

~  Um mês atrás ~

Acordei antes do despertador tocar, por incrível que pareça. Eu sempre amei dormir, era a minha atividade preferida, mas naquele dia em especial a ideia de ficar deitada na cama por um segundo a mais sequer já me dava agonia.

Aquele ia ser o meu dia e nada poderia estragar. Nem olhei o horário, levantei e já fui me arrumando, coloquei uniforme, arrumei meu cabelo, passei perfume. Quando comecei a arrumar minha mochila o despertador tocou e aí que eu fui ver que eu tava realmente muito adiantada.

Dava tempo de eu tomar café sossegada e eu até faria isso se não estivesse ansiosa do jeito que estava. Comi qualquer coisa que vi, sem prestar muita atenção no que estava colocando na boca, isso porque minha cabeça estava lá longe.

Eu não parava de pensar desde que acordei, no que estava me aguardando aquela manhã no colégio. Era o primeiro dia de aula, e eu passara o ano passado inteiro sonhando com esse dia, o dia que eu tinha marcado para entregar a minha carta.

Ou pelo menos era esse o plano. Era, antes daquele ser aparecer. Quando eu terminei de comer fui no banheiro escovar os dentes, e foi aí que ele apareceu. Dormindo em cima da minha escova de dentes estava uma criatura pequenininha, como se fosse um bonequinho miniatura.

Levei o maior susto e só não gritei porque na hora achei que era uma das brincadeiras bobas do meu sobrinho. Meus pais haviam morrido há dois anos atrás e eu passara a morar com a minha irmã e o filhinho pequeno dela. Na época ele só tinha três anos, mas agora o menino já aprontava um monte com os cinco aninhos de criança atentada dele.

S/n - Deve ser coisa do Jungkook - falei enquanto revirava os olhos, pensando no meu sobrinho.

Normalmente eu iria até o quarto dele e o acordaria para brigar com ele por ficar fazendo essas brincadeiras bobas, mas como eu disse, nada estragaria aquele dia.

Peguei o bonequinho, enquanto pensava "nossa que realista, parece até de verdade, onde será que Jungkook arranjou ele?", imediatamente a criatura se mexeu, abriu os olhos, bocejou e falou "quem é você?".

Não sei como minha irmã não acordou com o grito que eu dei, ela realmente tem um sono muito pesado. Jungkook deve ter acordado pois tem o sono leve, mas provavelmente achou que eu estava fazendo drama por causa de uma barata e nem foi ver o que era, voltou a dormir.

Soltei a criatura na hora, surpresa, enquanto gritava.

V - Dá pra parar de gritar? Sua voz é muito alta para os meus ouvidos pequenos.

Fiquei muda e não sabia o que dizer, afinal eu acabava de ouvir uma criatura do tamanho de um chiclete falando comigo depois de ter dormido na minha escova de dente.

V - Não sei se você escutou, mas eu perguntei quem é você.

S/n - Quem é você?

V - Eu sou Kim Taehyung, do planeta BigHit. Mas pode me chamar de V ou Tae. Sua vez, quem é você?

Fiquei paralisada por um tempo até que consegui coragem para falar.

S/n - Meu nome é S/n e essa é a minha casa e você está nela sem ser convidado.

V - Ah é sua casa? Entendi. É bem bonita. - ele disse analisando o banheiro.

S/n - Acho que já tá na hora de você ir embora, anãozinho. - falei sem paciência.

V - Ah, nossa, eu jurava que o povo da Terra ia ser mais receptivo. Poxa vida, eu não fiz nada para você me expulsar!

S/n - Escuta aqui, se você for uma brincadeira boba do Jungkook eu vou te jogar pela janela.

V - O que é Jungkook?

Revirei os olhos, peguei o tal de Taehyung e o joguei no lixo.

V - Ei o que você pensa que tá fazendo? Esse lugar tem um cheiro péssimo! É assim que você trata as visitas?

S/n - Não, é assim que eu trato intrusos.

Então Taehyung começou a crescer do nada, eu só fiquei olhando surpresa. Quando vi ele estava do tamanho de uma pessoa normal, mais ou menos uma cabeça maior que eu.

V - Ah, é bem melhor assim, desse jeito não tem como você me jogar nesse... Sei lá o que é isso - ele apontou para o lixo.

Eu ia gritar de novo, mas Taehyung tapou a minha boca e só destapou quando teve certeza de que eu não ia mais gritar.

V - É o seguinte, eu não sou desse planeta, caso você não tenha se tocado ainda. E eu tô preso aqui, no seu mundo e consequentemente na sua vida até eu reconquistar meu título de cidadão do planeta BigHit, que eu perdi por... Algumas situações. Então ou você me ajuda a voltar pro meu planeta ou eu fico aqui para sempre te atormentando, você que sabe.

Fiquei alguns minutos processando o que eu acabara de ouvir e acabei assentindo. Taehyung deu um sorriso quadrado, disse um "obrigado" enquanto se curvava e saiu pela casa mexendo em tudo e "conhecendo os objetos da Terra".

Eu comecei a explicar como funcionava algumas coisas e tirei um monte de coisas quebráveis da mão dele, quem sabe o que um alienígena faria com o vaso de vidro preferido da minha irmã.

Quando minha irmã acordou Taehyung voltou ao seu tamanho normal e se escondeu em algum lugar do meu quarto.

Quando cheguei à escola até esqueci de entregar a carta.